Carnaval e chuva: foliões abraçam ensaios técnicos até debaixo d'água

Mais persistente do que a chuva que atingiu o Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, ao longo do fim de semana, só os integrantes das escolas de samba que participaram dos ensaios técnicos. O que mantém essas pessoas ali é um sentimento difícil de traduzir, mas que tem muito a ver com amor.

Quando começa a bateria, o coração explode. É uma explosão de sentimentos. Nem a chuva para a gente. Jeff Souza, 34, assessor de casamento

O integrante da ala de comunidade da Mancha Verde explica sobre uma "sensação de pertencimento". "Não é só vestir a camisa, é se entregar de verdade", conta.

Jeff é da ala da comunidade da Mancha
Jeff é da ala da comunidade da Mancha Imagem: Daniela Ribeiro/UOL

Para estar com a agremiação verde e branca, ele vai duas vezes por semana de Santo André, no ABC Paulista, até a quadra da escola, na Barra Funda, zona oeste da capital. Acostumado com Carnaval somente pela televisão, foi depois desse mergulho que ele entendeu cada etapa de um desfile e o papel individual de cada componente na disputa.

"A gente vem aos ensaios, mas também pela convivência com as pessoas, que é como uma família."

Duda Serdan, 20, entende desse sentimento. Princesa da bateria e filha do presidente Paulo Serdan, ela cresceu junto com a escola. No domingo (2), não escondeu o frio na barriga antes do ensaio.

"É muito emocionante. Parece que é a primeira vez que eu estou entrando na pista. E eu acredito que, enquanto esse amor, essa emoção, essa ansiedade permanecer é que está tudo bem."

Duda Serdan é princesa da bateria da Mancha Verde
Duda Serdan é princesa da bateria da Mancha Verde Imagem: Daniela Ribeiro/UOL
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Manifesto e entrega

A Acadêmicos do Tatuapé escolheu um enredo para o Carnaval 2025 sobre justiça, abordando questões de igualdade e direitos humanos. A escolha do tema é motivo de orgulho para os componentes.

"Cantar sobre justiça é um prazer, especialmente em uma escola que representa a luta por igualdade e respeito", diz Celsinho Mody, 36, voz oficial da agremiação há 10 anos.

O público pode esperar o maior Carnaval da história da escola, com muita alegria e um samba no pé contagiante. Celsinho Mody, intérprete da Acadêmicos do Tatuapé

Celsinho Mody é o intérprete da Acadêmicos do Tatuapé
Celsinho Mody é o intérprete da Acadêmicos do Tatuapé Imagem: Daniela Ribeiro/UOL

A identificação com o tema também tem um sabor especial para Daniel Manzioni, rei de bateria da Tatuapé. Após 17 anos de reinado, ele vai aposentar a coroa após o desfile.

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"É um mix de tristeza e alegria. Termino com chave de ouro com esse enredo sobre justiça, que toca em lutas importantes, como o respeito e a igualdade."

Muriel Quixaba e Daniel Manzioni: rainha e rei da bateria da Tatuapé
Muriel Quixaba e Daniel Manzioni: rainha e rei da bateria da Tatuapé Imagem: Daniela Ribeiro/UOL

A rainha de bateria Muriel Quixaba, 39, mantém o Carnaval como foco diariamente. São treinos intensos, aulas de samba e cuidados com a alimentação.

Com tanta dedicação, não seria uma chuva que iria pará-la. "Vim buscar o nosso tom sonhado tricampeonato."

Trabalho animado

Enquanto os outros ensaiam, Aline Rodrigues de Souza, 37, trabalha na venda de bebidas para os foliões. Profissional do setor de eventos, o Carnaval, na visão dela, é o mais gratificante de atuar.

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"Gosto bastante. Gosto, trabalho e, assim, com prazer", revela. "A gente consegue ver bastante, dá para se divertir um pouquinho."

Aline Rodrigues trabalha e curte o Carnaval
Aline Rodrigues trabalha e curte o Carnaval Imagem: Daniela Ribeiro/UOL

Quando está de folga, ela volta ao Sambódromo para aproveitar mais. Mas dessa vez sem a preocupação do trabalho. Duas escolas mexem mais com a vendedora: Vai-Vai e Mocidade Alegre. "As duas que fazem a magia acontecer."

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