Ex-secretário de Cultura critica 'apagão do Carnaval' em SP
O ex-secretário de Cultura da cidade de São Paulo, Alê Youssef, criticou a gestão Ricardo Nunes (MDB) pelo que chamou de apagão na organização do Carnaval da cidade, que já gerou mais de cem cancelamentos de desfiles de blocos de rua.
Já faz um tempo que estamos alertando para uma espécie de 'apagão da gestão' do Carnaval de rua de São Paulo. Já temos a informação que são 133 blocos cancelados e o número está crescendo. Por que isso está acontecendo? Primeiro, tiraram a dimensão cultural do Carnaval de rua da cidade, a gestão do Carnaval não tem a participação da cultura, que deveria estar a frente disso. O Carnaval é, eminentemente, um assunto cultural.
Edital de patrocínio lançado na última hora, com decisão há duas semanas que bagunçou o mercado, porque não deu tempo para as marcas escolherem seus investimentos a partir da decisão de quem é o patrocinador oficial do Carnaval. Qualquer pessoa que trabalha com produção cultural sabe que é fundamental esse período para ajustamento, e os blocos ficaram sem patrocínio.
O terceiro fator muito importante é a ingerência das forças de segurança na produção da festa, de repente você tem a Polícia Militar, que tem função importante em eventos públicos como este, que estão falando o que pode e o que não pode fazer, como pode e como não pode desfilar, inclusive colocando gradeamento dentro dos desfiles e blocos. Isso é muito complicado.
Tudo isso somado, gera uma espécie de sufocamento, de asfixia do Carnaval de rua. Esse efeito lamentável, triste, de cancelamentos de blocos de Carnaval.
Youssef também criticou o que chamou de "Carnaval matinê", com encerramento às 18h e a duração dos desfiles, limitada quatro horas. Youssef foi secretário da Cultura na gestão Bruno Covas e nos primeiros meses da gestão Nunes, após a morte de Covas, em 2021.
O que aconteceu
A Prefeitura de São Paulo registrou 118 cancelamentos de desfiles de blocos de Carnaval até esta quarta-feira (31), segundo matéria da Folha de São Paulo. Dificuldade de captar patrocínios e falta de diálogo com a gestão municipal estão entre as principais causas citadas pelos organizadores. Os avisos foram publicados no Diário Oficial desde o fim do ano passado.
Na lista de desistências estão blocos que costumam levar uma multidão às ruas, como o bloco Meu Santo É Pop, Domingo Ela Não Vai e Bloco da Preta.
Os organizadores do Carnaval paulistano apontam como entrave neste ano a demora da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) para definir o patrocinador oficial. O resultado da licitação foi anunciado em 16 de janeiro, menos de um mês para o início dos desfiles.
Outra reclamação dos produtores é o limite de horário imposto pela prefeitura para a dispersão dos desfiles, que devem finalizar até as 18h e liberar a via até as 19h, sob risco de multa.
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