Samba forte e patuá: as armas do Salgueiro para Carnaval 'de corpo fechado'

Há 16 anos sem conquistar um título, o Salgueiro vai entrar na Sapucaí "de corpo fechado", com um enredo carregado de ancestralidade e poder: a tradição das mandingas, trazidas pelos mandingos do Império Mali e ressignificadas no Brasil como patuás protetores.
Mais do que objetos de fé, essas bolsas costuradas com rezas e elementos místicos são símbolos de resistência e pertencimento, um tema que dialoga diretamente com a comunidade salgueirense, como dizem os próprios integrantes.
"Acho que o ponto mais poderoso desse samba, do sucesso do Salgueiro esse ano, é falar de algo que tem a ver com o pertencimento da comunidade. A letra do samba traduz uma ideia que é o que a comunidade vive. E uma vez que há essa identificação, ele [o samba] flui de maneira muito fácil", afirma o carnavalesco estreante na escola Jorge Silveira, atual bicampeão com a paulistana Mocidade Alegre.
"Eu sinto que agora eu tenho nas minhas mãos uma potência imensa. Salgueiro é uma marca carioca poderosíssima. Eu sinto que sou técnico do Flamengo", diz ele, xará de Jorge Jesus, que revolucionou o time e conquistou cinco títulos em pouco mais de um ano, tornando-se um dos maiores comandantes do time carioca.
"Colocar a criança na avenida"
A mandinga está forte e vem dando seus primeiros bons retornos: o samba do Salgueiro foi o primeiro do Grupo Especial do Rio a ultrapassar a marca de 1 milhão de audições no Spotify. "Eu acho que isso tem a ver com a identificação que o samba foi capaz de proporcionar."
Se o enredo e o samba se conectam com a essência do Salgueiro, a bateria Furiosa está pronta para arrebatar a torcida. Mestre Gustavo Oliveira destaca a responsabilidade de traduzir musicalmente essa entrega. "A gente gosta de devolver ao samba a altura que ele manda para a gente", conta. "Vamos sempre pesquisando, adaptando ritmos, criando bossas que respeitem a melodia. Esse ano conseguimos tirar de letra, porque o samba já é muito forte."
A confiança também vem do planejamento e da execução do desfile. "Finalizamos tudo com três semanas de antecedência, como há muito tempo não acontecia", revela o carnavalesco. "Agora é só colocar a criança na avenida", espera Jorge.
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