Quem são os 'moradores' das ladeiras de Olinda no Carnaval?
O Carnaval é de rua. Mais de 2.000 blocos, 400 orquestras, nove polos de folias diferentes e gratuitos foram confirmados na programação oficial de 2020 pela Prefeitura de Olinda. "Tá pago!", como diria a nova gíria das academias. Mas, anualmente, a época do ano também carrega para os moradores do Sítio Histórico, onde acontecem a maioria das atividades, um valor financeiro bastante considerável, que os fazem sair do conforto do seu lar para alugar para grupos vindos de todo lugar do Brasil e do mundo.
Para quem aluga, é necessário desembolsar entre R$ 8.000 e R$ 30 mil nas casa mais acessíveis, mas é possível encontrar quartos pela temporada carnavalesca por 3.000 e, sempre existe a possibilidade de se agregar a algum grupo que já esteja dividindo uma residência.
Auxiliadora Araújo é coordenadora escolar em Teresina (PI) e aluga casas há 15 anos em Olinda. É comum dar nome aos imóveis alugados. "A Turma da Saideira", localizada na rua do Amparo, uma das mais movimentadas da Cidade Alta, é como os piauienses chamam a casa que alugam. "A gente aluga entre R$ 20 mil e R$ 30 mil. A que peguei esse ano custou R$ 20 mil e foi mais barata porque não é mobiliada", explica.
Renata Almeida mora no Recife, mas reúne na casa pessoas de Natal, Curitiba, São Paulo, João Pessoa, entre outras cidades. A ideia é juntar os amigos que moram em outros lugares para brincar o Carnaval e proporcionar o encontro pelo menos uma vez ao ano. É a segunda edição da "Nossa Casa", mas há dez anos já brincam a festa em Olinda. A casa com três ambientes, cozinha e quintal custou R$ 13 mil.
"Vários de nós somos psicólogos e trabalhamos com saúde mental e redução de danos. Nos conhecemos em feiras e congressos, e formamos o grupo com alguns amigos de amigos também", conta.
Olinda Aguiar é moradora da rua Coronel Joaquim Cavalcanti há 33 anos. O local onde mora foi construído pelo seu pai: Bil de Olinda. Aluga a casa todos os anos porque, segundo ela, o preço é muito bom. A parte grande da casa fica por 8.000 com uma cozinha coletiva externa. Suítes individuais saem por R$ 3.500. Sempre de sexta a Quarta-feira de Cinzas. As reservas são realizadas desde julho.
Há também quem não alugue de forma alguma. André Oliveira, morador da rua do Bonsucesso, local de onde sai o Homem da Meia-Noite, teve uma péssima experiência e prefere não alugar mais.
De acordo com ele, o nível de depreciação não vale a pena porque o que seria lucro, acaba se esvaindo. Mais de 70% acaba sendo necessário ser reinvestido para reforma após o Carnaval.
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