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Anfavea demonstra que apoio à indústria gera empregos e impostos

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Imagem: Divulgação

Colunista do UOL*

05/02/2021 08h13

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A indústria automotiva devolve, em forma de impostos, R$ 11 para cada R$ 1 que ganha em incentivos e benefícios fiscais do governo. Esse foi o cálculo apresentado por Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, na quinta-feira, 4, durante entrevista coletiva à imprensa, via online, na qual tratou de defender a importância da cadeia automotiva na economia brasileira.

Essa foi, de certa forma, uma resposta ao presidente do Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Carlos von Doellinger, que em entrevista ao jornal Valor Econômico sugeriu que o País deveria deixar de fomentar a indústria manufatureira e, sim, que focasse em setores extrativos, como produção de alimentos, produtos minerais e energia.

Moraes não poupou críticas ao presidente do Ipea. Para comprovar a importância da indústria apresentou números: "As empresas produtoras de veículos fecharam o ano passado com 120 mil empregos diretos. O BNDES diz que a cada posto de trabalho fechado na indústria automotiva, outros oito são perdidos na economia. Direta e indiretamente geramos cerca de 1,1 milhão de empregos, aproximadamente, em outros setores da indústria e na economia".

Para justificar as desonerações à indústria o presidente da Anfavea mostrou números da Receita Federal. No ano passado, segundo projeções do órgão do governo, foram concedidos R$ 321 bilhões em incentivos a todos os setores da economia. À indústria automotiva, isoladamente, foram R$ 6,4 bilhões, 2% do total - o setor responde por 3% do PIB, segundo a entidade.

"De 2011 a 2017 o setor automotivo recebeu em torno de R$ 24 bilhões em desonerações, seja por incentivos para desenvolvimento regional [os programas do Nordeste e do Centro-oeste], seja por desenvolvimento setorial, como o Inovar Auto e o Rota 2030. Em forma de impostos devolvemos R$ 268 bilhões aos cofres do governo", disse Moraes. "E lembro que temos, ainda, cerca de R$ 25 bilhões em créditos tributários a receber, valor superior às desonerações."

O presidente da Anfavea aproveitou para criticar, também, a carga tributária total imposta aos veículos, em torno de 44%: "É o dobro de países como Itália, Espanha e Reino Unido".

Mais números para comprovar a importância da indústria para o País? Moraes tinha. Dessa vez na forma de pesquisa e desenvolvimento: a indústria automotiva é o segundo maior incentivador de inovação, de acordo com pesquisa do IBGE. Fica atrás apenas do governo e seus órgãos, Embrapa, Fiocruz, Cenpes...

"De 2013 a 2017 cada real incentivado pelo programa Inovar Auto pelo governo gerou outros R$ 3,60 de investimento da indústria automotiva. O governo incentivou R$ 1,4 bilhão e a indústria investiu R$ 5,1 bilhões."

Moraes ofereceu outra comparação, em crítica ao sistema tributário em vigor no País, pois é um dos entusiastas da aceleração da reforma tributária no Congresso: "A indústria gasta cerca de 1,2% de seu faturamento apenas para administrar o sistema tributário do Brasil. Mais do que investe em P&D, 0,8% da receita".

Por fim o presidente da Anfavea disse considerar um absurdo a ideia de apenas importar veículos, como sugeriu o presidente do Ipea ao Valor Econômico. E, mais uma vez, tratou de demonstrar com números: o Brasil gastaria quase todo seu superávit da balança comercial em automóveis, caso tivesse que importar os mais de 2 milhões de veículos que consome todos os anos.

* Reportagem e texto: André Barros, editor da Agência AutoData de Notícias