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O cacique voltou: Carlinhos Brown abre oficialmente o Carnaval de Salvador

Carlinhos Brown - Webert Belicio/AgNews
Carlinhos Brown Imagem: Webert Belicio/AgNews

Aurelio Nunes

Colaboração para o UOL, em Salvador

20/02/2020 21h20

Com direito a carro alegórico de pombas brancas, banho de pipoca e uma bateria formada por 150 percussionistas, Carlinhos Brown abriu oficialmente hoje a edição 2020 do Carnaval de Salvador.

Foi o retorno do cantor, compositor e multi-instrumentista à festa que o projetou para o Brasil e para o mundo, depois de ficar afastado da folia soteropolitana em 2019 no ano passado por falta de patrocínio.

Desta vez, Brown foi escolhido como uma das atrações apoiadas pela Prefeitura de Salvador. Mais do que isso, foi escolhido para abrir os festejos e entregar a chave da cidade ao Rei Momo ao lado do prefeito Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM).

Tradicionalmente realizada no circuito do Campo Grande, a cerimônia ocorreu pela primeira vez no Circuito Barra-Ondina, que concentra não apenas o maior número de foliões como os holofotes da mídia. É da Barra que são geradas as imagens das principais emissoras de TV aberta da transmissão do carnaval soteropolitano.

Na ausência do governador Rui Costa - representado pelo secretário de turismo Fausto Franco - e do próprio Carlinhos Brown, que preferiu comandar boa parte do desfile no chão, à frente dos timbaleiros, ACM Neto desfilou na parte frontal do trio elétrico ao lado de seu vice, Bruno Reis, ungido por ele para representar seu grupo político nas eleições municipais de outubro.

Alheio à sucessão municipal Brown mostrou-se igualmente indiferente a outra grande polêmica do momento, que é o debate em torno da pertinência do uso de fantasias de índio, motivado pelo figurino exibido pela atriz Alessandra Negrini no Bloco Augusta, em São Paulo. Brown subiu ao trio com o tradicional cocar de cacique e abriu os trabalhos com a não menos tradicional saudação "Ajaiô!".

"Estamos comemorando este ano 70 anos do trio elétrico, 35 anos da Axé Music, que tantas coisas boas me proporcionou, além dos 50 anos de carreira de Luiz Caldas, que é pai da Axé Music. Vamos nos unir, temos muito a celebrar", discursou o Cacique do Candeal.

No clima de "gratidão, paz e amor", ele abriu o desfile com "Muito Obrigado Axé", música que compôs para uma inédita parceria entre Ivete Sangalo e Maria Bethânia. Mas nem bem terminou a segunda música, uma pane elétrica em um dos geradores provocou um blecaute no trio.

Assim que um segundo gerador foi acionado, em 10 minutos, a festa tomou seu curso esperado, com uma apresentação animada por um repertório de antigas composições de Brown que remontam aos tempos áureos da Timbalada e Toque Timbaleiro, entremeadas pela parceria com o cantor Lucas de Fiori nos vocais de clássicos do Olodum, como E lá Vou Eu, Madagascar Olodum e Faraó, Divindade do Egito.

Brown também desfilou na avenida músicas de outros carnavais, como A Namorada, canções dos tempos de Tribalistas ("Já Sei Namorar"), e enlouqueceu a turba de seguidores com uma versão ultra-dançante de "Não Quero Dinheiro", de Tim Maia. O Cacique está de volta. E pelo rastro de animação que deixou na avenida, ele voltou para ficar.

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