"Isso não tem no Rio", diz carioca que veio para SP curtir bloco indiano
Parecia improvável, mas tem tudo a ver: misturar música indiana com percussão brasileira deu liga e animou muita gente na rua Augusta, região central de São Paulo.
O bloco Bollywood saiu pelo terceiro ano no Carnaval de rua paulistano e tirou do Rio duas irmãs cariocas. A consultora de marketing Cláudia Blunt, criada na folia de Ipanema e Copacabana, saiu do Rio pela primeira vez para participar do bloco. Veio por influência da irmã, Corina Blunt, que mora em São Paulo há dois anos e já conhecia o bloco indiano.
"Isso não tem no Rio", diz Cláudia. "Nem passava pela minha cabeça estar aqui no Carnaval, mas me sinto expulsa do Rio. Essa nostalgia de bloco pequeno, do bairro, a gente perdeu". Corina elogiou o bloco. "Esse ano eu caprichei na roupa. É muito original, eu amei".
A professora de inglês Cláudia Gonçalves também veio a caráter. Ela já esteve na Índia algumas vezes e tem planos de se mudar em definitivo para o país. "Tenho uma ligação espiritual com a Índia", afirma. "Ouço música indiana o dia inteiro, no carro ou no celular".
A música levada para a rua pelo bloco é de um ritmo conhecido como Bhangra. Muito agitado e impossível de não dançar. Eleita a rainha do bloco, a professora de dança indiana Iara Ananda Romano se apresenta ao lado de outras bailarinas em frente ao trio elétrico. "Tem tudo a ver com o nosso Carnaval. As pessoas se lembram da novela Caminho das Índias e também do filme Quem Quer Ser um Milionário. No fundo, é animado igual", ela diz.
Algumas celebrações e festas indianas são bem parecidas com o Carnaval do Brasil, como explica a mãe de Iara e também professora de dança indiana, Patrícia Romano. "O Holi, aquela festa em que as pessoas jogam pós coloridos umas nas outras, existe para acabar com a hierarquia. Este é um princípio básico do nosso Carnaval, onde tudo pode".
Casada com um indiano, Patrícia visita a Índia duas vezes por ano. Tem parentes no país e também uma ligação forte com a cultura indiana. "Os tambores que a gente ouve no bloco são parecidos com o de uma festa hindu chamada Ganesh Chathurthi, em homenagem ao deus Ganesha. É uma maneira do brasileiro conhecer a cultura indiana e também dos indianos de verem isso aqui, uma troca entre as duas culturas".
Como é esperado em vários blocos de rua em São Paulo e pelo Brasil, os participantes receberam adesivos para serem colados nas roupas com a frase "Não é não!", da campanha que faz um alerta e quer combater o assédio sexual, principalmente aquele cometido contra as mulheres. "Quanto mais mulheres se unirem para dizer que não é não, mais a sororidade aumenta", diz a cineasta Juily Manghirmalani. "O assédio no Carnaval é muito grande", afirma ao distribuir adesivos. "Namastê!", como entoavam alegremente alguns participantes. "O Deus que habita em mim saúda o Deus que habita em você."
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