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Bloco da Pocah faz som de churrasco e inferninho para LGBTs e manos

Pocah se apresenta no Rio de Janeiro - Marcelo de Jesus/ UOL
Pocah se apresenta no Rio de Janeiro Imagem: Marcelo de Jesus/ UOL

Matias Maxx

Colaboração para o UOL, no Rio

25/02/2020 03h27

Já passava de 1h30 quando Pocah subiu ao palco montado nos jardins do MAM, no Rio de Janeiro, vestindo maiô rosa e estrondando "Não sou obrigada a nada", hit que a consagrou e chegou a ser censurado no Faustão —e por acaso foi cantado esta semana pela filha de Sandra Annenberg. Foi um fim de semana agitado para a ex MC Pocahontas, que desfilou ontem na Grande Rio fantasiada de índia.

Pocah seguiu acelerando os beats e arrancando gritos e remelexos da plateia. "Olha o movimento que ela desce" colocou todo mundo para quebrar as cadeiras de um jeito que parecia até uma aula de lambaeróbica ou algo compatível hoje em dia.

"Esta música eu fiz especialmente para aquele ex embuste que não vale porra nenhuma." Essa foi a apresentação de Pocah para "Pode Chorar" —coincidências ou não, Pocah foi morar recentemente com um ex de Anitta.

Na sequência veio "Pegando Fogo" feat incendiário com Lara Silva de maiô prateado "com o popô pegando fogo" no palco. Terminou numa disputa de twerk que provavelmente vai ficar na memória de quem estava perto do palco.

Ludmilla e Kevin o Chris foram os artistas mais interpretados na noite. Diferentes das colegas Luísa Sonza e Gabily, que foram de "Verdinha", Pocah preferiu chapar numa "Onda diferente" —parceria de Ludmilla com Anitta, Snoop Dogg e um pé de bambu. Outro cover recorrente na noite, "Sequência de Vapo Vapo", de MC Ingryd, o grande hit deste Carnaval também fez parte de seu set, claro.

Pocah se apresenta no Rio de Janeiro - Marcelo de Jesus/ UOL - Marcelo de Jesus/ UOL
Imagem: Marcelo de Jesus/ UOL

Às duas da matina finalmente veio o momento de "bater com a bunda no chão" ao som de "Carnaval Chegando". E o povo parecia mais disposto a ralar no chão molhado e fedido de cerveja derramada do que dar PT. Sinal de uma missão cumprida.

O Brasil profundo baixou no palco e a banda de sete cabeças fez a diferença no cover de "Amor perfeito" de Luan Santanna e um belo combo de Kevin o Chris com "Dentro do Carro" (com direito a sample dos Beatles), "Vamos pra Gaiola" (com virada estilo escola de samba) e "Evoluiu" (infalível do jeito que essa música sempre será).

Fica a dúvida de quem foi mais tocado nesta noite: o Kevin ou a Lud. Afinal, ainda tocou "Favela Chegou".

O show de Pocah foi a coroação de uma noite de funk, brega, arrocha, pagode, rap romântico e todas as vertentes de música que toca no baile, no churrasco ou no inferninho.

Pocah se apresenta no Rio de Janeiro - Marcelo de Jesus/ UOL - Marcelo de Jesus/ UOL
Imagem: Marcelo de Jesus/ UOL

Fenômeno da rima

Pocah saiu de cena abrindo espaço para o vocal amplificado e autotunado de Orochi, fenômeno das rodas de rima, hoje o cara do rap e trap que mais toca nas favelas cariocas, independente de área ou facção.

Revezando seus hits com freestyles dedicados para a plateia, ele colou com o trap de favela na hora certa, pós PT da Pocah. Geral pegadissímo, pulando menos mas cantando e curtindo muito, "Acende o isqueiro" e "Balão" —canções mais ou menos sobre o mesmo assunto que "Verdinha" e "Onda diferente" que vão direto ao tema.

Não que as explanações canábicas da Lud tenham seu valor, e têm muito. Mas pé de bambu e alface é complicado, a gente entende que tem de botar seu precioso público infantil para comer o verde. Tá certa ela!

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