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Rio de Janeiro

Bangalafumenga faz bailão com 500 mil foliões no Aterro do Flamengo

Michel Alecrim

Colaboração para o UOL, no Rio

23/02/2020 14h18

Um público estimado pela Riotur, órgão da prefeitura do Rio de Janeiro, em 500 mil pessoas participou do bailão promovido pelo Bangalafumenga no Aterro do Flamengo, na zona sul carioca. Apesar do atraso de duas horas em decorrência de danos provocados pela chuva de ontem, a apresentação levantou a multidão, principalmente com a participação do cantor Serjão Loroza.

O início estava marcado para as 9h, mas os músicos só começaram a tocar às 11h. O motivo, segundo os organizadores, foi a forte chuva que atingiu ontem o Rio e teria derrubado uma torre com caixas de som sobre o palco.

O cantor e fundador do Banga, Rodrigo Maranhão, chegou a anunciar no palco que não faria mais esse tipo de Carnaval parado. Iniciou o show explicando ao público que as primeiras músicas seriam uma passagem de som ao vivo.

"Não aguento mais essa estrutura. Ano que vem vamos sair na rua no meio do povo", disse Maranhão.

A empresa municipal Riotur informou que o incidente no palco era de responsabilidade dos organizadores e não comentou o atraso. Mas tudo ocorreu bem durante o espetáculo, que começou com cirandas do Nordeste e traçou um panorama amplo da música brasileira, sempre com muita batucada.

O Bangalafumenga é um dos blocos do Rio mais ativos durante o ano. Suas oficinas de percussão formam ritmistas que renovam constantemente a bateria e fornecem pessoal para outras agremiações.

"Somos uma fábrica de ritmistas", destaca Rodrigo Maranhão.

No primeiro bloco da apresentação, que durou cerca de 50 minutos, a bateria foi formada justamente por "novatos".

Eles embalaram os foliões com o sucesso "Teus sinais", de Alceu Valença. Também mostraram competência no batidão introduzido em "Madalena", de Martinho da Vila.

A participação especial da cantora mineira Fernanda Santanna fez a multidão dançar e cantar com a versão axé de "Eva" e o hit de todos os carnavais "Prefixo de Verão" (Bamdamel). Ela soltou a voz em "Maria, Maria" (Milton Nascimento), quando homenageou as mulheres, e arrancou aplausos.

A participação especial de Serjao Loroza, que já cantou com o Monobloco, transformou o Aterro num bailão. Com sucessos de Tim Maia e Jorge Ben, o cantor fez o povo pular. Loroza também empolgou com sambas-enredo históricos, como "É Hoje" (União da Ilha) e "Aquarela Brasileira" (Império Serrano).

No fim, o público pediu bis, mas o bloco teve que encerrar às 14h.

O tempo nublado espantou o calor e deu um refresco ao público que encheu o Aterro. Matheus Faria, 30, montou sua fantasia em conjunto com a namorada Gabriela Affonso, 28. Ele fez cartaz com a frase "Mamando nas tetas do governo" enquanto ela se identificava como "governo" no arco.

"É sempre uma oportunidade de protestar e de brincar também", disse Faria.

Daniel Trotte, 27, também não largava da namorada, Bárbara Antunes, 25, sem perder a expectativa do início do bloco. "Esse é o único que eu faço questão de vir. O Bangalafumenga é o melhor"', ressalta Antunes.

Trotte leva o cavaquinho para os blocos. Nos trajetos para casa outros foliões se juntam e até firmam um bloco. "Vale bater uma latinha, juntar com alguém com tamborim e formamos o bloco do metrô", afirma Trotte.

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