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Maratona de Carnaval: desfile das campeãs de SP dura quase nove horas

Anahi Martinho e Soraia Gama

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/03/2020 06h39

Resumo da notícia

  • Liga SP incorporou escolas do Acesso 2; campeã também passou pelo Anhembi
  • Além disso, desfile das campeãs teve duas vencedoras do Acesso 1 e cinco primeiras do Grupo Especial
  • Águia de Ouro, que ganhou seu primeiro título, encerrou a festa no Anhembi depois das 6h30 da manhã de domingo

Quem está se achando jovem e animado pois emendou um bloquinho no outro não deve menosprezar a disposição do público que se dispôs a acompanhar o desfile das campeãs do Carnaval 2020 em São Paulo. Desde o ano passado, a Liga SP incorporou as escolas do Acesso 2 e passou a dar espaço à vitoriosa no desfile das campeãs —além das duas primeira colocadas do Acesso 1 e das cinco primeiras colocadas do Grupo Especial.

São, portanto, oito escolas para passar pelo Anhembi, criando uma verdadeira maratona carnavalesca. Os desfiles começaram às 22h de sábado e terminaram pouco depois das 6h30 da manhã de domingo. Em comparação, no Rio de Janeiro desfilam apenas as seis primeiras colocadas do Grupo Especial. Nem a vencedora do Acesso faz parte do desfile das campeãs.

Veja, abaixo, um resumo do que as escolas campeãs de 2020 mostraram no Anhembi.

Morro da Casa Verde

Campeã do Grupo de Acesso 2 do Carnaval paulistano, a Morro de Casa Verde foi a primeira escola a ir para a avenida. Com o enredo "O Grandioso Desfile de Reis", a escola misturou samba com baião e homenageou Zumbi dos Palmares, o quilombola Ganga Zimba, além de citar Pelé e Zé do Caixão. Com um desfile simples, a escola emocionou com sua penúltima ala formada apenas por deficientes físicos, incluindo cadeirantes.

Acadêmicos do Tucuruvi

Vice-campeã do Acesso 1 e garantida no Grupo Especial em 2021, a escola da zona norte de São Paulo fez um desfile homenageando Chico Anysio, com o samba-enredo "Faces de Anysio, o eterno Chico. Sorrir é... E sempre será o melhor remédio". A escola apresentou um desfile com mais cara de Grupo Especial, com alegorias vistosas e destacando personagens que marcaram a carreira do humorista, como Professor Raimundo.

Vai-Vai

Garantida no Grupo Especial do Carnaval de São Paulo depois de ter amargado o primeiro rebaixamento de sua história, a Vai-Vai levou ao desfile das campeãs os destaques que deram a ela o título do Grupo de Acesso 1. A tradicional escola paulistana contou sua história no Carnaval deste ano, com o samba-enredo "Vai-Vai de Corpo & Álamo", com referências de títulos como o de 1989, 1999 e 2011, contando com o a participação do maestro João Carlos Martins, homenageado pela agremiação em seu penúltimo título na elite.

O desfile teve a exibição do troféu conquistado com o título do Grupo de Acesso, e a escola levou muita emoção e energia para a avenida, exibindo ao final uma faixa de agradecimento à comunidade. Porém, na parte visual a escola não fez um desfile bonito, faltando adereços a componentes.

Unidos de Vila Maria

Quinta colocada no Grupo Especial, a Vila Maria levou à avenida um show de cores, brilho e fantasias bem elaboradas. Os membros da agremiação estavam alegres e a bateria surpreendeu com um garoto com síndrome de Down cheio de simpatia, que roubou a cena entre os percussionistas.

Apesar de ter tirado suas piores notas no quesito alegoria, a escola mostrou que investiu no efeito estético do desfile, cujo enredo homenageou a China.

Savia David, rainha da bateria, também desfilaria hoje no Rio de Janeiro como musa da Beija-Flor, mas decidiu privilegiar o Carnaval de São Paulo. "Rainha é mais responsabilidade. Até pensei em um táxi aéreo, mas não daria tempo de desfilar nas duas." Sobre responsabilidade ela sabe o que diz. Carioca e rainha há três anos, Savia não perde um desfile da Vila Maria. "Ser rainha não é só um corpo. Sei todas as paradinhas da bateria, vou a todos os ensaios."

Acadêmicos do Tatuapé

Quarta colocada do Grupo Especial, a Acadêmicos do Tatuapé foi para a avenida homenageando a cidade de Atibaia. Com um toque sertanejo e o colorido das alegorias, a agremiação conseguiu empolgar o público, que cantou forte nas paradinhas da bateria.

O desfile foi mais animado e completo do que os anteriores, com componentes cantando. A escola presenteou o público com flores ao final do desfile.

Mocidade Alegre

A escola da zona norte de São Paulo —que ficou em terceiro no Carnaval 2020— falou das orixás femininas, com o enredo "Do canto das Yabás, renasce uma nova morada". Chamou a atenção durante o desfile o pequeno Lucas, de 7 anos, que fez sua estreia como intérprete mirim neste Carnaval.

Ao lado de Igor sorriso, o garotinho fez cara de marrento e pose de profissional. "Minha mãe me trouxe, mas eu já era da escola", disse. Junto com ele, na Mocidade, desfilaram a mãe e a avó, que é componente da velha-guarda.

Sem modéstia, o jovem cantor escolheu os três melhores intérpretes do Carnaval: Igor Sorriso (Mocidade), Tiganá (Camisa Verde Branco) e ele mesmo.

A presidente da escola, Solange Cruz, anunciou que já está pensando em 2021. Segundo ela, cargos como o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, carnavalesco, direção de Carnaval e bateria não sofrerão alteração. Animada, Solange brincou ao dizer que o mestre Sombra ela paga com um beijinho. "Ele já está pago", brincou ao dar um selinho no marido.

Mancha Verde

A Mancha Verde, vencedora do ano passado e vice deste ano, chegou ao Anhembi empolgada. "Entramos na avenida debaixo de chuva e com mais de uma hora de atraso, mas é um orgulho muito grande estar aqui. Vamos tirar onda, vamos curtir", disse um diretor da escola, antes que ela iniciasse o desfile.

A Mancha atravessou o sambódromo sem sua rainha, Viviane Araújo, que optou por participar da festa no Rio de Janeiro, com o Salgueiro. Mas a escola demonstrou leveza e entusiasmo, fazendo um desfile cheio de energia às cinco da manhã.

"Desfile das campeãs é só leveza, sem aquele peso da pontuação", disse a coordenadora da ala das passistas, Vanessa Souza.

Águia de Ouro

A vencedora do Carnaval paulistano fez um desfile que marcou o título inédito do Grupo Especial. A porta-bandeira Ana Reis estava radiante com sua faixa de campeã.

Prestes a entrar na avenida ao lado do mestre-sala João Carlos, ela celebrou o primeiro campeonato da escola. "Estou muito grata, sentindo a emoção da primeira vez", comemorou Ana.

Ela afirma que, no dia do desfile, saiu da avenida com a sensação de que o título estava por vir. E avalia que os pontos altos foram as fantasias e a união da escola.

"Foi um desfile maravilhoso. Estamos com a fantasia muito bem confeccionada e isso conta muito ponto. Estava muito bem ensaiado, a escola entrosada, a comunidade cantando. Uma energia maravilhosa. Foi um Carnaval digno de campeã."

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