Faltando pouco para os desfiles, temporal alaga escolas de samba em SP
Carnaval é a última coisa em que a população e o poder público pensam quando um temporal de grandes proporções atinge uma capital do tamanho de São Paulo como ocorreu nesta segunda-feira (10). No entanto, a 12 dias dos desfiles, as escolas de samba têm a segurança de suas alegorias e fantasias como a principal prioridade. Trata-se do trabalho de um ano inteiro que pode ser perdido com os alagamentos espalhados por toda a cidade.
No Twitter, torcedores das agremiações paulistas compartilham vídeos e fotos que assustam os corações mais apaixonados. A Rosas de Ouro aparece em dois registros. Um deles mostra esculturas em meio ao barracão alagado da escola no Jardim das Graças, próximo a uma das margens do Rio Tietê. No outro, aparece a quadra praticamente ilhada. Ambos os espaços são relevantes na reta final para o grande dia: no primeiro estão guardadas as alegorias e fantasias, e no segundo são promovidos os ensaios com a comunidade.
Procurada pela Coluna do Leo Dias, a assessoria de imprensa da escola informou que não houve perdas no material preparado para o desfile. Apesar do susto com o alagamento, houve tempo hábil para suspender as fantasias com no ateliê, impedindo que elas fossem atingidas pela água. No caso das alegorias, o acaso favoreceu a agremiação: no sábado, a equipe levou três das cinco alegorias para a concentração do Sambódromo do Anhembi e apenas dois carros estavam no barracão — nenhum deles foi danificado.
A Pérola Negra também sofreu perdas, mas ainda não conseguiu contabilizar o tamanho do estrago. O barracão da agremiação fica sob o Viaduto Mofarrej, na Zona Oeste paulista, e foi tomado pela chuva. No local, havia duas alegorias e fantasias do desfile deste ano. A agremiação está de volta ao Grupo Especial.
Para se ter uma ideia do perigo que a Império de Casa Verde correu, em frente ao barracão da escola, uma casa quase ficou submersa e a água chegou a obstruir a porta de entrada. Nos bastidores da escola, no entanto, o cenário não foi grave. As alegorias foram atingidas, mas como são criadas com materiais impermeáveis, a diretoria avalia que não houve danos significativos. Os maiores problemas são em relação ao maquinário: equipamentos de solda, por exemplo, entre outras ferramentas estão debaixo d'água e podem ficar inutilizados.
Assim como Rio de Janeiro, São Paulo também tem um complexo que reúne barracões de escolas de samba do Grupo Especial. A chamada "Fábrica do Samba" foi inaugurada em 2016, mas só dispõe de sete barracões em funcionamento — o suficiente para abrigar apenas metade da elite do samba paulistano. A ideia era que a obra fosse concluída gradualmente desde a abertura, o que não ocorreu até hoje. A promessa mais recente é de que isso ocorra antes do Carnaval de 2021. As escolas que estão sofrendo com as chuvas ainda não ocupam esses espaços com estrutura garantida pelo poder público.
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