'Imprensa que eu Gamo' desfila pela última vez e deixa foliões pedindo mais

O 30° e último desfile do bloco Imprensa que eu Gamo, em Laranjeiras, zona sul do Rio, rolou em clima de saudosismo e nostalgia, mas com animação suficiente.na tarde deste sábado (15).
O que aconteceu
No público, fãs antigos se aglomeravam para ouvir, como sempre, marchinhas, sambas-enredo e clássicos do axé. Mas a alegria do Carnaval tinha também um sabor já saudoso pelo fim dos cortejos.
O Imprensa que eu Gamo foi criado em 1995 por um grupo de jornalistas, no mesmo bairro em que sempre desfilou. De lá para cá, com o aumento de burocracias para colocar um bloco na rua e mudanças na profissão, o Imprensa viu seu apelo diminuir entre a classe. Por isso, enrolou a bandeira.

Para celebrar, o desfile foi marcado por sambas históricos. No meio do trajeto, o cantor ainda rezou: "tomara que o bichinho da folia pique a Rita [Fernandes, co-fundadora] e o Imprensa volte a desfilar", disse, sendo ovacionado pelos foliões.
Fã desde o início, Márcio Ferreira, 57, definiu o Imprensa como um bloco raiz, e por isso tem perdido espaço no Rio. "O Carnaval de rua precisa manter suas raízes", disse.
Os megablocos são bem-vindos, mas muitos blocos tradicionais estão acabando por conta dos [investimentos em] grandes espetáculos. Márcio Ferreira, frequentador fiel do Imprensa que eu Gamo
Fernanda Sá, 50, é moradora de Laranjeiras e vizinha do trajeto do Imprensa. A esteticista acredita que haverá um impacto na cultura do bairro, que costuma se encontrar e celebrar por ali. "Esse Carnaval com cara de antigamente, com famílias inteiras, fantasiadas, vai fazer falta", lamenta.

Márcio faz coro, e ressalta a principal característica do bloco. "Quem vem pela primeira vez, de uma forma curiosa, ou gosta da crítica ou não fica. Porque sempre há uma crítica. Por isso não podemos deixar acabar", crava.
Os curiosos realmente não duram muito. Quem chegou ao bloco e não se identificou com o repertório, logo saiu. Mas até o final do desfile, por volta das 19h, havia gente que, mesmo sem cantar as músicas, se jogava na dança junto à bateria e aos foliões mais velhos.
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