Sem verbas municipais, escolas de samba do Rio naufragam ao tentar Rouanet
No ano em que a Prefeitura do Rio suspendeu completamente a subvenção para o Grupo Especial do Carnaval carioca, escolas de samba buscaram a Lei de Incentivo à Cultura (antiga Lei Rouanet) e, a vinte dias dos desfiles, não obtiveram sucesso na captação de recursos. Entre as oito agremiações que tiveram projetos aprovados com foco na temporada deste ano, apenas a Grande Rio obteve êxito arrecadando cerca de R$ 530 mil para o seu enredo em homenagem a Joãozinho da Goméia, líder do candomblé com importância para a história do município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Além da Grande Rio, apresentaram projetos para captação: Vila Isabel, Mangueira, Mocidade, Unidos da Tijuca, Portela, Salgueiro e Viradouro. É praxe que as escolas tentem captar recursos com empresas por meio de isenção fiscal. No ano passado, por exemplo, as propostas de Grande Rio e Vila seduziram investidores e conseguiram juntas quase R$ 2 milhões — sozinha, a escola caxiense conquistou R$ 1,5 milhão para seu enredo patrocinado sobre a educação como saída para os problemas do Brasil. Em 2018, quando a administração municipal atraiu a Uber como patrocinadora, as 13 agremiações que integravam o grupo naquele ano lucraram por meio da Rouanet. Em 2017, a Grande Rio captou R$ 3 milhões para sua homenagem à Ivete Sangalo e a Mangueira garantiu R$ 1 milhão para cantar o sincretismo religioso brasileiro.
Com a decisão do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) de acabar de vez com a pouca destinação de recursos municipais para a elite do samba, uma guinada na captação via Lei de Incentivo poderia ajudar a repor o vácuo deixado nas contas das agremiações. A queda na arrecadação já vinha acontecendo desde 2017, quando o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), entusiasta da festa, passou o bastão paras seu sucessor. Mas só agora, no fim do primeiro mandato de Crivella, foi que as escolas realmente ficaram fora do orçamento municipal. Em vez de compensar a falta de verba com o aumento de patrocínios "via Rounet", o número de escolas beneficiadas caiu, assim como o montante conquistado. São reflexos da crise financeira que assusta o estado fluminense e também da falta de interesse na Avenida por parte do mercado publicitário, cada vez mais atento à folia dos blocos de rua.
Assim como as escolas, a própria Liga das Escolas de Samba do Rio (Liesa) recorreu à Lei de Incentivo para tentar viabilizar os ensaios técnicos na Sapucaí. No entanto, com as obras no Sambódromo, a captação nem chegou a ocorrer. Há liberação para que o projeto possa arrecadar até R$ 3,6 milhões de reais, mas ele deverá ser encerrado antes que qualquer centavo apareça. Nos bastidores, a promoção dos ensaios já é dada como praticamente impossível e, aos mais esperançosos, resta apenas esperar que o teste de luz e som da Sapucaí, programado para o dia 16 de fevereiro, continue de pé. A expectativa é de que o treino ocorra com a Mangueira, campeã do Carnaval de 2019.
Veja abaixo a relação de escolas e os montantes autorizados pelo governo para captação via Lei de Incentivo à Cultura. (Como se tratam de recursos obtidos via isenção fiscal, é preciso que o Ministério da Cidadania dê um aval para que as agremiações busquem um montante pré-estabelecido. No entanto, diante da falta de interesse do mercado, o valor arrecado é diferente do aprovado).
GRANDE RIO
Valor autorizado: R$ 2.058.138,00
Valor arrecadado: R$ 536.000,00
VILA ISABEL:
Valor autorizado: R$ 4.992.530,50
Valor arrecadado: R$ 00,00
MANGUEIRA:
Valor aprovado: R$ 2.479.867,75
Valor arrecadado: R$ 00,00
MOCIDADE:
Valor aprovado: R$ 5.637.100,81
Valor arrecadado: R$ 00,00
UNIDOS DA TIJUCA:
Valor aprovado: R$ 2.729.050,00
Valor arrecadado: R$ 00,00
PORTELA:
Valor aprovado: R$ 2.136.981,60
Valor arrecadado: R$ 00,00
SALGUEIRO:
Valor aprovado: R$ 988.257,60
Valor arrecadado: R$ 00,00
VIRADOURO:
Valor aprovado: R$ 1.717.720,00
Valor arrecadado: R$ 00,00
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