Claudia Leitte recusa cantar música após inquérito do MP: 'Deu problema'

A cantora Claudia Leitte se recusou a cantar a música "Corda do Caranguejo" neste domingo durante o desfile de seu bloco no circuito Barra-Ondina.

O que aconteceu

Pedido foi feito por Tirullipa, que participou de trio da cantora. "Essa não. Peça outra. Essa não quero, não. Deu problema, não estou afim", respondeu cantora diante do público em Salvador.

Ministério Público solicitou inquérito para apurar caso. A artista foi acusada de postura supostamente preconceituosa por substituir o termo Yemanjá na canção. Ela também não realizou a troca junto ao ECAD, e nem pediu permissão a dois dos quatro autores da canção. Vale lembrar que a cantora não foi proibida judicialmente de cantar a música.

Entenda

Iyalorixá Jaciara Ribeiro, sacerdotisa do Ilê Axè Abassa de Ogum, é autora da ação em conjunto com o Idafro (Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras). "Nosso processo não é só contra essa mulher branca, mas também para repudiar essa forma tão perversa de querer nos matar.", disse Jaciara em papo exclusivo com Splash.

[A atitude de Claudia] foi de uma ignorância muito grande. É uma falta de afeto com a humanidade. Essas pessoas estão com algum problema espiritual, ou realmente não sabem o que é ser um humano.
Iyalorixá Jaciara Ribeiro

Para Jaciara, a artista não entende o quanto essa mudança na música desrespeitou a comunidade religiosa. "Há muita fake news e pessoas que usam esse momento para se promover. Mas, no meu caso, não é muito confortável colocar a minha cara de mulher preta, do candomblé, dizendo que eu quero esse respeito. A violência vem de todas as formas."

Eu diria para Claudia Leitte que sinto muito pela forma equivocada como ela está lidando com a fé dela, porque ninguém pode reafirmar a sua fé apagando a dos outros.
Iyalorixá Jaciara Ribeiro

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A denúncia foi avaliada pela promotora Lívia Sant'Anna Vaz. "Por enquanto, o inquérito apura a responsabilidade civil. Existem duas possíveis medidas principais: a proibição da repetição do ato e a reparação do dano moral coletivo. Ainda não é discutida responsabilidade penal", explicou a promotora ao UOL.

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