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Mercado chega a 4,2 mi na América do Sul, mas Brasil sofre para explorar

Volkswagen Polo fábrica - Divulgação
Volkswagen Polo fábrica Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL

07/02/2020 04h00

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No ano passado os países da América do Sul consumiram cerca de 4,2 milhões de veículos novos, crescimento de 2% sobre o resultado de 2018. O levantamento feito por AutoData com base em balanços, alguns ainda preliminares, divulgados por entidades e consultorias da região, demonstra o potencial que as fábricas brasileiras e argentinas pouco exploram: há um mercado de 1 milhão de veículos em nossos vizinhos no continente.

Somadas, as exportações de veículos do Brasil e da Argentina alcançaram cerca de 630 mil unidades no ano passado, com a maior parte destes automóveis sendo "trocados" pelos dois países. 630 mil é o mesmo volume de vendas no Chile e na Colômbia, combinando o resultado dos dois países. Os carros brasileiros representam cerca de 10% destas vendas.

Qual a dificuldade do Brasil, mesmo sendo vizinho da Colômbia, para liderar o fornecimento de automóveis àquele mercado? No ano passado foram pouco mais de 40 mil unidades, menos do que os mexicanos forneceram aos colombianos.

Quando questionados os executivos de diversas fabricantes nacionais apontam diversos entraves: ineficiência logística, carga tributária elevada, excesso de burocracia...

Mesmo a boa intenção nas conversas da indústria com o governo sobre o assunto, tentando encontrar um caminho para tornar o veículo brasileiro mais competitivo no mercado internacional, é capaz de resolver essa questão que se arrasta há anos.

Enquanto isso um mercado nada desprezível de 1 milhão de unidades/ano tem sido aproveitado por outros competidores. Parece brincadeira, mas há um respeitável volume de carros chineses e sul-coreanos circulando pelos países sul-americanos. Do outro lado do mundo os orientais parecem ser mais competitivos do que o Brasil e a Argentina.

Quem subiu? Boa contribuição para o crescimento de 2% na América do Sul foi dado pelo mercado brasileiro, que evoluiu 7,7% no ano passado. Trajetória ascendente também registraram Colômbia, Equador e Peru.

Para baixo. Em contrapartida Argentina, Bolívia, Chile e Paraguai tiveram as vendas em queda na comparação com 2018.

Irrisório. Outrora importante polo automotivo a Venezuela registra números baixíssimos. Não passou de 1 mil carros vendidos ao ano. E imaginar que em um passado não tão distante já registrou vendas de 200 mil unidades...

As placas atrapalharam. Aqui no Brasil, em janeiro, as vendas caíram 3% na comparação com janeiro de 2018. A expectativa, no entanto, era de crescimento de 4,5%. Faltaram 9 mil veículos que deixaram de ser emplacados por causa da indefinição a respeito da adoção ou não da nova patente, segundo cálculos da Fenabrave.

Valendo! As novas placas entraram em vigor em 31 de janeiro, após sucessivos adiamentos e contra a vontade, inclusive, do presidente da República. É para ficar de olho no impacto que a decisão do Detran de Minas Gerais, em adotar as novas placas a partir de março, pode causar nas vendas de veículos nos próximos meses.

Melhores resultados. Embora comemore o crescimento de 42% nas vendas de caminhões, e de 54% nas de ônibus, a Mercedes-Benz do Brasil recebeu um alerta da matriz: precisa retomar, e logo, o caminho da lucratividade.

Troca de comando. Esse foi o recado dado pelo presidente Philipp Schiemer em reunião com jornalistas na sexta-feira, 31. Na segunda-feira, 3, a companhia distribuiu comunicado anunciando mudança na sua liderança: Schiemer retorna em junho à Alemanha para outra missão: liderar o marketing e a venda global de ônibus.

Para seu lugar chega em 1° de maio outro alemão, Karl Deppen, vindo da área financeira da própria Daimler. Essa mudança não oculta que a direção no Brasil nos próximos anos é rumo aos números azuis.

Investimentos mantidos. A indústria de caminhões segue otimista. Afora a Mercedes-Benz, que mantém plano de R$ 2,4 bilhões até 2022 independentemente de lucrar ou não, a Volvo anunciou novo aporte de R$ 1 bilhão em Curitiba, PR, até 2023.

E o Salão? Mais desistências surgiram após nossa primeira coluna no UOL Carros, na semana passada, que adiantou o começo do esvaziamento do Salão do Automóvel de São Paulo. Depois de BMW e Toyota, General Motors e Hyundai confirmaram que também estarão ausentes do evento. Há ainda outras empresas relevantes da indústria nacional estudando sua participação no Salão de 2020.

* Colaboraram André Barros, Bruno de Oliveira e Caio Bednasrki