'Laíla merecia': quem foi o diretor de Carnaval homenageado pela Beija-Flor

Laíla merecia. Vamos festejar. A comunidade é a estrela de qualquer escola de samba. Pode comemorar. Aposentado com chave de ouro. 50 anos de Carnaval, e com a minha querida Beija-Flor. Neguinho da Beija-Flor após escola se tornar a campeã de 2025

Campeã, a Beija-Flor revisitou infância de Laíla, reverenciou sua devoção aos orixás e trajetória na agremiação. Toda a família do dirigente acompanhou o desfile.

Com a Beija-Flor, a agremiação conquistou quase todos seus títulos sob o comando de Laíla. Ao todo foram 13, com exceção de 1983, quando ele comandou o Salgueiro.

Laíla teve uma saída conturbada da escola de samba após criticar comando. Ele chegou a fazer um desabafo após a apuração que elegeu a escola de Nilópolis campeã do Carnaval em 2018, seu último título: "Ninguém sabe o que a minha comunidade passou, o que eu passei. Uma escola dividida, ambição de comando, é muito difícil e eu fui homem para não deixar dividir", declarou.

A divisão a que Laila se referiu era devido a nomeação do filho de Anízio Abrahão David, Gabriel David, como presidente de Carnaval da escola. Hoje David é presidente da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro).

Na época, Gabriel David era visto como um jovem de perfil modernizador. Ele também teria tomado decisões que desagradaram integrantes antigos da escola, como colocar o coreógrafo Marcelo Misailidis para produzir os quatro primeiros carros do desfile.

Foi aí que Laíla se viu insatisfeito: "Se eu não sirvo mais me manda embora. É muita covardia que eu sofria. Fui obrigado a uma série de coisas. Amo o que faço, respeito minha comunidade, mas as coisas estão num caminho diferente da minha escola, não sei o que será", disse Laila, na ocasião.

Ao todo, Laíla passou três períodos na Beija-Flor: de 1975 a 1980; de 1987 a 1992; e o período mais longo de 1994 até 2018, período em que deu oito títulos para a agremiação.

Quando anunciou a saída, a Beija-Flor se disse grata a Laíla. "Gratidão: é a partir deste importante valor que a Beija-Flor de Nilópolis anuncia (...) o desligamento de Luiz Fernando do Carmo, o Laíla, do quadro de funcionários da escola".

Segundo a escola, a saída tinha ocorrido "amigavelmente": "A saída do diretor de carnaval e membro da comissão de carnavalescos acontece amigavelmente em comum acordo entre ele e a diretoria da agremiação, que agradece pela essencial participação de Laíla na formulação de seus últimos 23 desfiles", declarou a agremiação, em um comunicado.

A vitória deste ano foi a primeira da Beija-Flor desde que Laíla tinha deixado o comando da diretoria de Carnaval da escola de samba. Laíla chegou a comandar a Águia de Ouro e Unidos da Tijuca. A última que ele trabalhou foi a União da Ilha em 2020, antes de morrer na pandemia no ano seguinte.

Em 2010, quando a escola ficou em terceiro lugar, ele rebateu críticas recebidas pela forma como conduziu a escola durante um dos ensaios: "Teve gente que comentou que a bateria passou reta. Mas a opção de não permitir paradinhas durante o ensaio foi minha. Era um risco desnecessário. A Avenida não tinha som, e o caminhão não era suficiente para atender a escola toda".

A Beija-Flor foi pra Sapucaí pra ensaiar, não pra dar show. É na hora do desfile que a escola mostra seu potencial, a força da comunidade. Quem quiser ser campeão tem que passar por cima da Beija-Flor. falou Laíla, então diretor-geral de harmonia e carnaval da Beija-Flor de Nilópolis, após avaliar o ensaio da escola na Marquês de Sapucaí para o Carnaval de 2010