Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Indústria automotiva brasileira pode ter mais um semestre perdido
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A curva de recuperação do mercado brasileiro de veículos sofreu uma inflexão no primeiro bimestre, por diversas razões que trataremos adiante.
O fato é que, em fevereiro, foram licenciados 171,2 mil veículos leves, o pior resultado desde junho do ano passado, quando o efeito da covid-19 era mais sentido pelas concessionárias, segundo a Fenabrave. Misturando esse cenário com a situação atual da pandemia e os fracos sinais da economia, a sensação dos líderes do setor é de que o primeiro semestre pode estar comprometido.
Ainda há muita incerteza no horizonte mas, por enquanto, a leitura é a de que haverá, mesmo que em menor gravidade diante da quase paralisação dos negócios há um ano, efeitos nocivos à tão sonhada recuperação das vendas automotivas imaginada em outubro, novembro.
Não apenas as medidas de restrição de circulação e de abertura do comércio, que se intensificam a partir de sábado no Estado de São Paulo, quebram o fluxo, o ritmo de vendas das lojas. Os varejistas apontam a demora na entrega de veículos por causa do descompasso na cadeia de fornecimento.
Reclamam que consistentemente o cliente tem se afastado das concessionárias por causa da piora da crise sanitária. E recentemente partiram para o confronto com o governo, como o de São Paulo, que elevou impostos.
Como se tudo isso tudo não bastasse há a urgente necessidade de restringir ainda mais o funcionamento do comércio para evitar o colapso no sistema de saúde em quase todo o País.
O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros afirmou, em live promovida pela Becomex, que a tendência é de queda no PIB nos primeiros dois trimestres de 2021, na casa de 1,5% a 2%, com recuperação rápida a partir da segunda metade do ano. Mas ressaltou com veemência que o segundo semestre depende, muito, da velocidade da vacinação.
De seu lado a indústria automotiva pode levar alguma vantagem com a redução na velocidade de recuperação das vendas. Impossibilitada de responder à demanda atual do mercado pela falta de peças, agora concentrada nos semicondutores, a indústria precisa aumentar os custos para não deixar de atender aos clientes.
A Nissan, por exemplo, lançou mão de transporte de peças via helicóptero para evitar a paralisação das linhas de Resende (RJ). Com a demanda adormecida pelo pesadelo pandêmico estes custos elevados deixam de ser necessários. E ganha-se tempo para resolver todos os problemas de desabastecimento dessa imensa cadeia de autopeças, sistemistas e montadoras.
Executivos comentam que a produção voltará ao normal só a partir do segundo semestre. Quando a demanda deverá voltar, também, de acordo com os economistas. Por isso a tendência é ocorrer, em menor escala do que em 2020, movimentos de férias coletivas e layoffs nas fábricas nas próximas semanas.
Essa possível redução do efetivo colocaria a produção nos trilhos, ajustando o ritmo das linhas ao que existe de peças disponíveis na indústria. Em um segundo momento, para adequar à demanda de clientes, que deverá diminuir diante do futuro que se desenha para o Brasil, o céu permanece com nuvens pesadas, impossibilitando qualquer previsão.
Assim seguimos perdendo diariamente a luta contra a covid-19, tanto na economia quanto na saúde. Para não dizer, também, em questões civilizatórias.
Desagradando a todos. Em uma só canetada o presidente do País conseguiu desagradar a bancos e montadoras, dois importantes e fortes setores da economia brasileira. Para compensar a isenção de impostos no diesel o governo federal elevou a tributação aos bancos e reduziu a R$ 70 mil a isenção de IPI para veículos PcD.
Briga em casa. Bolsonaro deve ter arrumado encrenca, também, em casa. Afinal, sua mulher, Michelle, tem como bandeira o auxílio aos deficientes. Ela, porém, manteve silêncio desde a assinatura da MP.
Para exportação. Vinte e dois países da América Latina comercializarão o Toyota Corolla Cross produzido em Sorocaba (SP). É a primeira vez que a companhia exporta para tantos mercados. Antes o alcance era restrito ao Mercosul.
Só tem para exportação. Chama a atenção o fato de a empresa tirar o Etios do mercado brasileiro mas manter a produção para os demais da América do Sul.
Boa$ notícia$! Nem só de má notícias se faz esta coluna: a Renault anunciou investimento de R$ 1,1 bilhão no Brasil para lançar cinco atualizações de modelos e um motor turbo, a princípio importado.
* Colaboraram André Barros e Vicente Alessi, filho
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