Unidos de Padre Miguel contesta rebaixamento: 'Inconsistências graves'

A UPM (Unidos de Padre Miguel) vai recorrer de seu rebaixamento do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro sob a alegação de "inconsistências graves" nas justificativas das notas atribuídas à agremiação.
O que aconteceu
UPM vai apresentar recurso contra rebaixamento junto à Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro). Escola afirmou que "está reunindo todos os elementos necessários para apresentar um pedido formal, baseado em uma análise criteriosa das justificativas divulgadas" sobre as notas dadas ao seu desfile.
Escola afirma que foram identificadas "inconsistências graves" por parte dos julgadores em relação ao desfile apresentado na Sapucaí. A UPM cita como exemplo dessas supostas inconsistências "penalizações em quesitos específicos devido a uma falha técnica no caminhão de som, um problema alheio à responsabilidade da Unidos de Padre Miguel e que, portanto, não deveria ter resultado em perda de pontos".
Diante dessas e outras irregularidades, a escola buscará os meios adequados para contestar a decisão, sempre pautada no respeito, na isonomia e na valorização do trabalho de toda a sua comunidade.
— UPM em nota
Unidos de Padre Miguel perdeu ponto por "excesso de termos em iorubá" no seu samba-enredo. Neste ano, a agremiação levou para a Sapucaí o enredo "Egbé Iyá Nassô", sobre a trajetória da africana Iyá Nassô e do Terreiro da Casa Branca do Evangelho Velho.
Para a julgadora Ana Paula Fernandes, a agremiação usou de forma "excessiva termos em iorubá". No total, a jurada despontuou a UPM em 0,3 décimos e atribuiu nota 9,7 ao samba-enredo da escola.
Dos decréscimos, Ana Paula alegou que 0,1 foi porque no samba-enredo "há trechos de difícil entendimento devido ao excesso de termos em iorubá". Fernandes ainda tirou 0,1 pelo fato de "o encadeamento semântico" da letra deixar "dúvidas quanto à narrativa", ou seja, ter sido "confuso". Ela também despontuou a escola em 0,1 por uma questão de melodia. Fernanda escreveu que "a obra apresenta encadeamento linear, sem maiores inovações dentro da linguagem do samba-enredo".
UPM rebateu a justificativa da jurada para despontuar seu samba-enredo. "Despontuar uma escola por utilizar o dialeto de sua cultura é, no mínimo, uma avaliação despreparada. Esquecer nossa oralidade para atender um acadêmico não negro não está nos planos da nossa escola".
Despontuar uma escola por fazer utilização do dialeto da sua cultura é minimamente uma avaliação despreparada!
-- Unidos de Padre Miguel (@GRESUPM) March 7, 2025
Esquecer nossa oralidade para atender um acadêmico, não negro não está nos planos da nossa escola. pic.twitter.com/iwKVz4XYki
Agremiação justificou utilização de termos em iorubá no seu samba-enredo e chegou a incluir um glossário no Livro Abre-Alas com a tradução dos termos para o português brasileiro. A UPM destacou que "as palavras em ioruba do samba e do enredo são fundamentais, primeiro como vivência do Axé da Casa Branca e, segundo, como forma de resistência do Axé de Iyá Nassô, iorubá de Oyó, contextualizando sua vida e sua trajetória".
Unidos de Padre Miguel admite que seu desfile cometeu "falhas", mas reafirmou que as notas recebidas foram "injustas". "Sabíamos que não seria fácil, reconhecemos que cometemos algumas falhas, mas nada que justificasse as notas tão baixas e injustas que recebemos. O resultado do julgamento é inaceitável e não condiz com o que apresentamos na avenida".
Resultado da apuração do Carnaval do Rio de Janeiro está permeado por polêmicas. Além da contestação da Unidos de Padre Miguel, a vice-campeã deste ano, Grande Rio, apresentou recurso para ser declarada campeã junto com a Beija-Flor.
O UOL entrou em contato com a Liesa para pedir posicionamento, mas não obteve retorno.
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