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X-9 fecha primeiro dia em SP com desfile leve e colorido debaixo de chuva

Rainha de bateria da X-9 Paulistana, Juju Salimeni apareceu morena e de fantasia verde - Ricardo Matsukawa/UOL
Rainha de bateria da X-9 Paulistana, Juju Salimeni apareceu morena e de fantasia verde
Imagem: Ricardo Matsukawa/UOL

Do UOL, em São Paulo*

22/02/2020 07h54

Uma das mais tradicionais escolas de samba de São Paulo, a X-9 Paulistana entrou na avenida para tentar repetir o desempenho de 2000, quando venceu pela última vez o Carnaval paulistano. Com resultados decepcionantes nos últimos dois anos, a agremiação trocou de carnavalesco — agora, Pedro Alexandre Magoo joga as fichas no samba-enredo "Batuques para um Rei Coroado".

Unindo ritmos persuasivos de várias regiões e religiões do país, a agremiação da zona norte da capital paulista prometeu (e entregou) um mergulho sonoro e estético pelo samba, xaxado, forró e maracatu, além de explorar as festas do Divino e de São João.

Debaixo de chuva

Minutos antes da X-9 Paulistana desfilar, começou a chover no Anhembi. A chuva, que deu trégua a noite inteira, começou a cair por volta das 7h da manhã. A escola só entrou neste horário por causa dos atrasos no desfile.

"Vamos mostrar nosso trabalho com chuva ou sem chuva, com atraso ou sem atraso", disse o presidente da agremiação, Ailton Martinelli. Raphael Chiarelli, da diretoria da escola, acredita que nem a chuva nem o atraso provocado pela Dragões prejudicaram a X-9.

"Não prejudicou em nada. Vamos fazer o mesmo espetáculo com ou sem chuva. Não tem que arrumar desculpa. Se Deus quis assim é porque vai ser o melhor para o nosso desfile. Nossas alegorias têm espelhos, o efeito vai ficar ainda mais bonito com a claridade", completou.

Com a X-9 já na avenida, a chuva acabou passando, mas a temperatura caiu bastante e o vento era forte. A escola, que fez um desfile tranquilo de 1h03, chegou à dispersão quando o Sol começava a querer aparecer e o relógio marcava 8h20.

Cores e espelhos

A X-9 Paulistana passou pelo Anhembi com 2.300 componentes, 5 carros e 25 alas. A opção da escola por cores cítricas e fluorescentes, além de fantasias mais leves e sem tantas plumas, compensou à luz do dia e debaixo da chuva no sambódromo, criando um espetáculo colorido na avenida.

A agremiação veio também com algumas fantasias e carros espelhados — que, segundo o carnavalesco, ajudariam a refletir a claridade. A X-9 teve um problema em uma de suas alegorias, que vinha em duas partes acopladas. A conexão entre elas se quebrou no meio do desfile, obrigando os integrantes a empurrá-las separadamente.

Depois disso, carro alegórico teve dificuldade de passar pela avenida da forma correta, evoluindo de maneira irregular e por vezes se chocando contra as grades laterais do Anhembi. O problema pode custar pontos para a X-9 em quesitos como evolução e alegoria.

Entre os destaques da escola estiveram a rainha de bateria Juju Salimeni e o bailarino Igor Maximiliano, que foi professor da última edição do quadro Dança dos Famosos, do "Domingão do Faustão".

Batuques Para Um Rei Coroado

Compositores André Diniz, Arlindinho, Cláudio Russo, Márcio André Filho, Pê Santana
Intérprete Pê Santana

Eu sou o samba, rei do povo brasileiro
Sou o batuque da X-9 nos terreiros
De ogum meu padroeiro e de todos os orixás
Na pulsação que vem dos ancestrais

Quando o toque ritmado toca o destino
Cada passo mostra o que passou
Sou um contador e conto a dor de um peregrino
Um som divino me enfeitiçou
Vi os ibejis beijarem a sorte

A morte singrar o oceano
Mudaram os ares, os mesmos olhares
Ferida no corpo, a alma espelha
Rufam tambores que marcam a pele vermelha

O som da marujada
Na tribo que festeja
Encanta a batucada
Começa a peleja

Rito da moça na aldeia
Tom que passeia no ar
É valor de mina longe a ecoar
Arrasta-pé no chão rachado
Poeira vagueia ao luar do sertão

Brilham forró e xaxado
Festa do divino e são João
Gira a saia e abre a roda
Alegria transborda também na Bahia
Maracatus, caboclinhos
Seguindo caminho que a fé irradia

No ticumbí, no catopês
Pandeiros, ganzás, xequerês
Dos atabaques do jongo à folia de reis
A Zona Norte desfila e emociona outra vez

*Colaboraram Anahí Martino e Soraia Gomes

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do informado no 1º parágrafo desta nota, a última vez que a X-9 Paulistana foi campeã do Carnaval foi em 2000, e não em 2017. A informação foi corrigida.

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