Heitor dos Prazeres será enredo da Vila Isabel em 2026; saiba quem foi ele

"Macumbembê, Samborembá: Sonhei que um Sambista Sonhou a África" é o enredo da Unidos de Vila Isabel para o Carnaval de 2026
Com homenagem a Heitor dos Prazeres, a escola promete "um desfile pintado com as tintas do pertencimento".
O que aconteceu
Escola de samba anunciou hoje o título do enredo que levará para a Sapucaí no Carnaval 2026. Agremiação homenageará Heitor dos Prazeres, a quem é atribuída a criação dos termos "Pequena África" e "África em miniatura" para se referir à região da antiga Praça Onze. Foi ali que o samba carioca cresceu e se consolidou, em pontos como o terreiro de Tia Ciata e a Pedra do Sal, onde a agremiação realizou o evento de lançamento do enredo.
O tema será desenvolvido pela dupla de carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora. Não é uma biografia convencional, mas um mergulho nos sonhos do sambista-pintor. "Em um documentário gravado em 1965, no seu ateliê de pintura, Heitor enfatiza a dimensão do sonho para o seu trabalho. Tudo ele sonhava. Este foi o fio que decidimos usar para a costura do enredo: o ato de sonhar o samba, o desejo de sonhar uma vida mais festiva, colorida, comunitária", explica Bora
"Macumbembê, Samborembá" é uma expressão adaptada da letra da canção Tia Chimba, uma embolada composta por Heitor em parceria com Paulo da Portela. Já "Sonhei que um Sambista Sonhou a África" sintetiza o olhar do artista para o seu território, dialogando com a memória da Vila e com a poética de Carlos Drummond de Andrade, autor do poema Sonho de um Sonho, transformado em enredo em 1980.
Quem foi Heitor dos Prazeres
Pintor, capoeirista, poeta, cenógrafo, figurinista, ator e multi-instrumentista, Heitor dos Prazeres dominava todas as artes, como explicou o pesquisador Vinicius Natal. "Heitor foi muitos em um. Talvez as pessoas o associem mais diretamente ao ofício de pintor, mas o fato é que ele começou a pintar tardiamente. Antes de ser um mestre dos pincéis, expressando em muitas cores a modernidade carioca, ele foi Ogã no terreiro de Tia Ciata, participou dos primeiros Ranchos, ajudou a fundar várias escolas de samba (Deixa Falar, Portela, Mangueira, entre outras) e foi o campeão do concurso de sambas organizado pelo pai de santo Zé Espinguela, em 1929, que aconteceu, portanto, antes do primeiro desfile oficial", diz o pesquisador.
Ele participou das duas primeiras edições da Bienal de Arte de São Paulo e teve uma tela adquirida pela Rainha Elizabeth II, continua o pesquisador. "Esses dados mostram que a produção desse sambista, cujos pais tinham sangue baiano e cultuavam os deuses africanos dentro de casa, é algo extraordinário. O enredo da Vila vai contribuir para o processo de reposicionamento desse artista no cenário brasileiro, celebrando as muitas Áfricas que coexistem no Rio e trazendo de volta os perfumes dos grandes carnavais da nossa escola, que é, indiscutivelmente, um quilombo em azul e branco".
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