'Pagam meus boletos?': estrelas do Carnaval de SP peitam 'fiscais do samba'
O Carnaval de 2025 em São Paulo foi marcado não só pelos desfiles do Grupo Especial no Sambódromo do Anhembi, mas também pela presença de "fiscais do samba no pé".
Esses críticos, geralmente anônimos nas redes sociais, lançaram críticas sobre a perfomance de celebridades do samba, acusando algumas musas e rainhas de não estarem à altura da folia.
Frases como "não sabe sambar", "comprou este posto" e "o Carnaval não é para você" foram disparadas contra figuras como musas, rainhas de bateria e outros membros da comunidade do samba. No entanto, em vez de se deixar abalar por essas críticas, as personalidades mostraram que sabem como dar a volta por cima, respondendo com determinação e mostrando seu gingado nas ruas.
O UOL marcou presença nos preparativos para os desfiles e conversou com 13 dessas personalidades do samba. Elas contaram como lidam com as críticas e como se preparam para brilhar na avenida, independentemente do que os "fiscais" digam.
Luciana Gimenez
Luciana Gimenez, madrinha de bateria da Vai-Vai, não hesitou em criticar os "fiscais", dizendo que eles se importam mais com a vida dos outros do que com a sua própria. "O fiscal está chato para tudo, não só para samba no pé. As pessoas têm que aproveitar e curtir mais a vida do que ficar criticando os outros, até porque quando você está criticando, está dizendo muito mais de você do que sobre o outro."
A pessoa está ali curtindo, está dando o melhor de si. As pessoas estão se dedicando, fazendo o melhor. Se você não tem nada bom para falar, não fala. Eu falo para os meus filhos: 'Se não tem nada para falar, não fala'. Você que é fiscal da vida dos outros, olha para sua vida. Com certeza, tem alguma coisa que você possa melhorar. A gente tem que se concentrar na nossa vida e em como melhorá-la.
Carla Prata
Carla Prata, rainha de bateria da Acadêmicos do Tucuruvi, também se mostrou descontraída diante das críticas, fazendo questão de lembrar que, durante os ensaios fotográficos, não se pode sambar por questões de estética da imagem. "É a nova profissão da internet, o fiscal de samba no pé, né? Que doideira. Alguém me mandou um vídeo de um ensaio fotográfico. É óbvio que no ensaio fotográfico a gente não vai sambar. Se começar a sambar, vai suar e a foto não vai ficar legal."
O que me preocupa mesmo e perco o sono é boleto não pago. Se o boleto não tiver pago, eu perco o sono de uma forma que me deixa nervosa. Agora, o povo julgando se eu sambo ou não, quem quiser julgar, vou dar meu Pix. É só botar no meu direct que eu mando o Pix. Você faz o Pix, e eu deixo julgar o meu samba.
Kamila Simioni
Kamila Simioni, musa da Barroca Zona Sul, foi ainda mais direta. "Eu nunca fui do samba. Estou entrando agora. É uma pressão que eu não estou sofrendo. Tenho recebido críticas, sei que vou continuar recebendo após o desfile. Para mim está tudo certo. Claro que precisa ter um gingado. Mas é a energia, é a alegria, é o contato com o povo, a conexão. E é isso que importa."
Eu posso dizer o seguinte, vai gerar polêmica, mas é a realidade. Não estou criticando ninguém, estou falando a realidade. Adriane Galisteu, não samba, Sabrina Sato, não samba. Paolla Oliveira, não samba. Flávia Alessandra, não samba. Por que a Kamila tem que sambar?
Ana Beatriz Godói
Ana Beatriz Godói, rainha de bateria da Rosas de Ouro, reforça que o mais importante no Carnaval é o amor pela festa e pela sua escola. "Carnaval é para todos. Cada um tem seu jeito de sambar. Cada um tem seu jeito de se divertir. Eu acho isso [às críticas] um absurdo. As pessoas que comentam não sabem fazer melhor. [...] Tem muita gente para criticar, muita gente para falar, mas o amor que temos por isso tudo é o que vale a pena."
Carolina Arjonas
Já Carolina Arjonas, musa da Dragões da Real, destaca o respeito e o reconhecimento pela evolução no samba. "Fui muito julgada no começo, mas, hoje, vou ser bem sincera: não tenho do que reclamar. Os julgamentos estão bem menores. As pessoas que me julgaram, na época, começaram a me seguir e falaram: 'Parabéns, você evoluiu. Te julguei mal'. Esse julgamento acontece, mas nem é o pessoal da escola que faz isso, é o geralzão."
Em tudo na vida, vai ter quem te critica e te elogia. Temos que aceitar, respeitar e seguir em frente. É fazer o que você ama e isso é o que importa. Fico feliz com o reconhecimento da minha dedicação.
