Thiago França: 'Se a prefeitura deixar, faremos o maior Carnaval do Brasil'
São Paulo é dono do maior Carnaval de rua do Brasil? A publicação feita pela Prefeitura de São Paulo nas redes sociais virou motivo de chacota entre as prefeituras de Recife (PE), Salvador (BA), Olinda (PE) e Rio de Janeiro. Para Thiago França, idealizador do Charanga do França, a ação dos mandatários paulistas "é uma vergonha" e expõe incoerência no trato com a festa nas ruas.
Que vergonha. A questão toda é que a Prefeitura precisa definir na vida dela é o seguinte: ela quer se gabar de ter o maior Carnaval em número de blocos e público ou ela quer acabar o Carnaval às seis horas da tarde, colocar a polícia pra fazer a dispersão, ficar estrangulando o trajeto dos blocos? Então, ela precisa definir o que ela quer. Se quer o maior Carnaval ou que o Carnaval que aconteça sem atrapalhar o trânsito.
Thiago França, em entrevista no CarnaUOL 2025.
O idealizador do Charanga do França diz que o mundo ideal é que a Prefeitura de São Paulo para de pôr empecilhos para a festa nas ruas. "Se a prefeitura deixar, a gente faz o maior Carnaval do Brasil. O maior Carnaval em termos numéricos, porque São Paulo, obviamente, tem muita gente e acaba sendo o maior em quantidade, sem juízo de valor, sem falar quem é melhor ou quem é pior".
Esse é o meu vigésimo ano de Carnaval e não tem ninguém ali dentro [da prefeitura] que tem 25 anos de Carnaval. Se deixasse com a gente, iria fluir. Não pode deixar quem não tem nada a ver com isso tomar decisão, quem não tem ligação nenhuma com o fazer cultural. Deixa a cultura ser feita por quem é da cultura.
Veja outros trechos da entrevista com Thiago França:
Importância do CarnaUOL 2025 para o Charanga do França
Cara, o Carnaval que a gente faz é um Carnaval bem plural, né? É um Carnaval que tem todas as vertentes. Então, estar num evento onde todas as vertentes estão presentes faz muito sentido. Acho que é uma marca desse renascimento, da construção, da reconstrução, da tradição carnavalesca de São Paulo. Que é isso, né, esse grande caldeirão cultural, que tem um pouquinho de tudo.
Carnaval 2025 do Charanga do França
Como sempre, a gente vai tá na Santa Cecília, saindo fielmente na segunda-feira de Carnaval, um dia que ainda não é feriado, mas deveria ser. Nosso repertório conta um pouquinho com todas as influências do samba, do axé, tem um pouquinho de frevo e tem as composições autorais. Com esse Carnaval que a gente faz, é um convite pra todo mundo estar junto e misturado com a gente. [Nosso Carnaval] É no chão, não tem carro de som. É todo mundo ombro com ombro, é no calor do povo mesmo, no calor da massa que a gente faz o nosso Carnaval.
Desafio de manter o projeto do Charanga do França
São sempre muitos desafios, né? A gente nunca tem grandes patrocínios e a gente vai fazendo as coisas. Eu tenho certeza absoluta que vou ficar por aqui e vou estar sempre fazendo meu Carnaval. Quando a gente consegue contar com uma ajudinha, melhor, a gente respira mais aliviado. Mas faça chuva, faça sol, faça mais chuva ainda, porque a Charanga tem tradição de chuva, a gente põe um bloco na rua do jeito que dá.
Importância do Charanga do França para São Paulo
Eu não vou nem dizer do ponto de vista cultural, que tá mais do que dito, tá exposto. Mas desde o rapaz que faz o Uber ou o taxista que te leva, a economia tá circulando. Ela está circulando desde a hora que você vai na 25 de março comprar um pano, quando você pega o táxi ou se você vai de transporte público. A hora que você compra sua água, faz seu lanche... tudo isso é muito turismo.
No Carnaval de São Paulo circula R$ 8 bilhões aqui. É o maior evento disparado, muito mais do que a Parada LGBT+, muito mais do que a Fórmula 1. Então, o que é entretenimento pra muita gente é trabalho também. A gente tá lá trabalhando. Agora, se tem gente que fica com ciúme que a gente trabalha e se diverte também, aí é cada um com sua terapia.
Charanga do França pode virar escola de samba um dia?
Acho que é possível, tudo é possível. De algum jeito, isso pode acontecer um dia. A gente vai até tocar agora com o pessoal de um bloco lá na zona leste de São Paulo, que é uma galera que veio de escola de samba. Então, a gente vai fundir a Charanga com os sopros, com a batucada de escola de samba e, de repente, tá nascendo aí um novo momento.
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