Acadêmicos do Tatuapé faz desfile honesto, mas não empolga com tema Atibaia
A Acadêmicos do Tatuapé, quinta escola a desfilar no Grupo Especial do Carnaval de São Paulo, fez um desfile correto, com um samba-enredo afiado, carros bonitos e fantasias caprichadas. Ainda assim, com o tema dedicado à cidade de Atibaia, foi difícil empolgar o público na arquibancada do Anhembi.
Pesou também o atraso causado pelas escolas anteriores, que fez com que a Tatuapé entrasse cerca de uma hora e meia depois do horário previsto. O sambódromo sofreu com um congestionamento de carros alegóricos depois que alguns carros da Dragões da Real enroscaram na fiação elétrica na dispersão. Quando a agremiação enfim conseguiu entrar na avenida, as arquibancadas já estavam bastante esvaziadas.
A escola da zona Leste preparou para 2020 o samba-enredo "O ponteio da viola encanta... Sou fruto da terra, raiz desse chão... canto Atibaia do meu coração" e fez uma ode à vida no campo ao celebrar a cidade do interior de São Paulo. Mestre Higor, diretor de bateria da agremiação, é natural de Atibaia.
A azul e branco desfilou com com 2.761 integrantes, 26 alas, e cinco carros. Na abertura do desfile, destaque para o trio infantil formado pela estandarte Talita, de 12 anos, e o mestre-sala e porta-bandeira mirins André e Maria Eduarda.
O carnavalesco Wagner Santos foi o responsável pela concepção artística do desfile, enquanto o intérprete Celsinho puxou o samba feito por 11 compositores.
Música celebrada
A música puxou a escola, com a comissão de frente "A Música e Suas Notas Musicais". Já no carro abre-alas, "A Tatuapé Abre A Porteira do Paraíso", o grande violeiro era o destaque no alto da alegoria.
Entre outras características da cidade que fica no interior de São Paulo, alambiques, comidas típicas, animais e uma casa representando a Fazenda Paraíso, uma das primeiras construções do local e atual ponto turístico.
Um fanfarra local também participou do desfile, introduzindo a bateria. A FAMA (Fanfarra Municipal de Atibaia) coloriu a avenida com bandeiras e fantasias mais sequinhas. Com 240 ritmistas, a bateria de Mestre Higor destacou-se com a ala de cuíca 100% feminina.
Pedra Grande e flores naturais
Um dos carros da Acadêmicos da Acadêmicos do Tatuapé representava a Pedra Grande, principal ponto turístico da cidade e área procurada por praticantes de asa-delta. O carro trouxe alguns atletas da modalidade, além de integrantes escalando a pedra na parte de trás da alegoria.
No carro "Evolução Econômica e Industrial", uma chuva de papel picado tomou o público nas arquibancadas, partindo de uma maria-fumaça. A alegoria trazia também os escravos, usados como mão de obra nos engenhos, além de integrantes que desfilaram como imigrantes europeus.
Uma ala com a velha guarda, representando Nossa Senhora do Rosário, desfilou com fantasias que acendiam e que coloriram ainda mais a passarela do samba. Na ala que representava o café, o cheirinho da bebida se espalhou pelo Anhembi.
As famosas flores de Atibaia vieram representadas no último carro, com os imigrantes japoneses, que chegaram décadas depois dos europeus. A alegoria muito colorida foi decorada com 50 mil flores naturais e chamou a atenção quando os primeiros raios do dia surgiam no sambódromo.
Musas
Pelo quarto ano seguido, Andréa Capitulino desfilou como rainha de bateria da tradicional escola. A carioca deu sorte em sua estreia à frente dos ritmistas em 2017 e repetiu a dose em 2018, com o bicampeonato da agremiação. Já Ana Paula Minerato, ex-Gaviões da Fiel, estreou na Tatuapé como musa de bateria.
A Acadêmicos do Tatuapé tenta o tricampeonato após ficar com o título de campeã nos carnavais de 2017 e 2018. Já no ano passado, a agremiação teve um desempenho modesto e ficou em sétimo lugar, não se classificando nem para o Desfile das Campeãs.
Samba-enredo
O ponteio da viola encanta... Sou fruto da terra, raiz desse chão... canto Atibaia do meu coração
Compositores: Turko, Zé Paulo Sierra, Maradona, Silas Augusto, Rafa do Cavaco, Luis Jorge, Léo Reis, Fabiano Sorriso, Márcio André, Daniel Kattar e Bello
Intérprete: Celsinho
Ê viola! Inspiração da minha alma sertaneja
Ê viola! O meu paraíso abriu a porteira
O galo canta anuncia um novo dia
Relicário de beleza, doce água cristalina
É sagrado esse chão...
No suor da enxada eu cresci de grão em grão
Lá vem o trêm... lá vai fumaça
O meu folclore é herança popular
Senhora do Rosário me alumia
Salve as águas de Oxalá
Lê lê lê lê lê á... vem pro nosso arraiá
Tem fogueira, quentão viva meu São João
Puxe o fole sanfoneiro pra viola chorar
O balão vai subindo pro céu enfeitar
Sou eu... filho da terra onde mora a poesia
Um violeiro que seguiu em romaria
Oh mãe querida peço tua proteção
Trago no peito essa tradição
E o orgulho de viver nesse lugar... (Meu lugar)
Num "templo" de paz e amor
Das mãos calejadas a arte brotou
Do alto da pedra, obra divina do meu criador
É carnaval...
Sinto perfume das flores
Um doce sabor no meu paladar
É Atibaia... nos braços do povo a cantar
Ponteia viola... bate o meu coração
Sou fruto da terra, raiz desse chão
Tatuapé... comunidade guerreira
Levanta sacode a poeira
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