Grande Rio deixa rótulo de 'escola dos artistas' para tentar 1º campeonato
Resumo da notícia
- Anos atrás, Grande Rio desfilava com 20 artistas como destaques. Em 2020 são, até o momento, pouco mais de seis famosos
- Escola está valorizando mais a comunidade e escolheu enredo sobre Candomblé para atrair comunidade
- Grande Rio sonha com o primeiro campeonato esse ano
Conhecida por arrastar uma série de estrelas em seu desfile na Sapucaí, a Grande Rio quer mudar completamente o foco de sua apresentação neste Carnaval. Se antes a escola desfilava com um elenco de mais de 20 artistas como destaques entre as alas e em alegorias, em 2020 são, até o momento, pouco mais de seis famosos estão incluídos no roteiro da tricolor de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
A mudança é estrutural. É claro que a diretoria da escola continua reconhecendo as contribuições de personalidades da televisão e da música para a visibilidade do espetáculo e da Grande Rio, mas a atual temporada alçou a comunidade caxiense como grande prioridade da agremiação.
É possível dizer que a transformação começou logo após o Carnaval do ano passado, quando a Grande Rio e o carnavalesco Renato Lage decidiram não renovar o contrato, e a escola ficou livre para apostar em um novo nome para conduzir os trabalhos em seu barracão na Cidade do Samba. Em vez de apostar em medalhões do Sambódromo (Paulo Barros e Rosa Magalhães entraram na dança das cadeiras, por exemplo), a tricolor buscou na Série A do Carnaval uma dupla de talentos novatos e promissores. Após desfiles elogiados no Grupo de Acesso pela Acadêmicos do Cubango, a dupla Leonardo Bora e Gabriel Haddad foi escolhida pela tricolor de Caxias e desenvolve o primeiro desfile da carreira no Grupo Especial.
Além de oxigenar o primeiro escalão da elite do carnaval carioca, eles montaram um time que inclui outros jovens artistas responsáveis por dar vida ao enredo em homenagem ao pai de santo Joãozinho da Gomeia (o título é "Tata Londirá: O Canto do Caboclo no Quilombo de Caxias").
O tema, aliás, foi outro ponto que colaborou para a "revolução" no carnaval de Caxias. Na última década, a Grande Rio levou para a Avenida enredos que nem sempre foram bem avaliados pela crítica e pelos jurados — houve, por exemplo, desfiles sobre a importância dos royalties de petróleo para o Rio e, mais recentemente, sobre a importância da educação para driblar o "jeitinho brasileiro". As propostas quase sempre eram patrocinadas e ajudavam a agremiação a bancar o carnaval.
Agora, o mote é um líder do candomblé, importante para a história do município em que a escola está sediada e dono de uma história que permitirá a Grande Rio fazer um apelo contra a intolerância religiosa em plena Avenida. A relevância da mensagem, e de um enredo com o qual a escola se identificasse, prevaleceu sobre ideias que envolviam aportes financeiros que poderiam ser interessantes. Uma das possibilidades descartadas, por exemplo, previa um enredo patrocinado sobre o estádio do Maracanã. Venceu a história com maior relevância para os componentes.
"É um ano especial para a nossa escola, um ano diferente. Temos um dos melhores enredos do carnaval, aclamado por muita gente. Há muito tempo a comunidade esperava por isso. Os ensaios têm lotado, o povo tem cantado muito. Estamos muito esperançosos de fazer possivelmente o maior desfile da Grande Rio", afirma o diretor de carnaval Thiago Monteiro.
Há ainda alterações que não estão diretamente relacionadas ao que será visto pelo público nas arquibancadas e áreas VIPs. A "Feijoadíssima da Grande Rio", um evento anual da escola que mobilizava esforços de toda a diretoria no início de fevereiro, está suspensa. O mesmo ocorreu com o camarote da Grande Rio, um dos maiores da Sapucaí até 2018. A palavra de ordem agora é foco total no carnaval. Na quadra, os ensaios são gratuitos, e a comunidade tem lotado todos os espaços, inclusive os camarotes (também disponibilizados sem custo).
"Já fizemos de tudo, mas o que ainda falta é o primeiro campeonato. E estamos atrás dele", garante outro dirigente da escola.
Na constelação com as qual a Grande Rio conta para buscar a vitória — além dos 3,2 mil componentes — estão incluídos este ano nomes como Paolla Oliveira (de volta ao posto rainha de bateria), Pocah, David Brazil, Juliane Trevisol e Antônia Fontenelle, que desfila pelo último ano.
"É claro que a Grande Rio não vai deixar de ter artistas no desfile. Mas com certeza há escolas que terão mais artistas do que a gente", projeta o diretor, que completa: "Se tem um artista empolgado e que quer participar do carnaval, ele sempre será bem-vindo".
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