Hits, representatividade e punhos em riste: Por que show de Iza é tão forte

Iza sobe ao palco e, quando o show acaba, o clima é outro. A cantora, que se apresentou na tarde de hoje no Festival CarnaUOL, mostrou seus hits pop, entoados por sua voz poderosa, mas foi além. A cantora consegue mexer intimamente com os fãs e os conduz da empolgação ao choro coletivo de alegria. É mais do que um show. É representatividade.

Um trecho do famoso e simbólico discurso "I Have a Dream", do ativista Martin Luther King, símbolo da luta contra a segregação racial nos Estados Unidos, faz com que o público eleve as mãos cerradas em riste. Com um discurso de igualdade, Iza comove e arrasta uma multidão de meninos e meninas por onde passa, mesmo que seja para vê-la pela décima vez.

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É o caso de Juliana Novais. A jovem de 20 anos está de mudança de São Paulo para Recife e foi prestigiar sua cantora favorita mais uma vez. Queria ganhar energia para a nova fase de sua vida.

"O que hoje ela representa para a juventude negra é algo que eu não tive quando criança. Eu não via uma pessoa igual a ela na televisão, eu não me via. Vê-la no palco é representatividade, é orgulho", conta Juliana, em lágrimas, após o fim do show.

Objetivo cumprido, ela parte para Recife com as esperanças renovadas. "Agora, eu sei que um dia eu posso conseguir o que quiser, posso lutar, porque os meus estão conseguindo", diz, depois de ver a cantora e seu time de bailarinos negros brilhando para uma multidão no pré-Carnaval de São Paulo, realizado no Jockey Club.

Perto dela, outra fã se emociona com o show, embalado por sucessos como "Pesadão" e "Dona de Mim". "Quando você é uma menina negra, é importante falar de autoestima, de autoconfiança. As músicas da Iza trazem tudo isso, e fico muito feliz por ela representar a gente", diz Mariana Fernanda, 18 anos, que está pela sexta vez em uma apresentação da cantora.

Na cabeça, ela ostenta uma tiara com a inscrição "dona de mim". Passou a madrugada com as amigas cortando as letras e montando adereços com os nomes das músicas de Iza, para homenageá-la.

Também emocionada, Nathalia Cristina, 21 anos, tenta colocar em palavras o sentimento de comoção que domina o público. "A música 'Dona de Mim' representa força e me dá a esperança de que um dia vou conquistar tudo aquilo que sonhei", conta ela, que faz uma renda extra se apresentando como cover oficial da cantora. "Estou chorando por todas as dificuldades que já enfrentei na vida."