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Recife e Olinda

Pífanos arrastam multidão em Olinda tocando Pink Floyd

André Soares

Colaboração para o UOL, em Olinda

22/02/2020 14h42

São 12 anos desde que um grupo de apaixonados pelo pífano, instrumento típico da região Nordeste, uniu duas paixões: a referência pernambucana do pife (como é conhecido no estado) e a paixão pela banda britânica Pink Floyd.

Suas músicas e de outros artistas internacionais começaram a receber versões a partir das 11h deste Sábado de Zé Pereira, na Travessa São Francisco, no Sítio Histórico de Olinda.

Vizinhos ao Pife Floyd, um caminhão carregado de água aguardava um momento também clássico de Carnaval: o banho de mangueira para os foliões que acompanharam o bloco "Eu Acho é Pouco".

Logo mais à frente, rodeados pelo público e com volume de som um pouco baixo devido à acústica dos instrumentos, músicos animavam a rua nos minutos finais antes de começar a peregrinação nas ladeiras.

Primórdios

"Surgimos como qualquer troça carnavalesca olindense. A gente tinha uma ideia em comum que era fazer releituras de músicas modernas, mas nesse formato tradicional do pife. A nossa bandeira é um resgate da estética primitiva das bandas de pífano", explica Júnior Du Jarro, integrante do bloco.

A primeira manifestação aconteceu na ladeira da Pitombeira, nome da árvore frutífera que intitula a Troça Carnavelesca Mista Pitombeira dos Quatro Cantos, também de Olinda. Um grupo de amigos tocava na banda "Santo de Casa", mas como só atuavam no período junino, resolveram estender a história para o Carnaval.

Anualmente o público só aumenta. Os apaixonados pelos britânicos não resumem apenas aos clássicos da banda.

"No ano passado homenageamos Roger Waters e Hermeto Pascoal, mas diante dos últimos acontecimentos envolvendo o Governo Federal, mais uma vez o design não foi com capas do Pink Floyd. Escolhemos como mote a cultura indígena porque acreditamos que eles são os verdadeiros detentores da terra", acrescenta Du Jarro.

A arte das camisas foi concebida pelo artista Mateus Samico com alusão aos grafismos dos índios Kapinawá, etnia que habita a Serra do Macaco, no estado de Pernambuco.

"É uma forma de homenagear e ao mesmo tempo protestar por essa cultura ancestral" finaliza.

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