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Com volta de Paulo Barros, Unidos da Tijuca encanta sonhando com Rio ideal

Unidos da Tijuca desfila na Sapucaí - Júlio César Guimarães/UOL
Unidos da Tijuca desfila na Sapucaí
Imagem: Júlio César Guimarães/UOL

Do UOL, em São Paulo e do Rio

25/02/2020 01h14Atualizada em 25/02/2020 03h11

A Unidos da Tijuca entrou na avenida com um grande trunfo na manga: a volta do carnavalesco Paulo Barros à escola que o projetou e com a qual venceu três títulos do carnaval carioca entre 2010 e 2014. Com o samba-enredo "Onde Moram os Sonhos", a agremiação levou à Marquês de Sapucaí uma mensagem de esperança ao Rio de Janeiro, que vem passando por um momento difícil, mas que ainda assim possui potencial para se transformar numa cidade onírica —ou ao menos muito melhor do que é hoje.

Trazendo histórias de grandes civilizações e culturas, a Tijuca entregou um desfile sofisticado como se esperava, com alegorias cintilantes, esculturas detalhistas e uma das comissões de frente mais bonitas do Carnaval 2020. A escola da Zona Norte exultou belezas e a arquitetura da capital fluminense, mas também soube falar sobre aquecimento global e os muitos problemas urbanos que afligem a cidade. Favorita, brilhou na avenida, mas não sem alguns deslizes.

Entrando com tudo

A Tijuca causou uma bela primeira impressão ao passar pelo setor 1, seção que é considerada uma espécie de termômetro dos desfiles, geralmente prevendo como será a resposta da escola na avenida. Muitos assobios, gritos, acenos e palmas do público, que comprou a ideia do samba e o celebrou com energia. Primeiro teste superado com louvor.

Unidos da Tijuca desfila na Sapucaí - Júlio César Guimarães/UOL - Júlio César Guimarães/UOL
Unidos da Tijuca desfila na Sapucaí
Imagem: Júlio César Guimarães/UOL

Existe uma luz que se apagou

A bela comissão de frente "O Sonho Transformado em Forma" representou o poder transformador da educação, com coreografia original e um "castelo" de lápis iluminados. Mas houve um imprevisto. Dois dos componentes tiveram problemas nos trajes, e eles não acenderam como programado. Aconteceu bem em frente aos jurados, o que pode resultar em décimos perdidos no quesito.

Comissão de Frente da Unidos da Tijuca - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
Imagem: Reprodução/TV Globo

Cristo 'saudador'

Destaque do desfile, uma alegoria sofisticada trazia andaimes e trabalhadores sobre uma estrutura luminosa, com uma versão do Cristo Redentor no centro. Articulado e controlado remotamente, o boneco girava saudando e se curvando ante os dois lados da plateia e aos integrantes no chão. Chamou a atenção.

Unidos da Tijuca desfila na Sapucaí - Luciola Vilella/UOL - Luciola Vilella/UOL
Imagem: Luciola Vilella/UOL

Baianas de catedral

A ala das baianas veio com as integrantes vestindo fantasias inspiradas na arquitetura da Catedral de Brasília, com azul forte e textura brilhante. Atrás delas, uma alegoria acompanhou o design homenageando a obra de Oscar Niemeyer, a marca de uma capital sonhada, com bastante brilho e coreografias de destaques.

Desfile da Unidos da Tijuca - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
Imagem: Reprodução/TV Globo

Azar de Lexa

Estreando como rainha de bateria da escola, a cantora Lexa escorregou e perdeu o equilíbrio bem quando a transmissão resolveu mostrá-la como destaque. Amparada pelo mestre Casagrande, ela se levantou rapidamente e continuou como se nada tivesse acontecido. Para a sorte da Tijuca, isso aconteceu distante dos olhos de jurados.

Lexa cai durante desfile da Unidos da Tijuca - Delmiro Junior/Brazil News - Delmiro Junior/Brazil News
Imagem: Delmiro Junior/Brazil News

"Onde Moram os Sonhos"

Compositores Dudu Nobre, Totonho, André Diniz, Fadico e Jorge Aragão
Intérprete Fernando Costa

O sonho nasce em minha alma
Vai tomando o peito e ganhando jeito
Se eternizando, traduzido em forma
O mais imperfeito, perfeição se torna
Lá no meu quintal, eu vou fazer um bangalô
Já foi tapera feita em palha e sapê
E uma capela que a candeia alumiou
A lua cheia?

Vem, é lindo o anoitecer
Vai, eu morro de saudade
Todo mundo um dia sonha ter
Seu cantinho na cidade

Como é linda a vista lá do meu Borel
Luzes na colina, meu arranha-céu
Linhas do arquiteto, a vida é construção
Curva-se o concreto, brilha a inspiração

Lágrima desce o morro
Serra que corta a mata
Mata, a pureza no olhar
O Rio pede socorro
É terra que o homem maltrata
E meu clamor, abraço o Redentor
Pra construir um amanhã melhor
O povo é o alicerce da esperança
O verde beija o mar, a brisa vai soprar
O medo de amar a vida
Paz e alegria vão renascer
Tijuca, faz esse meu sonho acontecer

A minha felicidade mora nesse lugar
Eu sou favela!!!
O samba no compasso é mutirão de amor
Dignidade não é luxo, nem favor

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