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Rio de Janeiro

Segunda noite de desfile tem favoritas e escolas em busca de afirmação

Unidos da Tijuca será a primeira escola a desfilar na Sapucaí nesta segunda (12) - Marco Antonio Teixeira/ UOL
Unidos da Tijuca será a primeira escola a desfilar na Sapucaí nesta segunda (12) Imagem: Marco Antonio Teixeira/ UOL

Anderson Baltar

Colaboração para o UOL, no Rio

12/02/2018 16h00

Para as escolas de samba cariocas, desfilar na segunda-feira é uma vantagem invejável. Desde que o desfile passou a ser realizado em dois dias e com apenas uma campeã, em 1985, apenas seis vezes a vencedora saiu no domingo. E, em uma noite com pesos pesados como Portela, Salgueiro e Beija-Flor, que estão no rol das principais favoritas, a chance da escrita se manter é bem considerável.

Campeã três vezes nesta década (2010, 2012 e 2014), a Unidos da Tijuca abre a noite com a intenção de recuperar sua autoestima, bastante abalada com o acidente ocorrido em 2017 e que a colocou em penúltimo lugar. Com um enredo sobre o ator e diretor Miguel Falabella, a agremiação do morro do Borel vive a inusitada situação de entrar na avenida sem estar no grupo das principais postulantes ao título. Mas a Tijuca é uma escola muito técnica e aposta na força dos seus quesitos para voltar no Sábado das Campeãs.

Após bordar a 22ª estrela em sua bandeira, a Portela continua em sua luta para conquistar o Carnaval sozinha – o que não acontece desde 1970. Para obter seu intento, a escola de Oswaldo Cruz e Madureira contratou a carnavalesca Rosa Magalhães, que, por sua vez, propôs um dos temas mais interessantes do ano: a viagem de judeus portugueses de Pernambuco até a América do Norte, onde fundaram Nova Iorque. Empolgada, a comunidade espera fazer um desfile com muito luxo e requinte, como sempre se espera da Portela e dos trabalhos de Rosa Magalhães.

A terceira escola a desfilar é a União da Ilha do Governador. Uma das mais simpáticas escolas cariocas, nunca conquistou o campeonato e, para este Carnaval, não esconde de ninguém seu objetivo: voltar no Desfile das Campeãs. Para surpreender público e jurados, aposta em um enredo sobre os hábitos alimentares brasileiros. Em seu segundo ano na escola, o carnavalesco Severo Luzardo pretende apresentar um desfile requintado e, ao mesmo tempo, leve e alegre, como a identidade da escola. A bateria de mestre Ciça e o performático intérprete Ito Melodia são outras das principais atrações da União da Ilha.

Poucas escolas são tão frequentes na briga pelo título nos últimos anos quanto o Salgueiro. Porém, a escola da Tijuca não levanta o caneco desde 2009. Para quebrar o jejum, a vermelho e branca aposta em um enredo que dialoga com sua identidade: a saga das mulheres negras ao longo da história. Estreando o carnavalesco Alex de Souza, o Salgueiro preparou um Carnaval de muito luxo e imponência, mas com a pitada de africanidade que o salgueirense gosta. Muito forte nos quesitos, com uma boa bateria, um casal de mestre-sala e porta-bandeira (Sidclei e Marcela Alves) consagrado e uma comissão de frente de ponta, o Salgueiro é forte candidato.

No início deste século, ninguém poderia arriscar o palpite de campeã do Carnaval carioca sem assistir a Imperatriz Leopoldinense passar. Hoje, a realidade é um pouco diferente para a verde, branca e dourada de Ramos. Apesar de sempre disputar uma vaga nas campeãs, a Imperatriz não está mais no grupo das grandes favoritas. Para surpreender, a escola aposta em seu ótimo samba-enredo e na temática clássica, que tanto agrada seus torcedores. O carnavalesco Cahê Rodrigues prepara um desfile de muito brilho e criatividade para comemorar os 200 anos do Museu Nacional.

Encerrando o Carnaval, a Beija-Flor de Nilópolis levará para a avenida um tema politizado, baseado nos 200 anos do romance Frankenstein. As mazelas brasileiras e a falta de amor e cuidado de quem governa o país desfilarão em meio a alegorias e fantasias de impacto e com alas teatralizadas. Cantando um dos melhores sambas do ano, Neguinho da Beija-Flor tem tudo para conduzir a azul e branca para um desfile que a credencie à disputa do título. Por sinal, nas últimas vezes em que a Beija-Flor encerrou o Carnaval (2005, 2007, 2008 e 2011) ela foi campeã.