A sorte está lançada

Com desfiles ousados, Gaviões e Mocidade empolgam a arquibancada e entram na disputa pelo título em São Paulo

Do UOL, em São Paulo Simon Plestenjak/UOL

Acabaram na madrugada de hoje os desfiles das escolas de samba do Grupo Especial de São Paulo, prometendo uma disputa apertada pelo título. Gaviões da Fiel e Mocidade Alegre se juntaram a Dragões da Real, Mancha Verde e Império de Casa Verde —que desfilaram no primeiro dia— entre as favoritas.

As duas escolas fizeram desfiles empolgantes e com poucas falhas, credenciando-se para a disputa do título do Carnaval 2020. E, por coincidência, ambas tiveram seus barracões comandados por carnavalescos cariocas estreantes. A Gaviões da Fiel, da dupla Paulo Barros e Paulo Menezes, empolgou as arquibancadas com um desfile marcado pela ousadia. E a Mocidade Alegre, de Edson Pereira, apresentou um Carnaval tecnicamente perfeito e com um visual de impacto.

Era pouco mais de 1h da manhã quando a Gaviões entrou na avenida. Recebida com imensa expectativa, mostrou um desfile de forte impacto, que, a cada setor, foi contagiando o público do Anhembi. A comissão de frente, com roupas que pegavam fogo, e as alegorias bem acabadas e interativas foram os pontos altos do desfile.

A Gaviões chegou à dispersão com gritos de "é campeão", embora tenha enfrentado alguns percalços.

A Mocidade Alegre entrou na sequência e, já de cara, deu mostras de que mais um grande espetáculo estava por vir. Luxuosa, criativa e com carros alegóricos impecáveis, deslumbrou o público e defendeu bem seu enredo.

O samba, tido por críticos como o melhor do ano, teve um desempenho excelente e conduziu um desfile em que a evolução e a harmonia foram muito valorizadas, com componentes extremamente animados e emocionados. A bateria do mestre Sombra empolgou as arquibancadas com uma paradinha em que os ritmistas tocavam ajoelhados.

A apuração das notas, que vai declarar a grande campeã do Carnaval 2020, acontece na terça-feira. A sorte está lançada!

Confira, abaixo, os destaques deste segundo dia de desfiles.

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Veja destaques do 2º dia em SP

Gaviões da Fiel e Mocidade Alegre estão entre as favoritas

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Pérola Negra reage

De volta à elite do Carnaval de São Paulo, a Pérola Negra abriu o segundo dia de desfiles no Anhembi depois de enfrentar dificuldades na reta final do preparo de seu Carnaval.

Dois de seus carros alegóricos haviam sido prejudicados pelo forte temporal que atingiu São Paulo no início do mês e inundou o barracão da escola, localizado na Vila Leopoldina (zona oeste). Entretanto, os integrantes da agremiação conseguiram recuperar a tempo parte do material danificado pela enchente.

Campeã do Grupo de Acesso em 2019, a Pérola homenageou o povo cigano, levando para o Anhembi o enredo "Bartali Tcherain - A estrela cigana brilha na Pérola Negra!". A escola chamou a atenção pelo brilho das alegorias. Além disso, a fantasia de Samara Carneiro, rainha de bateria, tinha uma estrutura de LED nas costas e na cabeça, que acendia de acordo com os movimentos da musa.

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Colorado mostra que veio para ficar

A chuva não atrapalhou em nada a animação da Colorado do Brás, que apresentou o enredo "Que rei sou eu?". A escola empolgou com carros alegóricos de grande porte e um desfile marcado pela religiosidade, contando a história de dom Sebastião, rei de Portugal entre 1557 a 1578.

Desde o ano passado desfilando no Grupo Especial, a Colorado conquistou o público e mostrou que veio para ficar na elite do Carnaval paulistano. O maior destaque foi o abre alas, que trazia dois carros acoplados. A escola percorreu o Anhembi com tranquilidade e completou o desfile sem sobressaltos.

A corte à frente dos ritmistas da Colorado veio em família. A rainha de bateria Muriel Quixaba, 35 anos, desfilou pela segunda vez ao lado da filha, a rainha mirim Izabelly Quixaba, 10 anos. A agremiação ainda se tornou a primeira a ter uma madrinha de bateria transexual no Grupo Especial: a modelo Camila Prins.

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Gaviões incendeia o Anhembi falando de amor

Para tentar acabar com um jejum de 17 anos sem títulos no Grupo Especial, a Gaviões da Fiel investiu pesado e contratou um dos principais carnavalescos do país, Paulo Barros. E a aguardada parceria surpreendeu. A escola levou fogo, água e personagens clássicos para a avenida do samba.

A Gaviões levantou a torcida corintiana nas arquibancadas enquanto falava de amor, com o enredo "Um não sei que, que nasce não sei onde, vem não sei como e explode não sei por quê". Com alegorias caprichadas, grandiosas e criativas, contou a história de amores impossíveis, amores históricos e amores heroicos, para descrever o tal "sentimento que arrasta multidões" cantado no samba-enredo. Além de falar do amor pelo Corinthians, demonstrado no último carro alegórico.

