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Anderson Baltar

RJ: Escolas em homenagem a clubes de futebol estrearão no Carnaval em 2019

Logo da Botafogo Samba Clube - Divulgação
Logo da Botafogo Samba Clube Imagem: Divulgação

02/08/2018 21h57

Nos últimos dias, o Carnaval carioca passou a viver mais um momento de tentativa de um modelo de escola de samba que se mostrou bem sucedido em São Paulo, mas que nunca vingou na Cidade Maravilhosa: o de agremiações ligadas a clubes de futebol. Quase simultaneamente, foram anunciadas a criação da Botafogo Samba Clube e da Imperadores Rubro-Negros. As escolas, que farão suas estreias no Carnaval 2019 nos desfiles dos últimos grupos, têm em comum o fato de congregar torcedores de dois dos maiores clubes do futebol carioca.

A primeira a ser anunciada foi a Botafogo Samba Clube. A escola, fundada por um grupo de 20 torcedores alvinegros, nasceu a partir do Tupy de Bráz de Pina, tradicional agremiação carioca, que chegou a frequentar o Grupo Especial nos anos 1970, deixou de desfilar por mais de 20 anos e retomou suas atividades em 2015.

Em seu retorno ao Carnaval carioca, o Tupy não conseguiu passar da Série D (equivalente à quinta divisão). Por conta das dificuldades, um grupo de dirigentes da escola resolveu fazer a mudança. “Tínhamos um grupo numeroso de botafoguenses na escola e há alguns anos já pensávamos nisso. Vendo as dificuldades da escola, levamos a ideia ao presidente Fábio Teófilo, que concordou. Desta forma, fizemos a mudança de nome e uma nova escola está sendo construída para congregar todos os amantes do Botafogo”, explica Alex Botafogo, presidente da escola.

Largando no penúltimo grupo, que desfilará no domingo de Carnaval na Estrada Intendente Magalhães, no subúrbio de Campinho, a Botafogo Samba Clube pretende desfilar com um contingente estimado entre 800 e 1000 integrantes. Fazendo jus a uma subvenção de R$ 20 mil reais, a escola pretende gastar uma verba dez vezes maior graças a apoio de dirigentes e torcedores alvinegros. O enredo já está definido: “Túlio, o Glorioso”, em homenagem ao centroavante que conduziu o clube da Estrela Solitária ao título brasileiro de 1995. “O Túlio foi uma escolha natural, já que ele é um dos nossos maiores ídolos e nos deu a nossa maior conquista”, afirma o presidente, que agora enfrenta o desafio de conseguir uma sede para a nova escola. “Queremos nos fixar no bairro de Botafogo e estamos buscando parcerias para isso”, explica Alex.

No sábado das Campeãs, na Série E, a última divisão do samba carioca, debutará a Imperadores Rubro-Negros. A escola, fundada por um grupo de 30 sambistas torcedores do Flamengo, será lançada oficialmente no dia 13 de agosto com um coquetel no Recreio dos Bandeirantes – onde ficará sediada. Segundo o presidente, Serginho Aguiar, a opção pelo bairro litorâneo da Zona Oeste se deve à tradição carnavalesca do local. “O Recreio sempre teve muitos blocos e nos juntaremos a esta festa fazendo ensaios na praia durante o verão”, explica o presidente, que já procura um terreno no bairro para a instalação da quadra definitiva.

Para seu primeiro desfile, os trabalhos já estão adiantados. O enredo, que será divulgado no coquetel, já está escrito, assim como os figurinos das 13 alas estão desenhados pelo carnavalesco Leandro Valente. Oito alas já estão preenchidas, com um contingente de torcedores do Flamengo até de outros estados. “Depois que a notícia da escola se espalhou, recebemos muitos contatos. Esperamos ter vagas para todos”, torce Serginho. Uma das atrações da escola promete ser o samba-enredo, encomendado a um time de compositores de respeito: Dudu Nobre, Xande de Pilares, Evandro Bocão e André Diniz – os dois últimos, múlti campeões na Unidos de Vila Isabel.

Sem vínculo oficial com o clube e com torcidas organizadas, a Imperadores Rubro Negros tem até torcedores de outros times em seu quadro. “O vice-presidente é botafoguense e temos diretor que torce pro Fluminense. Um dos mestres de bateria é vascaíno. Na verdade, o nosso objetivo é juntar a paixão entre o samba e o futebol”, afirma o presidente.

Logo da escola Imperadores Rubro-Negro - Wilton Carlos/Divulgação - Wilton Carlos/Divulgação
Logo da escola Imperadores Rubro-Negro
Imagem: Wilton Carlos/Divulgação

Um modelo diferente de São Paulo

Logo à primeira vista, quando se fala em escolas de samba ligadas a times de futebol, pensa-se no modelo do Carnaval de São Paulo, onde várias agremiações são oriundas de torcidas organizadas. O receio natural é que a paixão sem limites das arquibancadas, que não raro termina em violência, acaba contaminando o ambiente das escolas de samba, caracterizado historicamente pela amizade e companheirismo entre as escolas co-irmãs. Outras iniciativas anteriores, como a Nação Rubro-Negra, nos anos 1990 e Império Rubro-Negro, no início desta década, naufragaram em meio a este tipo de incerteza. No que depender dos dirigentes das novas escolas, as coisas mudaram e o clima será completamente amistoso.

“Eu sou de uma torcida do Botafogo, a Fogoró. Mas é uma torcida totalmente pacífica. Outros integrantes da nossa escola são de outras torcidas. Porém, o espírito aqui é totalmente voltado a fazer uma escola de samba na melhor acepção da palavra”, explica Alex Botafogo, que destaca o fato de que o único componente contratado até o momento, o intérprete Tiãozinho Cruz (ex- Império Serrano e Acadêmicos do Cubango), não é torcedor alvinegro.

Serginho Aguiar faz coro com Alex e traz mais um detalhe: a Imperadores Rubro-Negros não possui qualquer vínculo com torcidas organizadas. “Estamos, sim, buscando uma parceria com o clube. Mas nossa iniciativa é totalmente formada por torcedores e para os milhões de apaixonados pelo Flamengo”, ressalta.

Anderson Baltar