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ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Crescimento de dois dígitos ainda é positivo para a indústria automotiva

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Imagem: Divulgação

Colunista do UOL*

12/07/2021 12h51

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As sucessivas paralisações da produção de veículos no Brasil em mais este ano pandêmico afetaram o desempenho aguardado para 2021. Já era esperado uma redução das vendas, principalmente pela incapacidade das fabricantes terminarem os veículos, que dependem dos semicondutores - item em falta na prateleira global de componentes - para irem às ruas.

A falta de consumidores e o desemprego continuaram sendo um problemão, além do fechamento necessário de atividades comerciais, como as revendas, para conter o avanço da contaminação em alguns momentos. Mas o que se desenhava como um desastre nas últimas semanas pode acabar com um desempenho não tão ruim assim.

A Anfavea, dessa vez, foi mais ágil e em julho revisou suas projeções, que são a bússola da cadeia automotiva para ajustar a programação de produção e as estratégias de negócios dos próximos meses. Também demonstrou maior otimismo que a Fenabrave confirmando que, apesar de todas as dificuldades, existe uma demanda adormecida.

Algumas pesquisas demonstram que há um compasso de espera por parte do consumidor para trocar de carro ou mesmo adquirir o seu primeiro veículo. Na próxima segunda-feira, 12, no Seminário Revisão das Perspectivas 2021, realizado por AutoData, vamos conhecer uma delas: a segunda enquete da consultoria Route Automotive com jovens de 18 a 24 anos.

Dentre os mais variados insights sobre esse público consumidor esta pesquisa aponta um aumento da intenção de compra de um veículo 0km, para 47,9% ante os 36% que responderam em 2019 a mesma questão.

Este é um exemplo que traz otimismo para o futuro, ou seja, a partir de 2022, mas que também contribui para sustentar a expectativa das vendas crescerem de 11,6% a 13% segundo as projeções atuais de Fenabrave e Anfavea, respectivamente.

A diferença entre as duas é que enquanto a Anfavea espera uma redução de 47 mil unidades com relação a sua projeção do início do ano, a Fenabrave, que está na ponta, na linha de frente do negócio, enxerga uma dificuldade maior e um volume de quase 91 mil veículos que deixarão de ser negociados em 2021.

Esta redução está concentrada na venda de automóveis, basicamente pela falta de semicondutores para abastecer as linhas de montagem. Já em segmentos como o de comerciais leves e caminhões a expectativa é que sejam feitos mais negócios no segundo semestre.

"Em comerciais leves a projeção subiu de 400 mil para 450 mil unidades, em caminhões de 101 mil para 122 mil veículos", explicou Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, enfatizando o bom momento do agronegócio e do e-commerce, este impulsionado pela pandemia.

Até as exportações tiveram um bom desempenho no primeiro trimestre, o que motivou o prognóstico de embarque de 389 mil unidades, ante 353 mil do começo do ano. O crescimento passou de 9% para 20%. Por causa dessa surpresa com as exportações que a redução do número de veículos é maior na projeção da Fenabrave: a entidade não contabiliza os modelos vendidos em outros países.

Diante de tanta coisa ruim que vem acontecendo neste 2021 e da confirmação dos números esperados para a indústria e os mercados automotivos até o fim do ano é possível visualizar um 2022 bastante promissor. Isso se a inflação, a taxa de juros, o desemprego, a política e a covid-19 não atrapalharem. Mais uma vez.

SUVs X Hatches. O que já era esperado tornou-se realidade: os SUVs superaram os hatches na preferência do consumidor brasileiro. Eles representaram 39,4% dos emplacamentos de automóveis de janeiro a junho, ante 39% dos hatches, segundo a Anfavea.

Acelerado. A liderança veio rápido: no primeiro semestre do ano passado os hatches representaram 44% dos licenciamentos e os SUVs 30%.

Falta hatch. A maior oferta de SUVs, aliada à própria estratégia das montadoras de priorizar modelos de maior valor agregado durante a crise dos semicondutores, contribuiu para essa reversão. Há outro fator importante: o hatch Chevrolet Onix, veículo mais vendido do Brasil, não está sendo produzido desde abril, também por causa da dificuldade no fornecimento de componentes.

Falta carro. A crise de abastecimento vem afetando, também, os estoques, que fecharam o mês passado em nível suficiente para abastecer apenas quinze dias de vendas, com 93 mil unidades.

Vendas. Em junho foram comercializados 182,5 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, volume 3,3% inferior a maio e 37,4% acima de junho do ano passado.

* Colaboraram André Barros e Vicente Alessi, filho