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Polícia do Rio investiga venda de bebidas adulteradas em blocos de Carnaval

Thaís Sant'Anna

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/01/2020 12h41

Uma farmacêutica de 30 anos revela ter passado mal após ingerir uma cerveja comprada de um vendedor ambulante não credenciado, durante bloquinho de pré-Carnaval no Rio de Janeiro, no último sábado. Casos semelhantes foram relatados em áudios que circulam pelas redes sociais.

Em contato com o UOL, a Polícia Civil do Rio de Janeiro informou que abriu investigação. "A 5ª Delegacia de Polícia (Centro) registrou e está investigando o fato de bebidas adulteradas terem sido vendidas a pessoas durante blocos de carnaval no último fim de semana. Diligências estão sendo feitas e a investigação está em andamento", diz o comunicado emitido.

A farmacêutica Marcella Figueiredo acredita que a bebida foi "batizada", ou seja, colocaram alguma substância no líquido. Ela estava no "Oi, Tavinho", no bairro de Santa Tereza, no Centro do Rio. Após ingerir a cerveja, Marcella ficou enjoada e chegou a apagar, sendo ajudada por amigos.

"Uns 20 minutos após beber a cerveja, em uma [garrafa] long neck, falei para um amigo que estava passando muito mal. Eu não lembro nem disso, quem resgatou isso na minha memória foi ele. Vomitei muito, muito, muito, lembro de meu amigo falar algumas coisas e de eu cair no chão. Depois, não lembro de mais nada", relata, em entrevista ao UOL.

Marcella foi levada desmaiada para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Botafogo, na Zona Sul, onde foi medicada e tomou soro.

"No dia seguinte, eu estava muito mexida com isso, com vergonha, porque sou supercarnavalesca, passo dias na folia, bebo muito mais do que tinha bebido naquele dia. E foi quando me dei conta. Encontrei com um amigo médico, contei a ele, que falou: 'amiga, com certeza você foi drogada'", diz.

Marcella, então, lembrou que o vendedor agiu de maneira suspeita. "O cara que fez questão de abrir minha cerveja e de uma maneira muito estranha, com a mão tampando o gargalo. Na hora você não vê maldade, acha que é uma gentileza. E, na verdade, a pessoa está querendo te desmaiar na rua, sabe lá pra quê", conta.

"Não são ambulantes, é uma quadrilha"

Marcella faz questão de ressaltar que comprou bebida de um ambulante não credenciado.

"Vi comentários na internet falando mal dos ambulantes. A maioria está ali no corre, precisa de dinheiro, dorme na rua. Não vamos também tratar dessa maneira, como se todos estivessem aproveitando da gente, porque não é verdade. É uma quadrilha que se utiliza dessas figuras (ambulantes) para fazer uma maldade", pondera.

A farmacêutica pretende abrir um boletim de ocorrência ainda hoje para registrar o caso.

"Misturar um depressor de sistema nervoso central com álcool dá morte. Eu poderia ter morrido, mesmo estando com meus amigos. Que sirva para as pessoas se protegerem, comprarem bebidas apenas de ambulantes credenciados, de preferência de lata, e não deixar ninguém abrir, e para os hospitais também tomarem ciência que pode ser isso, quando chegar alguém nesse estado", alerta.

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