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Fernando Calmon

De 'carro voador' a IA, 5 inovações que apontam para o futuro da mobilidade

CES 2020 Audi AI:ME - Ricardo Ribeiro/Colaboração para o UOL
CES 2020 Audi AI:ME Imagem: Ricardo Ribeiro/Colaboração para o UOL

Colaboração para o UOL

16/01/2020 04h00

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A "invasão" de carros no tradicional salão de tecnologia CES (sigla em inglês para Feira de Eletrônica de Consumo), realizada anualmente em Las Vegas, EUA, foi a maior desde que a Ford começou a expô-los, de forma tímida, há 10 anos. Nesta edição compareceram 16 marcas de veículos entre tradicionais e novatas. Um dos motivos é o custo baixo dos estandes e a exposição durar apenas quatro dias.

Uma das surpresas foi a inversão de papéis com a Sony ao apresentar o protótipo de um sedã elétrico e autônomo em parceria com sistemistas de autopeças e vários fornecedores de eletrônica de bordo. O Vision-S tem estética bem aceitável, copia aqui e ali alguns detalhes, mas a empresa não pretende fabricá-lo. Isso acontece também com gigantes de TI (Tecnologia da Informação) que preferem manter sua altíssima rentabilidade sem correr grandes riscos em um mercado bem mais difícil e "perseguido".

Aliás, espera-se um embate cada vez maior pelos dados dos usuários de veículos. Isso vai impactar de forma direta na rentabilidade do negócio de ambos os setores. A geração de informações será tão volumosa que seu processamento pode ocorrer a bordo e não em nuvem exclusivamente.

Outra tendência observada na CES foi o avanço da realidade aumentada (AR, em inglês). Trata-se da aplicação moderna de conceitos já conhecidos há tempos nos filmes em 3D. Um exemplo foi mostrado pela Audi, no carro-conceito AI:ME, que promete revolucionar o modo como o motorista pode ver os obstáculos à frente em uma tela transparente antes do para-brisa.

Tecnologia semelhante apresentada pela Bosch para o problema de ofuscamento que o secular para-sol não resolve. A empresa recebeu um prêmio de inovação da CES por seu Visor Virtual que integra um painel LCD transparente e uma câmera com IA (Inteligência Artificial) voltada para o motorista para detecção facial. Um software de análise e rastreamento escurece apenas a seção da tela em que a luz bate nos olhos.

Hyundai e Uber voltaram a apresentar a evolução de um "carro voador". Na verdade parece uma mistura de helicóptero e drone gigante, mas pode oferecer dentro de dois ou três anos uma alternativa de transporte expresso para distâncias curtas e bem menos ruidoso.

Maior impacto veio do sedã elétrico conceitual Mercedes-Benz AVTR com muita e fértil imaginação pinçada do filme "Avatar". O mais importante, no caso, foi a tecnologia de bateria de grafeno, capaz de diminuir drasticamente a necessidade de lítio e cobalto, além de carregar de 0 a 100% em 5 a 10 minutos. A empresa ressalvou que ainda pode levar 15 anos para se tornar viável. Curioso que 15 anos atrás o prazo era o mesmo...

CES tornou-se uma antevisão do que virá pela frente em termos de mobilidade. O cenário será outro com mais racionalidade nos deslocamentos, menos necessidade de estacionar e uso intensivo dos veículos que terão de ser mais duráveis mas a um custo maior. Cidades inteligentes surgirão, construídas a partir do zero como propõe a Toyota, no Japão. Ou adaptações nos conglomerados urbanos existentes com a combinação de robôs de entrega e veículos autônomos, em rotas pré-estabelecidas, vislumbradas pela Ford.

Alta Roda

+ Nissan desmentiu oficialmente a informação do prestigioso Financial Times de que a aliança Renault-Nissan/Mitsubishi poderia ser desfeita depois de 20 anos. A Renault não se manifestou. O jornal inglês, controlado pelo grupo de mídia japonês Nikkei, se baseou em fontes não reveladas de executivos descontentes da Nissan que não veriam mais futuro em uma aliança.

+ Vendas de modelos importados de marcas associadas à Abeifa caíram 8%, para 34.587 unidades em 2019, comparadas a 2018. Entidade atribuiu à valorização do dólar o resultado ruim. Cotação da moeda influencia tanto que as previsões para este ano variam entre 35.000 e 45.000 unidades, se o dólar médio deste ano alcançar R$ 4,20 ou R$ 3,80, respectivamente.

+ Golf GTE precisa ser bem entendido para o motorista explorar as quatro opções de utilização. Primeiro híbrido plugável da VW roda em torno de 50 km no modo elétrico, desde que a bateria esteja total e previamente carregada em tomada. A partir daí entra em ação o motor a combustão. Apesar do peso extra, o carro acelera com muito vigor ao combinar os dois motores.

+ Airbag do console central que se expande para o espaço entre o motorista e o passageiro do banco da frente, em caso de impacto lateral, reduz o potencial de ferimentos na cabeça. Foi considerado um dos 10 mais importantes avanços tecnológicos de 2019 pela revista inglesa What Car? e é exclusividade dos Hyundai Kona, Santa Fe, Tucson e NEXO.

+ Chinesa Geely, de capital privado, continua interessada em mais marcas. Hoje detém 100% das ações da sueca Volvo Automóveis, da inglesa Lotus e da malaia Proton, além de 10% da Daimler (Mercedes-Benz e Smart). Rumores indicam que assumirá o controle de outro ícone inglês, a Aston Martin, de 197 anos, famosa pelos carros nos filmes do agente 007 James Bond.