Mocidade quer transformar luto por Márcia Lage em emoção na Sapucaí

Após amargar o 10º lugar no Grupo Especial do Carnaval 2024 com o enredo sobre caju, a Mocidade Independente de Padre Miguel entrará na Sapucaí esse ano fazendo uma viagem em busca da própria origem e de maior conexão com a estrela símbolo da agremiação.

O tema "Voltando para o futuro não há limites pra sonhar" foi desenvolvido pelo carnavalesco Renato Lage e pela carnavalesca Márcia Lage, que morreu em janeiro, aos 64 anos, vítima de leucemia. O diretor de Carnaval Mauro Amorim se comove ao lembrar-se da artista.

"É impossível não se emocionar ao falar dela e do legado que ela deixou para a Mocidade", diz o diretor.

Ela foi essencial na construção desse desfile. Todo o trabalho dela está ali, em cada detalhe. Mauro Amorim, diretor de Carnaval da Mocidade

É superando o luto e olhando para a própria raiz que a verde e branco da zona oeste carioca busca emocionar e passar uma mensagem forte para o público.

'Esse samba tem mais sentimento'

Comparando com "Caju", o intérprete Zé Paulo Sierra destaca que a atual composição traz um peso maior na mensagem e na construção das palavras. "Esse é um samba com palavras um pouco mais rebuscadas, como 'limbo' e 'perverte'. Então, buscamos soluções para que as pessoas compreendam a mensagem. Esse samba tem mais sentimento."

Amorim reforça essa visão e destaca que a escolha do samba-enredo foi unânime entre todas as alas da escola, um fato raro e significativo, mostrando a força da obra e a conexão criada com a comunidade.

"Esse samba tem alma. A gente quer tocar as pessoas, e para isso é preciso sentir cada palavra, cada nota", diz o diretor.

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Veja a letra e o samba da Mocidade para 2025

'Voltando para o futuro não há limites pra sonhar'

Compositores: Paulo Cesar Feital, Cláudio Russo, Alex Saraiça, Denilson Rozario, Carlinhos da Chácara, Marcelo Casanossa, Rogerinho, Nito de Souza, Dr Castilho e Léo Peres
Intérprete: Zé Paulo Sierra

A luz que nos chega da estrela primeira,
Nascida do pó no Cruzeiro do Sul
Do plasma divino das mãos carpinteiras
Ressurge candeia no breu nesse azul
Será que o limbo da imaginação
Perverte a inteligência
O homem com sua ambição
Desconhece a razão desatina a Ciência
Será que há de ter Carnaval sem minha cadência?
Com alas em tom digital
No fim da existência
Me diz afinal quem há de arcar com as consequências?

Se a Mocidade sonhar
No infinito escrever
Versos a luz do luar, deixa!
Quando o futuro voltar
A juventude vai crer
Que toda estrela pode renascer

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O verde adoecido da esperança
Ofega sobre o leito da cobiça
Quem vive pelo preço da cobrança
Derrama sua lágrima postiça
Fogo matando a floresta
Bicho morrendo no cio
Febre no pouco que resta
Secam as águas do rio

E a vida vai vivendo por um fio

Naveguei...
No afã de me encontrar eu me emocionei
Lembrei da corda bamba que atravessei
São tantas as viradas desta vida
A mão que faz a bomba se arrepende
Faz o samba e aprende
A se entregar de corpo e alma na avenida

O céu vai clarear
Iluminar a zona oeste da cidade
E Deus vai desfilar
Pra ver o mago recriar a Mocidade

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