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Blocos do Rio se organizam para evitar confusão; saiba a quem recorrer

O Bloco da Favorita reuniu cerca de 300 mil pessoas em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro - ALLAN CARVALHO/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO
O Bloco da Favorita reuniu cerca de 300 mil pessoas em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro Imagem: ALLAN CARVALHO/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO

Monique Arruda

Colaboração para o UOL, no Rio

28/01/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Polêmica tem tomado conta do pré-carnaval no Rio depois da confusão que ocorreu no enceramento do bloco da Favorita, em Copacabana
  • Produtores de grandes eventos e um advogado explicam quais medidas estão sendo tomadas e a quem recorrer em caso de confusão e roubo
  • Presidente da Sebastiana, Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro, ressalta burocracia

Uma grande polêmica tem tomado conta deste início de pré-Carnaval no Rio de Janeiro depois da confusão generalizada que ocorreu no enceramento da apresentação do bloco da Favorita em Copacabana, no dia 12 de janeiro.

O palco montado na praia teve atrações como Preta Gil e Ellen Jabour. Porém, o que virou notícia foi a desordem após o fim da festa, quando, segundo relatos, a Guarda Municipal tentou dispersar o público que ainda estava nas areias. Em meio ao gás lacrimogêneo, garrafas foram jogadas pelos foliões e até um hóspede do Copacabana Palace teria sido atingido enquanto aproveitava a piscina. Após o ocorrido, Crivella adotou medidas para evitar confusão e decidiu que grandes blocos desfilariam de manhã.

Mas, afinal, o que um bloco de rua de grande porte precisa fazer para evitar problemas como esses? A reportagem do UOL conversou com produtores e um advogado para saber quais medidas estão sendo tomadas e a quem recorrer em caso de confusão e roubo.

Rita Fernandes, Presidente da Sebastiana, Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro, diz que o planejamento é essencial e ressalta a burocracia que os órgãos públicos impõem para realizar os desfiles, que, segundo ela, ao invés de ajudar, atrapalha e muito.

Organização e planejamento

"Para nada dar errado é preciso muita organização e ter um planejamento bem estruturado. Temos que saber quantas pessoas vamos contratar para equipe de apoio, quantos carros de som vai precisar, o tamanho da bateria, quantos integrantes, músicos, transmissão de um carro para o outro, conhecer bem a característica do público e o trajeto, além de conversar com os órgãos públicos de segurança para que tudo dê certo. Por isso nosso carnaval é planejado desde maio do ano anterior", conta Fernandes.

Ela reclama bastante da falta de compreensão dos órgãos e do que eles exigem. "São vários decretos que se sobrepõem e há um entendimento diferente da parte dos órgãos públicos. A RioTur, por exemplo, está mudando a toda hora suas determinações. Isso atrapalha bastante na nossa organização. Além disso, a falta de postos médicos e ambulâncias não condiz com as exigências feitas. Os blocos não têm como arcar com a quantidade de postos, ambulâncias e médicos que os órgãos pedem", diz a responsável por blocos que arrastam milhares de foliões, como Carmelitas, Suvaco de Cristo e Simpatia.

Sair da rotina faz parte

O bloco Chora Me Liga, que vai sair no sábado, 15 de fevereiro, às 8h, na Primeiro de Março, no Centro, é famoso por ser um dos maiores blocos de Carnaval da cidade e promete recorde de público este ano, já que ano passado não desfilou. Mas, de acordo com Marcelo Vital, um dos responsáveis pelo bloco, o desfile tem tudo para transcorrer na mais perfeita paz.

"Para nada dar errado é necessário entender e conhecer a região do desfile, bem como as características dos moradores do local para assim causar o menor impacto possível no dia a dia da região. Sabemos que a realização de um bloco de carnaval foge da rotina normal do local, mas com organização, cuidado com o bairro e seus moradores e com uma comunicação alinhada, o resultado é alegria e diversão".

Segundo ele, como o carnaval é de rua, não tem condição da segurança ser particular: "A segurança é feita pela Guarda Municipal e PM. Nós trabalhamos com controladores de acesso ao trio. Esses homens cercam o carro para que assim o trio consiga andar e tudo transcorrer em paz".

Advogado dá dicas para o folião

Mas e se der errado, tiver confusão e o folião for assaltado ou sofrer injusta agressão física? A quem ele tem de recorrer? Dr. Paulo Souza, do escritório MSDA Advogados, explica que, dependendo da situação, cabe processo ao município do Rio, ao estado do Rio, e até mesmo aos responsáveis pelo bloco.

"Cada caso é um caso. Se a pessoa for injustamente agredida pela Guarda Municipal, pode ser caracterizado como abuso de poder e ela pode processar a prefeitura. Se ela for assaltada na frente da Polícia Militar e a PM nada fizer, poder ser caracterizado como negligência e cabe processo ao Estado", Souza.

Segundo o advogado, se a pessoa for agredida por algum controlador de acesso ao trio, que são contratados pelos blocos, ela pode processar os responsáveis pelo bloco. "Mas, em todos os casos, o que deve ser feito imediatamente é procurar uma delegacia e prestar queixa ou fazer o boletim de ocorrência online."

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