Milton Nascimento é celebrado em show com direito a 'chupa, Grammy'

Há dois anos, Milton Nascimento despediu-se oficialmente dos palcos, mas, como em uma de suas canções, "tem gente que vai e quer ficar". Na noite de quinta-feira (13), ele foi a grande estrela da noite de shows no Vivo Rio, onde foi celebrado como enredo da Portela. Aos 82 anos, ele assistiu a uma série de homenagens, reunindo nomes como Teresa Cristina, Criolo, Maria Gadú e Simone, em uma casa lotada. Ele cantou com cada um deles.
A noite ainda teve direito a um desabafo de Teresa Cristina após ele ser indicado ao Grammy deste ano e não ter recebido um local para sentar na cerimônia.
Eu sou a América do Sul, chupa Grammy Teresa Cristina
A noite começou sob as bênçãos da Velha Guarda, que trouxe clássicos da escola de samba. Em seguida, Teresa Cristina entrou no palco para iniciar as homenagens a Milton, interpretando "Certas Canções", aplaudida por Bituca, sentado na lateral. Na sequência, ela ainda emocionou o público com "Um Girassol da Cor de Seu Cabelo".
Roberta Sá veio em seguida com uma versão de "Travessia", enquanto Maria Gadú se entregou à emoção em "Caçador de Mim" e "Fé Cega, Faca Amolada". Já na vez de Simone, o público cantou em coro "Nada Será Como Antes" e "Para Lennon e McCartney".
Ao final da apresentação, Teresa Cristina provocou: "Eu sou da América do Sul. Chupa, Grammy". Milton foi indicado ao Grammy Awards este ano, na categoria Melhor Álbum Vocal de Jazz, mas não teve uma cadeira na fila A da cerimônia, e optou por se ausentar do evento.
Muito emocionado, Criolo subiu ao palco para interpretar "Me Deixa em Paz". Em seguida, convidou Milton para o centro do palco, onde juntos cantaram "Cais".O homenageado da noite ainda compartilhou momentos especiais com os artistas: interpretou "Canção do Sal" com Roberta Sá, "Nos Bailes da Vida" com Gadú e "Caxangá" com Teresa. Outro ponto alto veio com "Encontros e Despedidas", com Simone.
Para encerrar, todos os artistas voltaram ao palco para uma versão de "Maria Maria." Ao fim, não tinha mais ninguém sentado.
'Inexplicável'
Criolo e Milton fizeram uma turnê juntos em 2014, e têm algumas parcerias como dupla o EP "Existe Amor". O artista disse ser difícil descrever quando teve contato com a obra de Milton.
É muita generosidade, muito amor. Por mais que você nunca tenha escutado, quando você tiver contato com uma música dele ou com a voz dele, você vai reconhecer. É impossível não ser impactado pela sua presença. Criolo
Presidente de honra da Portela, Tia Surica pediu para sentar-se após o show para tentar falar sobre Milton.
Fazer uma homenagem como essa é uma revolução muito grande. E estou com uma ligeira impressão de que nós vamos trazer esse título. Estou muito emocionada, principalmente por vê-lo conosco. Tia Surica
À frente de toda organização do show, Teresa Cristina celebra a noite, chamada por ela de histórica."A obra dele é muito linda, porque ela abrange muitas coisas. A gente fala de amor, a gente fala de luta, a gente fala de Brasil. E as escola de samba têm essa força no Rio de Janeiro, então a gente pensa que o litoral tá falando sobre a ancestralidade, mas a gente não pode esquecer que o interior do Brasil também é preto e que o Milton, dentro da obra dele, tem uma força ancestral muito forte que se faz presente nos versos, na melodia."
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