Com enredo sobre o Pará, Grande Rio quer título para despedida de Paolla

A Grande Rio é feita de encontros de águas e culturas, e neste Carnaval deixa-se levar pela correnteza dos rios que unem Belém (PA) e Duque de Caxias (RJ). As marés trouxeram o canto de Dona Onete que, como um chamado, inspirou o enredo da escola.

No vai e vem das águas, o desfile também desemboca em um momento marcante: a despedida de Paolla Oliveira como rainha de bateria.

O chamado do Pará e as princesas turcas

Os carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora contam que a escolha do enredo foi um processo intuitivo e repleto de coincidências.

Na verdade, não teve uma batida de martelo, mas vieram mensagens entre a gente mesmo, coisas do Pará começaram a aparecer, coisas das princesas turcas também. Quando a escola comentou que estava em uma conversa para que o enredo fosse sobre algo relacionado ao Pará, a gente já tinha um esboço não pesquisado, não aprofundado, mas uma ideia lançada. Gabriel Haddad, carnavalesco.

Para Leonardo Bora, o desejo de desenvolver a complexidade e a diversidade das religiões de matrizes africana e indígenas na Amazônia foi determinante na decisão.

Sempre quisemos trabalhar com o tambor de mina e entender essa mistura entre pajelanças, candomblé, mina, babaçuê. Isso seria muito rico. Começamos a pesquisar, e o momento decisivo foi quando conversamos com Dona Onete nos bastidores de um show, em Belém. Ela cantou "Quatro Contas" e, naquele instante, entendemos: o enredo era esse, sempre esteve ali. Leonardo Bora, carnavalesco.

Conexão com a comunidade

Gabriel e Leonardo explicam que a relação entre o Pará e Caxias é um dos pilares do trabalho da dupla. E ambos dialogam de forma natural. "A escola tem uma tradição de enredos sobre a Amazônia, e a aclamação do anúncio foi contagiante. Tivemos uma resposta absurda, que nos deu muita força e energia para desenvolver esse enredo", destaca Leonardo.

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Além disso, ele reforça que o Carnaval é um espetáculo que dialoga com muitas pessoas, mas tem um compromisso com o público sambista. "Estamos conversando com o chão da quadra, com as comunidades que têm matrizes e raízes muito sólidas. Essas histórias precisam ser contadas e cantadas na Avenida."

Um dos momentos mais marcantes dessa conexão foi a disputa de samba realizada em Belém do Pará, envolvendo escolas de samba locais. "O vencedor foi a escola de samba Deixa Falar. Você olha uma ala, e ela está cantando o que está no samba. Olha uma alegoria, e ela também está presente no samba-enredo. Tudo se encaixou de forma intensa", acrescenta Gabriel.

O mestre de bateria, Fafá, endossa, e se arrisca a dizer que considera um dos melhores sambas da escola.

É um samba bem fácil, extremamente melódico, tranquilo de se trabalhar. Talvez um dos mais bonitos da história da Grande Rio, se não o mais bonito. Esperamos que traga o título para Caxias Fafá, mestre de bateria, campeão pela escola em 2022.

Sapucaí lotada nos ensaios e sonho do título

Os ensaios técnicos mostraram a força da Grande Rio para a disputa. No último dia de testes antes dos desfiles oficiais, a escola de Caxias foi a segunda a se apresentar, sob muitos aplausos e emoção, já que este ano também marca a despedida de Paolla Oliveira.

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"A Marquês de Sapucaí está abarrotada, lotada. O clima é totalmente carnavalesco, voltado para as escolas de samba. Isso nos dá ainda mais energia para querer que esse Carnaval ocorra logo. Se fizermos por merecer, sair campeão dessa disputa seria maravilhoso", conclui Leonardo Bora.

"A galera está cada vez mais presente na Sapucaí, e isso engrandece o espetáculo", finaliza Fafá.

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