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Fernando Calmon

Análise: Salão de Detroit 2018 esnobou carros elétricos e autônomos

Volkswagen Jetta 2019 foi estrela de Detroit e chega ao Brasil no fim deste ano - Murilo Góes/UOL
Volkswagen Jetta 2019 foi estrela de Detroit e chega ao Brasil no fim deste ano
Imagem: Murilo Góes/UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

25/01/2018 04h00

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Americanos levarão mais tempo do que imaginavam para aposentar o automóvel do jeito que o conhecemos hoje

Ao contrário das exibições recentes na Europa, o Salão de Detroit deixou de enfatizar tanto os veículos híbridos, elétricos e autônomos.

É claro que eles estavam lá, mas a ideia principal foi a de transição, um reflexo de dificuldades crescentes na indústria automobilística e no dia-a-dia dos motoristas. Preços baixos dos combustíveis líquidos, a necessidade de uma boa infraestrutura de carregamento de baterias para cobrir longas distâncias e a deficiência de geração de energia indicam mudanças bem mais lentas do que se imaginava.

Isso não impediu a Ford de anunciar, nos próximos cinco anos, o lançamento de 16 elétricos ou híbridos entre 40 produtos novos. No seu estande, porém, a ênfase estava em potências crescentes. Tanto no Mustang  Bullitt (homenagem aos 50 anos do filme com Steve McQueen), quanto no SUV Edge ST. Sem contar a chegada no final do ano do Mustang  Shelby  GT550 (com mais de 700 cv), mostrado apenas em teasers aos jornalistas.

Os automóveis, que no passado representaram pela primeira vez menos de 40% dos 17,2 milhões de veículos vendidos no país, continuam a crescer. Bons exemplos são as novas gerações do Kia Cerato, Hyundai Veloster e VW Jetta. Este último será importado do México no final do ano e terá cerca de 4 cm a mais de entre-eixos e comprimento, além de suspensão traseira por eixo de torção – que ajudou a diminuir um pouco seu preço nos EUA.

SUVs e picapes para todos os gostos

A feira não poderá ignorar um segmento como o de SUVs e crossovers, que respondem por mais de 40% do mercado americano. Sendo assim, não poderia ser outro o destaque senão o Mercedes-Benz Classe G, renovado depois de quase 40 anos. Mudou menos por fora e mais por dentro ao incluir uma enorme tela multimídia e engenhoso acesso à terceira fila de bancos.

A empresa aproveitou para apresentar o Mercedes-AMG  CLS 53 Edition 1 com um alternoarranque (conjunto elétrico que une o motor de arranque e o alternador) de 21 cv, somando-se aos 435 cv do 6-cilindros turbo.

A BMW apresentou o elegante crossover compacto de tração dianteira X2, verdadeiro contraponto ao Mercedes GLA. Pretendia ainda mostrar o X7, mas o carro sofreu acidente de transporte. Uma de suas marcas inglesas, a MINI, recebeu uma renovação de meio ciclo de vida. As lanternas traseiras remetem ao desenho da Union Jack, a famosa bandeira do Reino Unido.

Além do clássico Wrangler (lançado dois meses antes no Salão de Los Angeles), a Jeep atualizou o Cherokee sem a polêmica dianteira. No entanto, o modelo fica muito próximo em dimensões ao Compass, o que gera conflito de “interesses”.

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Picapes médias crescem

Para a FCA, o lançamento mais importante foi a renovada picape pesada RAM 1500, que provavelmente será importada para o Brasil. Além de mais leve, introduziu avanços como sistema elétrico de 48 volts e molas pneumáticas nas quatro rodas (opcional).

A Chevrolet respondeu com a Silverado 2019, que, além do novo visual, teve seu peso aliviado em 204 kg, mesmo mantendo a caçamba de aço. Sua tampa, porém, é de alumínio e pode receber sistema elétrico de abertura e fechamento.

A Ford Ranger voltou ao mercado local após seis anos. Embora pareça idêntica à picape feita na Argentina, ela recebeu modificações específicas para o mercado local. A marca reconheceu que picapes médias voltaram a interessar aos compradores. No ínterim a Toyota Tacoma (totalmente diferente da Hilux) se esbaldou...

A chinesa GAC também está no Salão e pretende começar a vender nos EUA em 2019. Precisa ter muita coragem e dinheiro para gastar.

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Roda viva

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Imagem: Alta Roda
+ Ana Theresa Borsari será a primeira mulher a comandar um grupo automobilístico no Brasil. A executiva de 46 anos já liderava a Peugeot, e agora comandará também Citroën e DS (marca de luxo do grupo francês), tendo passado antes pela matriz na França. A sinergia no Grupo PSA (inclui a Opel, na Europa) já existente, será aprofundada também aqui.

+ Embora pareça a GM ter reagido ao teste anterior do Latin  NCAP (maio de 2017), em que o Onix zerou na escala de estrelas (máximo de cinco), na realidade a fabricante apenas atendeu às normas da ABNT, de 2013, para impacto lateral. O prazo era 2018. Agora, o Onix recebeu três estrelas em teste patrocinado. Governo brasileiro anunciou mesma exigência em 2020 (projetos novos) e 2023 (todos à venda).

+ Indústria de pneumáticos reagiu bem à entrada de marcas importadas, especialmente da China. Dunlop (do Grupo Sumitomo, também dono da marca Falken) implantou fábrica inteiramente nova, em outubro de 2013, em Fazenda Rio Grande (PR). Empresa produz 15.000 pneus/dia em ambiente de competição feroz para linhas de produção de veículos e reposição.

+ Dica para ar-condicionado: desligar o sistema e deixar apenas ventilação 10 minutos antes da chegada ao destino. Segundo a Mahle, isso seca condensação nos dutos de ar e do evaporador, além de reduzir a formação de bolor, bactérias e leveduras. Vantagem adicional: evita choque térmico em dias de muito calor.