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Bloco Meu Santo é Pop transforma Largo do Arouche, em SP, em boate gay

Carlos Minuano

Colaboração para UOL, em São Paulo

29/02/2020 13h56

"Fervo também é luta", disse ao UOL Raphael Malaquias, um dos fundadores do bloco Meu Santo é Pop, pouco antes de começar o quinto desfile do grupo no pós-Carnaval de São Paulo, neste sábado (29). O combate a que ele se refere é contra o preconceito, que quase impediu o trio de sair este ano por falta de patrocinadores. "É muito difícil encontrar marcas que queiram se aliar com blocos LGBTQ+".

Mas eles conseguiram e o bloco mais pop da folia paulistana ocupa novamente as ruas da cidade na tarde deste sábado, transformando o centro da capital numa enorme boate gay, para a alegria da comunidade LGBTQ+. A concentração no Largo do Arouche começou 12h com um público inicialmente pequeno. O desfile começou pontualmente às 13h embalado por DJs conhecidos da noite paulistana.

A convidada deste ano é a cantora trans Pepita. E a pegada do bloco continua a mesma, garante Malaquias. "Além de hits do pop nacional, da Pabllo Vittar, Gloria Groove, vamos tocar sucessos de Beyoncé, Shakira, Thalia e outros."

O estilo dos foliões segue o colorido do bloco. A drag Kitty Kawakubo, por exemplo, veio, segundo ela, de Medusa Chic Versace. "Venho todo ano, porque é um dos blocos mais democráticos, tem DJs que curto, e porque sai do Arouche, um dos locais mais icônicos para a comunidade LGTBQ+".

Entre uma parada e outra na música, DJs interagiam com o público, com perguntas do tipo: "Vamos continuar a putaria?" e "quem quer rola?". Aos pulos e gritos foliões em número cada vez maior foram se animando atrás do trio.

Segundo Malaquias, a ideia quando criaram o bloco era essa mesma, dar uma turbinada na folia paulistana pensando no público LGBTQ+. Para isso, reuniram DJs e foram às ruas homenageando grandes divas do mundo pop, de Anitta a Lady Gaga, passando por Ivete Sangalo, Madonna, Daniela Mercury, Beyoncé e outras.

A mistura entre o clima da cena gay noturna de São Paulo e o bom e velho batuque carnavalesco deu certo. O primeiro desfile, em 2015, reuniu logo de início cerca de 7.000 pessoas.

Atualmente, o Meu Santo É Pop é considerado o maior bloco LGBTQ+ da cidade. Os desfiles que saem do Arouche e seguem até o Largo do Paissandú são acompanhados por um público cada vez maior que, em geral, sabe de cor letras e dancinhas. Este ano, por exemplo, organizadores esperam reunir algo em torno de 100 mil pessoas.

Além das celebridades da música pop, drags famosas também são reverenciadas, como Gloria Groove e Kaya Conky, que já participaram dos desfiles em anos anteriores. Ao lado de Malaquias, quem faz a folia acontecer há cinco anos são os amigos, Jorge Minoru e Marília Castelli.

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