Quadra da Águia de Ouro tem multidão enlouquecida no 1º título da escola
"É campeã! É campeã!". É com o grito da vitória que a quadra da escola campeã do Grupo Especial do Carnaval 2020 de São Paulo, Águia de Ouro, não para de cantar desde o fim de tarde desta terça-feira (25), na região da Barra Funda. É o primeiro título conquistado pela agremiação, que completa 44 anos em maio.
Depois de acompanhar a apuração até o final, o presidente da Águia, Sidnei Carriuolo, falou rapidamente — e com muita emoção — sobre a conquista. "Estou sem palavras. Jamais vou conseguir agradecer vocês. Tudo o que falei durante o ano, que vocês eram maravilhosos e competentes, eu não menti. Nossa relação é de verdade. Se está bem, está tudo bem", disse.
Mesmo com a tempestade que caiu após o anúncio, foram chegando mais e mais foliões, tomados por um turbilhão de emoções que esquentaram o lado de dentro do barracão lotado. Uma fila sem fim, onde os amantes da escola "brigavam" para tirar uma selfie com o tão sonhado troféu, também foi cenário da comemoração.
A estatueta feita de bronze latonado, de um metro de altura e 44 quilos, chegando a medir 1,5 metro na base, é uma das mudanças promovidas pela Liga-SP (Liga das Escolas de Samba de São Paulo) neste ano, que optou por trocar a taça grande por um troféu.
Domenica Anastácio, 23 anos, uma das três musas da escola, não aguentou o calorão e correu para trás do telão do palco de onde sambava para cortar a calça jeans novinha — e cara — e transformá-la em um shorts. "Isso não importa! Depois compro outra. Viver isso não tem preço. Viva a Águia de Ouro, que fez por merecer!", comemorou.
Domenica, que integra escola há 10 anos e é musa há dois, seguiu declarando seu amor à Águia: "Que sorte a minha poder estar nessa posição quando a escola vem no seu melhor momento. É muita emoção", falou a sambista.
A musa ainda disse sonhar em ser rainha de bateria um dia, mas garante estar satisfeita com sua função atual. "Agora estou feliz com meu posto e para isso vou me aperfeiçoar ainda mais", completou Domenica, que também se dedica a um projeto social com crianças e adolescentes, além de fazer um curso de comissária de bordo.
'Infiltrados'
Na comemoração, teve gente que até poderia não ser muito bem-vinda, mas também curtiu a festa. A paulistana Gleisa Oliveira, 29 anos, veterinária, é Mancha Verde de coração e, ao lado das amigas, fez questão de deixar a quadra onde acompanhavam a apuração para estar na da "concorrente".
"Somos todos irmãos, praticamente vizinhos. Estou muito feliz por eles, foi merecido, e fiz questão de vir festejar. Ninguém olhou feio para nós. Aqui todo mundo pula junto e comemora. As escolas precisam mostrar que no final dessas disputas não queremos guerra", disse a foliona.
A exceção, segundo Gleisa, seria se a Gaviões da Fiel fosse a vencedora. "Teria medo de apanhar. Eles têm uma regra meio que assim", contou. "Mas eles seriam recebidos com abraços se viessem na Mancha", garantiu.
Com o enredo "O Poder do Saber - Se saber é poder... Quem sabe faz a hora, não espera acontecer", a Águia de Ouro contou a história da sabedoria, da Idade da Pedra até o futuro.
A festa promete invadir a madrugada sem hora para acabar. E a comemoração não para por aí: no próximo sábado (29), a escola volta à avenida para o Desfile das Campeãs.
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