Rosana Ferreira
Primeira miss bumbum da história do Brasil, Rosana Ferreira, musa da Acadêmicos do Tucuruvi, diz não dar bola por saber que sabe sambar.
Nem aí. Eu nem preciso [me importar] porque sou uma ótima sambista. Olha que sambei em 2012, voltei agora e estou dando show na avenida. Quem nasce dançarina, dança qualquer coisa. Pode botar um rock que ela tá dançando. Estou dando um show de samba.
Aline Oliveira
Há 23 anos no Mocidade Alegre, Aline Oliveira, dona do posto de rainha de bateria, também já foi alvo dos "fiscais" e garante não dar atenção as críticas sem fundamento.
Já sofri com os fiscais. É que a gente, atualmente, tem na internet os fiscais em todos os sentidos, né? Então, sim, eu também passo por isso, mas eu tiro de letra. Eu sambo no pé do meu jeitinho Aline de ser. Vou adorar mandar o Pix também. Sabe aquele apartamento e carro? Não tenho problema nenhum [em ajudar].
Daniel Manzioni
Primeiro rei de bateria do Carnaval de São Paulo, Daniel Manzioni se concentra em fazer o seu melhor na avenida. Afinal, não dá para saber se os críticos sabem fazer o que estão apontando o dedo: sambar.
Cada um tem o seu samba. Primeiro, as pessoas que estão fiscalizando tem que ver se tem samba no pé para fiscalizar alguém. Eu sou coreografo, dançarino, tenho meu samba no pé e mesclo masculino com o feminino, mas cada um tem o seu samba e todos são válidos. O Carnaval é múltiplo e tem que agregar todo mundo.
Nathália Zannin
Ex-bailarina do Domingão do Faustão (Globo), Nathália Zannin, musa do Barroca Zona Sul, sugere que os fiscalizadores do samba no pé deixem os artistas "sambar como quiserem".
O mais importante sobre as mulheres que sambam e não sambam é a dedicação com a escola. É um conjunto. Quem sabe, sabe, cada um que fez o seu trabalho sabe o máximo que entregou, o máximo que deu. Deixa cada um fazer o que quiser e sambar como quiser. Agora é hora de se divertir e não tem o que fazer. O que tinha que fazer foi feito. Agora é se divertir e entregar o que a escola merece, que é amor e foco para não tirar pontos da escola. Estamos fofocados.
Francine Carvalho
Uma das principais musas da Gaviões da Fiel, Francine Carvalho não se incomoda com as avaliações de seu samba. Ele acredita que cada um apresenta na avenida aquilo que tem de melhor.
Eu lamento porque o samba é para todos. O samba é alegria, é felicidade. Não importa o seu jeito de sambar. Importa o que você faz com amor. Essas críticas não me abalam em nada. Não posso falar que tenho haters que me atacam, mas eu digo que você que não sabe sambar ou acha que não sabe, sabe sim. Quando a gente tem vontade, amor e entrega, todo mundo sabe sambar. O samba é alegria e amor.
Fernanda Pedrosa
Estreando no Carnaval paulistano, Fernanda Pedrosa, que já desfilou duas vezes no Rio e atuou como musa da Barroca Zona Sul, afirma que estava tranquila por ter se doado ao máximo para fazer bonito na avenida.
Foi uma preparação bem intensa. Começou há seis meses, no início do setembro, onde vim me preparando física, emocional e artisticamente. Aqui em São Paulo, eu fiz aula de samba, vim para todos os ensaios, tentei ao máximo estar presente. Entreguei 1.001% para fazer bonito.
Renata Spallicci
Rainha de bateria da Águia de Ouro, Renata Spallicci diz não ter dado atenção aos eventuais críticos. Ela se garante dizendo que estava preparada para brilhar à frente da bateria.
Fiscais do samba do no pé? Não presto muita atenção se eles existem ou não. Se eles estão me observando ou não, mas eu sou a minha maior fiscal. Eu sei que tenho ainda que evoluir, mas meu samba está muito legal. Estou bem em sinergia com a bateria. Sou uma pessoa que sempre quer melhorar.
Raissa Souza
Musa da Barroca Zona Sul, Raissa Souza garante que se dedicou ao máximo para entregar um bonito samba no pé após sofrer com a fiscalização na avenida.
Raissa do ano passado para Raissa desse ano teve muita dedicação no samba. Eu fiz aula de samba três vezes na semana e teve semana que fiz cinco vezes. Eu, Raissa, acredito que se estamos num posto importante como musa, tem que sambar, sim, tá? É como gosto: cada um tem o seu. Gente, samba no pé, cada um tem o seu. Cada samba é diferente. O Carnaval é uma festa para curtir e aproveitar. Não é para julgar. Quem não sabe sambar, que vá lá e entregue um samba lindo. Quem não sabe sambar, deixa o povo não sambar.
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