Motociclista atacado por PM no Rio desfilará pela Mangueira

A Mangueira formalizou na tarde desta quinta-feira (27) o convite para o motociclista Thiago Gonçalves, 24, desfilar no Carnaval 2025. Thiago foi alvo do ataque de um PM aposentado na madrugada de segunda-feira (24) e acusado injustamente de roubo.
Thiago passou mais de 24 horas preso. Igor Melo, 31, o passageiro que ele levava via aplicativo, foi baleado, perdeu um rim e se recupera no hospital estadual Getúlio Vargas.
O caso dos dois jovens negros acusados injustamente gerou comoção pública. Na terça-feira, um trecho do samba-enredo da Mangueira ("o alvo que a bala insiste em achar") foi manchete na capa do Jornal Extra ao contar a história dos dois rapazes.
Thiago ficou surpreso com o convite. Ao mesmo tempo em que ficou feliz, o motociclista lembrou que ainda tem dificuldades de locomoção — na ocasião do ataque, precisou pular de um viaduto para se proteger dos tiros. Mesmo assim, a Mangueira manteve o convite.
Ao UOL, a presidente Guanayra Firmino afirmou que a luta da escola é divulgar casos e histórias como este. "Durante o período em que construímos nosso Carnaval, quantos casos como esse tivemos? Por isso nosso samba diz tão bem: o alvo que a bala insiste em achar. Somos sempre nós", diz.
Será uma oportunidade para o Thiago comemorar este verdadeiro renascimento, mas também de buscar por justiça
Guanayra Firmino, presidente da Mangueira
O enredo da Mangueira em 2025 conta a influência do povo banto na cultura carioca. A comunicação do enredo e do samba atrela os impactos do racismo na cultura negra carioca, principalmente nas favelas.
Em um dos ensaios técnicos, a escola levou à Marquês de Sapucaí mães de vítimas de violência do estado. Hoje, Jaqueline Marques, 36, mãe de Thiago comemorou a liberdade do filho.
A verdade é que meu filho poderia não estar aqui. Quem traria meu filho de volta. Ter justiça ameniza, claro. Mas quantas mães vivem essa tragédia?
Jaqueline Marques, mãe de Thiago
Casal que incriminou jovens já respondeu por ameaça e violência doméstica
A cabeleireira Josilene da Silva Souza, 42, e o policial militar da reserva Carlos Alberto de Jesus, 61, que acusaram e atacaram a tiros um mototaxista e um estudante na madrugada de segunda-feira (24), na zona norte do Rio, já responderam na Justiça por ameaça, lesão simples e violência doméstica anos atrás.
Josilene foi alvo de três inquéritos. Em 2009, uma ameaça e uma lesão simples em Duque de Caxias; e, em 2018, uma violência doméstica em Rio das Ostras. Ela também figurou como vítima uma vez, de injúria praticada por um ex-namorado, em 2022, também em Duque de Caxias. O sistema judiciário não identifica a situação processual dos casos atualmente.
Marido de Josilene, o PM tem uma ocorrência no Judiciário fluminense. A investigação teve início com um registro de ameaça em 2014, na delegacia especializada de atendimento à mulher, que evoluiu para um processo por violência doméstica, em 2015, quando o caso foi arquivado.
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