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Rio de Janeiro

Mangueira desacata religiões, diz Bolsonaro

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

25/02/2020 16h34

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que o desfile da escola de samba Mangueira no carnaval do Rio "desacata" religiões. O samba enredo "A verdade vos fará livre" trata da vida de Jesus como uma pessoa comum e pobre. Jesus sofre com batidas de policiais, e ainda condena o fundamentalismo religioso.

A letra também critica indiretamente o presidente ao tratar de um "Messias de arma na mão".

Caminhando na praia da cidade Praia Grande (SP), Bolsonaro gravou um vídeo em que comenta a imagem, publicada na capa do jornal Folha de S.Paulo acima do título: "Mangueira usa imagens de Jesus para criticar Bolsonaro".

A Folha de S.Paulo foi buscar uma imagem no carnaval do Rio, uma imagem de uma escola de samba desacatando as religiões, né? Jesus levando uma batida de policial. Foi buscar uma imagem do rio para me atingir"
Jair Bolsonaro, presidente

O ministro da Secretaria de Governo da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, também condenou a escola de samba. Para ele, não foi "razoável usar a figura de Jesus, filho de Deus, da forma que a escola de samba Mangueira fez". Acrescentou: "Respeitem os Católicos e Cristãos."

Mais cedo, Bolsonaro havia publicado em redes sociais imagens de apoiadores dançando na folia.

Enredo é intitulado "A verdade vos fará livre"

Campeã no ano passado, a Mangueira criticou o Bolsonaro começando pelo título do samba. "A verdade vos fará livre" é uma paródia ao versículo da Bíblia mais repetido pelo presidente: João 8:32.

Um dos trechos da canção diz: "Favela, pega a visão/ Não tem futuro sem partilha/nem Messias de arma na mão". O enredo traça a história de Jesus Cristo e critica o fundamentalismo religioso.

A TV Globo, sempre criticada pelo presidente, ignorou o protesto da Mangueira. Não houve nenhum comentário sobre o "Messias de arma na mão", exibido pela Mangueira.

A escola Acadêmicos de Vigário Geral criticou o presidente usando um boneco de terno, gravata, faixa presidencial e arma na mão. A cabeça da alegoria era um palhaço.

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