A rainha Sabrina Sato veio de Julieta modernizada com uma roupa toda dourada à frente da bateria de Romeus comandada pelo mestre Ciro Castilho. A comissão de frente também lembrou o clássico de William Shakeaspeare e reservava surpresas para o início do desfile, mas enfrentou problemas.

A roupa de um dos Romeus pegou fogo antes da hora. Depois, um deles perdeu a capa no meio da avenida —o que pode descontar pontuação da escola.

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Mocidade Alegre encantadora

Desde o início dos anos 2000, nenhuma agremiação venceu mais vezes o Carnaval paulistano do que a Mocidade Alegre, com seis campeonatos. Neste ano, a escola veio forte e se destacou entre as favoritas ao título, com um desfile cheio de encantos, que conquistou o público nas arquibancadas do Anhembi.

Com o enredo "Do canto das Yabás renasce uma nova morada", a escola homenageou as orixás femininas, como Obá, Yabá, Oyá e Oxum, refletindo sobre a natureza e a relação dos homens com o ambiente. Muita beleza em todos os carros alegóricos da escola, marcados pelo detalhismo e por um apuro técnico que saltou aos olhos durante o desfile.

A bateria do mestre Sombra foi um show à parte, com bossas diferentes, paradona, coreografia, sinergia e o ritmo à flor da pele. Aline Oliveira, a rainha ex-ritmista, também brilhou.

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A sábia Águia de Ouro

Uma exaltação à educação. Foi isso que a Águia de Ouro levou para o Anhembi, em um dos desfiles mais politizados da noite. Com o enredo "O Poder do Saber - Se saber é poder... Quem sabe faz a hora, não espera acontecer", a escola contou a história da sabedoria ao longo do tempo, indo da Idade da Pedra até o futuro, e acenou a causas importantes.

Dentre as 26 alas, havia uma nomeada Saber Respeitar a Diversidade, com componentes cadeirantes, e outra chamada Partilhar as Riquezas Monetárias, com os integrantes em fantasias douradas e adornadas com cifrões.

A Águia ainda homenageou o educador Paulo Freire ao lembrar uma de suas mais célebres citações: "Não se pode falar de educação sem amor".

O desfile da Águia celebrou a literatura mostrando personagens conhecidos, como Harry Potter, Emília e o Visconde de Sabugosa do "Sítio do Picapau Amarelo".

Um dos destaques ficou por conta da bateria do mestre Juca Guerra. Os ritmistas, que vinham divididos em três cores simbolizando a água, a terra e a natureza, realizaram algumas paradinhas que deixaram o Anhembi em polvorosa.

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Vila Maria e os tesouros da China

A Unidos de Vila Maria foi longe para buscar inspiração para seu Carnaval. A agremiação da zona norte desfilou homenageando a China e destacou invenções, monumentos e lendas chinesas.

Em um dos momentos mais fofos do segundo dia de desfiles, o carro alegórico Cidades Inteligentes mostrou pandas divertidos na frente, um panda articulado no topo e vários pandinhas crianças desfilando na lateral. O público se empolgou e fez muitas fotos. A chuva de papel picado do carro abre-alas do início ao fim do desfile também garantiu um brilho diferente para a Unidos de Vila Maria na avenida.

O desfile, no entanto, começou tenso, depois que o abre-alas teve problemas para sair do lugar. Com muitos painéis de led estampando a Muralha da China e com um enorme dragão, outro símbolo da cultura asiática, o carro estava muito pesado. Após esforço de vários integrantes da escola, que se uniram para empurrar o carro, a estrutura com 50 metros de comprimento e 16 metros de altura saiu do lugar.

A escola também enfrentou problemas com fantasias. A ex-BBB Jacqueline Grohalski, que foi destaque de chão à frente de um dos carros, desfilou com o costeiro pela metade. Na avenida, o mestre-sala Paulo perdeu um pedaço de seu costeiro.

Savia David foi novamente à frente da bateria da Vila Maria como rainha. A ex-panicat Dani Bolina ocupou o posto de madrinha.

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Rosas de Ouro tecnológica

Heptacampeã do Grupo Especial, a Rosas de Ouro apresentou o enredo "Tempos Modernos", sobre tecnologia e a chamada quarta revolução industrial.

Última agremiação a desfilar na manhã de hoje, mostrou inovações, incluindo formas inéditas de acompanhar a evolução da própria escola no sambódromo e o batimento cardíaco de integrantes.

Com parcerias firmadas como USP, Insper, FEI e Instituto Mauá de Tecnologia, a escola agitou quem decidiu ficar até o fim da festa nas arquibancadas, mas nem tudo correu tão perfeitamente. A rainha de bateria Ana Beatriz Godói, por exemplo, teve problema em uma das asas luminosas de sua fantasia, que caiu no início do desfile, o que pode fazer a escola perder pontos.

Royce do Cavaco, um dos intérpretes da escola, cantou o samba-enredo vestido de Homem de Ferro. Segundo ele, tratou-se de mais uma ode à tecnologia, que já salvou a vida do personagem. Além disso, uma das alegorias da Rosas lembrou a animação dos Jetsons, mostrando como o conceito tecnológico moldou o cinema e o entretenimento.

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