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Fernando Calmon

Custos e geografia "travam" eletrificação no Brasil; híbrido flex é saída

Colaboração para o UOL, de São Paulo (SP)

12/09/2018 14h17

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Congresso aponta que uso do etanol em carros híbridos é barata, econômica e ecológica diante das limitações do nosso país

Mobilidade é o acesso às oportunidades e inclui três grandes parâmetros: tempo, distância e dinheiro. A definição precisa foi um dos destaques da apresentação que a FCA preparou para o dia de abertura do 27º Congresso SAE Brasil, semana passada em São Paulo (SP). Essa é uma forma muito objetiva de se tratar um assunto que domina cabeças pensantes em todo o mundo, incluindo governos, universidades, indústria automobilística e gigantescos conglomerados de TI (Tecnologia da Informação). No total, ao longo de três dias, foram apresentados 116 trabalhos técnicos de profissionais do setor e acadêmicos.

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Um dos maiores problemas das cidades brasileiras é que elas crescem de forma espraiada e sem planejamento. Ao contrário do senso comum, é mais fácil administrar os deslocamentos em cidades de alta densidade populacional. Londres tem 12.300 habitantes/km², Paris nada menos de 21.000 e São Paulo, 7.300, apesar de seus 11 milhões de habitantes apenas no município (e 20 milhões na área metropolitana). Aquela concentração permite diluir os altíssimos custos de construção de metrô para citar apenas o mais eficiente dos meios de transporte urbano.

O painel dos engenheiros-chefes, destaque do segundo dia, mostrou ao observador mais atento que as alternativas elétricas a bateria podem alcançar alguma viabilidade em países de alto poder aquisitivo, com governos bancando subsídios (não eternos) e prazos otimistas. Há também o caso particular da China, onde o nível de poluição nas grandes cidades é assustador, além de a frota circulante crescer sem parar. Lá, ordens têm que ser cumpridas de cima para baixo sem muita discussão. Algo como é isso ou isso mesmo.

No caso do Brasil, o consenso entre os palestrantes apontou a utilização do etanol como solução mais adequada do ponto de vista de custos do que as opções ainda muito caras de eletrificação pura. As dimensões continentais do País são outro obstáculo para se construir infraestrutura de recarga.

Híbridos com motores flex (como o Toyota Prius Flex, que deve ser lançado em 2019 e cujo teste com protótipo foi acompanhado com exclusividade por UOL Carros) são uma opção mais barata, entregam substancial economia de combustíveis e baixíssimos níveis de CO2. Outros países não têm acesso ao clima, extensão territorial e área agricultável para produzir etanol de cana.

Na exposição simultânea ao Congresso SAE as novidades cobriam leque amplo de interesse. A Bosch apresentou um sistema de jato de água integrado ao braço do limpador de para-brisa que permite limpeza uniforme, sem dispersão mesmo em velocidades altas. Já usado no passado, agora ficou mais eficiente. Permite aquecimento da água em climas frios, embora exija projeto específico por não ser adaptável a veículo existente.

Também estava lá protótipo de uma roda flexível desenvolvida em conjunto entre a brasileira Maxion e a francesa Michelin para enfrentar buracos e absorver impactos, garantindo maior conforto de rodagem. Ainda não há prazo de estreia, nem estimativa de preço. Outra empresa nacional, a Sabó, demonstrou o sistema de impressão digital para prototipagem alinhado às melhores práticas mundiais.

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Alta Roda

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Imagem: Alta Roda
+ Mercado de veículos novos (248.623 unidades) surpreendeu em agosto a ponto de a Anfavea admitir revisão para cima, no próximo mês, de sua previsão do início do ano de crescimento de 11,9% sobre 2017. Estoques totais em agosto subiram para 34 dias, contra 30 em julho. Além de se manter dentro de limites normais, este mês para compensar terá menos dias úteis de produção.

+ Nem tudo são flores. Forte queda de exportações para a Argentina afetará o nível de produção em 2018. Outros destinos no exterior dificilmente poderão compensar a crise no país vizinho, apesar de forte aumento de participação dos veículos brasileiros no Chile, mercado totalmente aberto ao mundo. Esse cenário poderá arrefecer o alto ritmo das linhas de montagem em 2019.

+ Valorização do dólar – de R$ 1,67, em 2011 a R$ 4,15, quase 150% – tem sido forte obstáculo para os carros importados. Abeifa, associação do setor, estimava vendas de cerca de 40.000 unidades em 2018. Mas o balanço até agosto último indica que será difícil alcançar tal volume. Ainda assim crescimento de 32% sobre igual período de 2017 está acima dos 15% da média do mercado.

+ Brazil Classics Show, mais importante exposição de antigomobilismo do País, em Araxá (MG), este ano teve o apoio da Renault que comemora 120 anos de fundação e 20 anos da fábrica brasileira. Sempre aguardado Melhor do Show, nesta 23ª edição, coube ao Packard Roadster 1931 (8-em linha, 6.309 cm³ e 120 hp), de José Luiz Gandini, importador oficial Kia Motors.

+ Michelin importou para demonstrações em algumas faculdades do País um simulador de capotagem. O público-alvo principal são motoristas mais jovens para que possam avaliar a sensação de um acidente dos mais graves. Faz parte de seu programa Best Driver e um esforço da companhia em prol da segurança viária na Semana Nacional do Trânsito (18 a 25 deste mês).