
O Parangolé abriu o domingo do Festival de Verão, em Salvador, às 15h50, anunciando o tom do dia. Pagode baiano fervoroso, com a pressão de três percussões e uma bateria. "É hoje que eu só volto amanhã", cantaram em "Hoje só amanhã", resumindo o espírito de quem chegou disposto a encarar o sol - e os canhões de chamas na beira do palco lançando ondas de calor que fizeram alguns fãs da fila da frente recuar.
"Abrace quem tá suado", ordenou o vocalista Lincoln Senna, minutos antes de perguntar: "Alguém aí quer atestado pra não trabalhar amanhã?". Malícia e delícia livre de elaboração - no ritmo, nos versos e nas coreografias. Aquecimento - também literalmente - na medida para o que viria pela frente, na edição que celebra os 40 anos da axé music.
Jão assumiu o palco movendo os algoritmos na direção do pop. Com uma estrela gigante como cenário, ele entrou em cena cantando "A rua", acompanhado de uma banda numerosa e seu time de bailarinos. Todo seu repertório era cantado junto pela plateia, com sentimento.
Versos como "Eu vou te amar como um idiota ama" e "Eu te quero bem é o caralho", espertos e simples como suas melodias, ajudam a entender seu apelo junto ao público.

Chamado por Jão ao palco como "o solteiro mais cobiçado de Beverly Hills", Gustavo Mioto cantou com ele "Mal", que gravaram juntos. Depois, assumiu o palco, ao lado da banda de Jão, que voltou para cantarem juntos "Com ou sem mim", do repertório de Gustavo. A irreverência da dupla divertiu a plateia. "Queria ter cantado com Ivete, mas já tinha muita gente", brincou o convidado.
O jogo começou a ficar sério quando o BaianaSystem aportou no festival. A pressão e alegria seguiu com eles, mas mais densa. Suor e festa como política. A consciência central, que vale tanto para a Casa Branca quanto para a favela, é que "O mundo dá voltas", como diz a faixa-título do recém-lançado álbum do grupo, e foi a canção escolhida para abrir o show.
Com a bandeira da Palestina nas mãos e convocando a plateia ("Eu grito 'Palestina', vocês gritam 'Livre'"), BNegão não deixou dúvidas sobre as voltas que deseja para o mundo. Tampouco Russo Passapusso, ao erguer o punho e bradar: "Sem anistia!". E noutro momento: "Paz nas favelas!".
Presente no conceito central do BaianaSystem, e especialmente do novo disco, as máscaras populares marcam presença na reta inicial do show. Não pelo que escondem, mas pelo que revelam. Como o Cabeça de Papel que ocupou o palco na canção homônima, novidade nas apresentações da banda.
Ou mesmo o Saci, personagem conhecido das performances da banda, que não é exatamente mascarado, mas ocupa esse arquétipo de liberdade crua de forças profundas do Brasil - a forma como ele se lançou na roda de pogo do público se afina com essa ideia.

Bnegão participou com "Reza forte" e a indefectível "Dança do Patinho". Com a chegada de Marcelo D2 - que sozinho em outro momento fez "Qual é?" - o núcleo Planet Hemp estava formado. Juntos, eles fizeram com Russo uma poderosa fusão de "Dig dig dig (hempa)" com "Duas cidades", do refrão "Divi-divi-divi-dividir Salvador".
Além da dupla, o show teve a participação do rapper Vandal. Na festa de aniversário do axé, o BaianaSystem mostra que Salvador também é isso. Aquela conversa de "em que cidade você se encaixa".
Outras camadas de Salvador vieram à tona no show de Leo Santana. "Chegou o dono da porra toda", anunciou. Com bailarinos e percussão pesada, o cantor tem a estratégia de não dar espaço para a plateia respirar.
Emenda sem pausas canções de recados diretos que dizem, na letra e no arranjo, coisas como "Já começou o verão/ Joga a bunda no chão", "Eu te amo, putaria" e "Vem descendo gostosinho pro pai".
Leo é desses personagens que a música de Salvador não cansa de produzir. Carisma temperado com libido, domínio de uma gramática rítmica ao mesmo tempo complexa e irresistível.
No palco do Festival de Verão, ele conduziu a plateia como quis, inclusive numa oração teologia-da-prosperidade-fanfarrona —com todos com a mão para cima repetindo "Deus, eu vou ficar rico esse ano". Lembrou também os tempos de Parangolé, com "Balacubaco" e "Rebolation".
Ivete Sangalo pegou a plateia no ponto. Não que precise - ela sabe como ninguém levar pela mão multidões suadas e ansiosas por pular. Não foi diferente desta vez. Combinando uma performance aeróbica com a sabedoria de quem conhece os fundamentos do pop de raiz baiana que pratica, a cantora impressiona mesmo quem já a viu muitas vezes. Não bastasse, ela tem na bagagem incontáveis hits, boa parte deles mostrados ali: "Macetando", "Tempo de alegria", "Poeira".
O repertório mais recente não deixa a temperatura baixar, com a plateia mantendo o frenesi para canções como "Energia de gostosa", "Lugar perfeito" e "O verão bateu em minha porta".

