Topo

Rio de Janeiro

Casal leva bloco para cartório e se casa (de verdade!) no Rio

Carolina Farias

Colaboração para o UOL, no Rio

03/02/2018 16h31

Quem disse que amor de Carnaval termina no Carmaval? Um casal do Rio de Janeiro mostrou neste sábado (3) que um romance que começa no meio da folia pode ser para sempre. Eles se casaram, oficialmente, no Cartório de Registro Civil do Catete, zona sul carioca, e assim criaram neste sábado o Bloco do Casamento, Haja Amor!

O iluminador Paulo Henrique Silva Denizot, 40 anos, era vizinho da cenógrafa e designer Janaina Carla Wendling Denizot, 48, quando um dia, no fim de um bloco em Santa Teresa, eles ficaram pela primeira vez. Dez anos depois, nove deles morando juntos, e com cinco gatos como "filhos", o casal finalmente oficializou a união e quis fazer isso com bloco e tudo.

"Pedi ela em casamento tantas vezes e ela me enrolou. Já pedi até em frente à Torre Eiffel e nada. Mas ano passado a pedi no Minha Luz é de Led (outro bloco do qual participam) e enfim ela aceitou", contou o noivo, que usou um vestido de noiva, sob o olhar da companheira, que revelou o segredo da duração do relacionamento.

"Tem que ter amor e paciência, porque também trabalhamos juntos. Estou muito feliz", declarou Janaina.

Ao contrário dos casamentos tradicionais não teve dia da noiva e a prévia da celebração foi em um bloco. Com o casamento-bloco marcado para as 11h30, o casal ainda saiu no tradicional bloco Céu na Terra, em Santa Teresa, que saiu às 7h.

"Quando fomos ver a data para o casamento só havia essa, na prévia do Céu na Terra. Não pensamos duas vezes, 'vamos no bloco e casamos depois' com bloco. Foi lindo, eles  (Céu na Terra) tocaram a marcha nupcial para a gente", disse Paulo.

Os pais dos noivos adoraram a ideia do casamento tendo os convidados e testemunhas em um bloco.

"É normal para eles, está tudo lindo", declarou Terezinha Denizot, mãe do noivo.

Elza Felipe, mãe de Janaina, lembrou como começou o namoro do casal.

"Quando ela o beijou a primeira vez ele estava vestido de morte. Foi coragem", brincou Elza.

Já o pai da noiva afirmou que quem "enrolou" para casar foi Paulo.

"Quase dez anos enrolando minha filha! Mas eles são bem companheiros", brincou Wettiz Wendling.

Noivos, convidados e padrinhos se reuniram na esquina da rua do cartório para a concentração do bloco-casamento. Próximo ao horário da cerimônia, os convidados-foliões "invadiram" o lugar para acompanhar a celebração. Não faltou música, confete, serpentina e até cerveja. Mas na hora que o juiz Paulo Novaes, de 67 anos, entrou para realizar a união dos noivos, o silêncio imperou.

"Em 31 anos que trabalho como juiz de paz aqui. É a primeira vez que faço um casamento em um bloco", disse Novaes durante a cerimônia, que apesar da farra, emocionou os convidados.

Novaes afirmou que já tinha visto situações extravagantes em casamentos que realizou fora da sede do cartório, mas no local, é a primeira vez que vê algo do tipo, porém, ele não se opôs contra a realização da celebração no meio de um bloco.

"A cerimônia é um ato jurídico, mas é um ato extremamente festivo. É o único ambiente jurídico onde todas as partes saem felizes", afirmou o juiz à reportagem do UOL, que o alertou sobre o rosto com brilho de glitter.

"Foi o noivo que me beijou", acrescentou Novaes.

A saída dos noivos do cartório não poderia ser mais festiva, com chuva de confete no lugar do arroz.

"São muitos anos de Carnaval, tinha que ser assim, sair em cortejo", declarou Léo Santos, um dos padrinhos, que também casou de forma inusitada, como contou a mulher, a psocóloga Mabel Krieger.

"Nosso casamento foi com amigos, no cartório e depois o bar", entregou a madrinha.

A empreendedora Isabele Salgado lembrou do próprio casamento, há dez anos, no mesmo cartório.

"Também conhece meu marido no pré-Carnaval, em um ensaio da Mangueira. Me senti casando hoje de novo. Nosso segredo para o casamento dar certo durante o Carnaval é cada um sair para um lado", revelou Isabele.

Entre os convidados-foliões, havia muitos casais amigos dos noivos, como o jornalistae DJ, Rogério Galalau, 43, e a professora Julia Lobato, 34, que levaram a filha, a pequena Maria Julieta, de apenas quatro meses, mas que já vestia sua fantasia de fadinha.

"Somos amigos há uns 13 anos, fazemos uma festa de pré-Carnaval juntos e tínhamos que vir", disse Rogério, que também celebrou a união com Julia de maneira excêntrica.

"Nossas avós fizeram uma cerimônia e a festa foi em um balão", contou a professora.

Mas, como não pode faltar em casamentos, havia também penetras, como se entregou o ator Orlando Caldeira, que vestia uma fantasia do bombom "Serenata de amor".

"Sou amigo de um amigo deles. Penetra mesmo. A fantasia é homenagem a eles", afirmou o ator.

Após a saída do cartório, noivos e convidados seguiram em cortejo em direção à "lua de mel", como explicou o noivo, que levava um véu de 20 metros que guiou os convidados até o destino.

"Todo mundo que casa quer ir para onde? Paris. Nós vamos para lá", brincou Paulo sobre o destino do bloco. a Praça Paris, na Glória, onde a festa seguiu.

"Achei muito legal porque essa celebração é como eles vivem a vida deles. Tem gente que casa na igreja, mas nunca vai à igreja, uma hipocrisia. Eles são o que eles são, estão na tribo deles", concluiu a atriz Viviane Porto, vestida de unicórnio assim como as filhas Nina, 10, e Maya, 8, além do marido Sergio Drioli.