Conteúdo publicado há 19 dias

Com Catto e 170 'bruxas' ritmistas, bloco Pagu vibra energia feminista

As batidas da caixa, do repique e do surdo marcam o ritmo do bloco Pagu, mas as mãos que descem com força nos instrumentos são só de mulheres. São 170 ritmistas na bateria do bloco feminista que, neste ano, saíram como "bruxas".

O que aconteceu

O bloco feminista Pagu atrai mulheres e LGBTQIA+ atrás de um carnaval com liberdade de expressão e sem assédio. O grupo promove uma celebração de alegria, que exalta o lugar e a força feminina no Carnaval de rua.

Folionas costumam brincar com a sexualidade e criam fantasias irreverentes. Nathalia Cordazzo, 38, professora de educação física, por exemplo, foi ao bloco Pagu com uma representação da vulva e uma placa indicando a localização do clitóris.

Nathalia Cordazzo, 38, professora de educação física, no bloco Pagu
Nathalia Cordazzo, 38, professora de educação física, no bloco Pagu Imagem: Juliana Vaz/UOL

Mulheres tocam instrumentos, como o surdo, que em outros blocos não eram permitidas a tocar. São 170 ritmistas exclusivamente mulheres marcando o som.

Este ano, o feminismo veio com destaque trans. O bloco Pagu tem como estrelas nesse ano a cantora Catto e Verónica Valenttino, atriz e cantora ativista da banda Veronica Decide Morrer, duas mulheres trans.

Esse é o momento em que a mulher mais sofre violência e assédio, e em diferentes níveis, da passadinha de mão ao estupro. Tentamos criar um ambiente em que todas possamos nos sentir livres e seguras. Então, quando você vai para o Pagu, as mulheres sabem que vão encontrar um espaço de segurança e acolhimento
Mariana Bastos, fundadora do bloco

Catto é uma das estrelas que são destaque no Pagu
Catto é uma das estrelas que são destaque no Pagu Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Catto, que canta no bloco pela primeira vez, celebrou a temática de bruxas no Pagu. "Vim a convite da minha bruxa, Barbara Eugenia [cantora do bloco], que me disse que esse ano o tema era bruxas, minha cara! Este é meu primeiro ano no bloco".

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O carnaval é onde encontramos pessoas que vibram com a gente, quando podemos explodir quer somos realmente. É quando canto com as pessoas, e não para elas, o que é completamente diferente. Carnaval é cura, é essencial para o Brasil ter esse momento!
Catto, cantora e uma das atrações do bloco.

As ritmistas são o ponto focal do Pagu

Bruna Viana, 35, é músico-terapeuta e foi convidada para participar do bloco pelo segundo ano. "Esse é meu primeiro como mestre de timbal. Vim convidada pela Carol, mestra da bateria, que também é músico-terapeuta. Eu toco em outros blocos há anos, mas esse é diferente: as meninas se superam e aceitam desafios de boas, não é em todo bloco que vejo isso".

Juliana Pongitor, 53, arquiteta, toca tamborim e pediu para fazer parte da bateria pelas redes. "Meu pai tocava instrumentos de percussão e eu tocava um pouco. Fui atrás delas pelas redes sociais e perguntei como fazer parte. Mesmo sem ter experiência, fui muito bem acolhida. É um espetáculo feminista, de apoio e sem etarismo. Tem meninas de 16 anos a 55 anos. Ensaiamos uma vez por semana a partir de outubro, e isso acaba criando laços de amizade entre nós. Fiz muitas amigas aqui!".

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