Na reta final do show, ela pôs um trio elétrico no palco, antecipando o carnaval - mais do que isso, materializando ali um carnaval. "Vocês são foda, porra", gritou ela, se despedindo da plateia, que parecia dizer o mesmo para ela.
Luiz Caldas e Saulo vieram em seguida, num show que celebrou as bases da axé music que o festival homenageia no ano em que ele completa 40 anos - o marco é "Magia", exatamente o primeiro disco de Luiz Caldas, de 1985.
Acompanhados de uma enorme banda, uma orquestra de axé com naipes volumosos de percussões e sopros, eles passearam por um repertório em sua maioria de canções do pioneiro.
Saulo assumia lugar de discípulo, repetindo várias vezes sua admiração por Luiz Caldas. Ele trazia também o rosto do mestre, decalcado da capa de "Magia", estampado em sua camisa.
A dupla de início parecia que iria fazer um show cadenciado, de uma Bahia de alegria mais serena, mas na reta final emendou pedradas como "Frevo mulher", "Bahia batuque orixá" e "Chame gente".

"Vocês sabem que a mãe gosta de cantar de tudo", disse Ludmilla a certa altura de seu show. A fala resume a dinâmica de sua apresentação. Mais do que cantar de tudo, ela o fez em segmentos do show bem marcados: "a partir de agora é pagode", "vai começar a putaria" e assim por diante. Seu canto sustenta bem seu trânsito por diferentes gêneros —da maior sutileza melódica das baladas até a marra papo reto do funk.
A cantora fez afagos na plateia, dizendo que estava com saudade de ouvi-los cantando junto com ela, por conta do sotaque. Também chamou ao palco para dançar o influenciador Inimigo da Timidez, conhecido por suas coreografias inusitadas feitas em cenários de Salvador. Ela cantou também "Mete seu cachorro", que gravou com a banda baiana La Fúria, em meio a hits como "Maldivas", "Din din din" e "Verdinha".
Depois de uma roda de samba sob o comando do grupo Sambaiana, com os convidados Diogo Nogueira e Marcelo D2, Pedro Sampaio encerrou a noite. Atrás de sua mesa de DJ e cercado de bailarinos, ele pôs para dançar os resistentes que se mantinham ali já na madrugada de segunda-feira. No repertório, hits próprios, como "Pocpoc", e alheios, como "Só fé", do Grelo.
CarnaUOL 2025
O Allianz Parque, em São Paulo, mais uma vez vai ser o palco do CarnaUOL. Em 2025, a décima edição do festival tem como principal destaque o primeiro show de Christina Aguilera na capital paulista. Além da diva pop, o line-up conta com Claudia Leitte, Ana Castela, Belo, Tony Sales, Sean Paul, Steve Aoki, KVSH, Deekapz, DJ $ophia e o duo Yori, vencedor do Toca Revela, o Reality. Os ingressos custam a partir de R$ 195 e já estão disponíveis no site da Eventim. Assinantes UOL e clientes PagBank têm 10% de desconto em ingressos inteiros.

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Serviço
Quando: 8 de fevereiro (sábado), 12h
Onde: Allianz Parque (Av. Francisco Matarazzo, 1705 - Água Branca, São Paulo - SP)
Classificação etária: 16 anos
Mais informações: Instagram @carnauoloficial
Vendas: Eventim
Quanto:
Cadeira Superior - R$ 195 (estudante) / R$ 234 (social) / R$ 351 (pré-venda UOL) / R$ 390 (inteira)
Cadeira Inferior - R$ 295 (estudante) / R$ 354 (social) / R$ 531 (pré-venda UOL) / R$ 590 (inteira)
Pista - R$ 345 (estudante) / R$ 414 (social) / R$ 621 (pré-venda UOL) / R$ 690 (inteira)
Front Stage Pag Bank - R$ 945 (estudante) / R$ 1.014 (social) / R$ 1.221 (pré-venda UOL) / R$ 1.290 (inteira)
FRONT STAGE BANK*
Valor total Meia: R$ 945 (sendo R$ 345 do ingresso + R$ 600 do pacote)
Valor total Social: R$ 1.014 (sendo R$ 414 do ingresso + R$ 600 do pacote)
Valor total Inteira: R$ 1.290 (sendo R$ 690 do ingresso + R$ 600 do pacote)
INCLUSO
Open Bar: cerveja, água mineral, refrigerante, whisky, gin, vodka, água tônica e energético.
Setor FRONT STAGE PAGBANK proibido para menores de 18 anos
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MORUMBIS - BILHETERIA 5
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