
Mais persistente do que a chuva que atingiu o Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, ao longo do fim de semana, só os integrantes das escolas de samba que participaram dos ensaios técnicos. O que mantém essas pessoas ali é um sentimento difícil de traduzir, mas que tem muito a ver com amor.
Quando começa a bateria, o coração explode. É uma explosão de sentimentos. Nem a chuva para a gente. Jeff Souza, 34, assessor de casamento
O integrante da ala de comunidade da Mancha Verde explica sobre uma "sensação de pertencimento". "Não é só vestir a camisa, é se entregar de verdade", conta.

Para estar com a agremiação verde e branca, ele vai duas vezes por semana de Santo André, no ABC Paulista, até a quadra da escola, na Barra Funda, zona oeste da capital. Acostumado com Carnaval somente pela televisão, foi depois desse mergulho que ele entendeu cada etapa de um desfile e o papel individual de cada componente na disputa.
"A gente vem aos ensaios, mas também pela convivência com as pessoas, que é como uma família."
Duda Serdan, 20, entende desse sentimento. Princesa da bateria e filha do presidente Paulo Serdan, ela cresceu junto com a escola. No domingo (2), não escondeu o frio na barriga antes do ensaio.
"É muito emocionante. Parece que é a primeira vez que eu estou entrando na pista. E eu acredito que, enquanto esse amor, essa emoção, essa ansiedade permanecer é que está tudo bem."

Manifesto e entrega
A Acadêmicos do Tatuapé escolheu um enredo para o Carnaval 2025 sobre justiça, abordando questões de igualdade e direitos humanos. A escolha do tema é motivo de orgulho para os componentes.
"Cantar sobre justiça é um prazer, especialmente em uma escola que representa a luta por igualdade e respeito", diz Celsinho Mody, 36, voz oficial da agremiação há 10 anos.
O público pode esperar o maior Carnaval da história da escola, com muita alegria e um samba no pé contagiante. Celsinho Mody, intérprete da Acadêmicos do Tatuapé

A identificação com o tema também tem um sabor especial para Daniel Manzioni, rei de bateria da Tatuapé. Após 17 anos de reinado, ele vai aposentar a coroa após o desfile.
"É um mix de tristeza e alegria. Termino com chave de ouro com esse enredo sobre justiça, que toca em lutas importantes, como o respeito e a igualdade."

A rainha de bateria Muriel Quixaba, 39, mantém o Carnaval como foco diariamente. São treinos intensos, aulas de samba e cuidados com a alimentação.
Com tanta dedicação, não seria uma chuva que iria pará-la. "Vim buscar o nosso tom sonhado tricampeonato."
Trabalho animado
Enquanto os outros ensaiam, Aline Rodrigues de Souza, 37, trabalha na venda de bebidas para os foliões. Profissional do setor de eventos, o Carnaval, na visão dela, é o mais gratificante de atuar.
"Gosto bastante. Gosto, trabalho e, assim, com prazer", revela. "A gente consegue ver bastante, dá para se divertir um pouquinho."

Quando está de folga, ela volta ao Sambódromo para aproveitar mais. Mas dessa vez sem a preocupação do trabalho. Duas escolas mexem mais com a vendedora: Vai-Vai e Mocidade Alegre. "As duas que fazem a magia acontecer."
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.