Império Serrano e Paraíso do Tuiuti liberam sambas-enredos do Carnaval 2019
Em pleno mês de julho, quando muitas pessoas ainda nem estão com o Carnaval de 2019 na cabeça, duas escolas do Grupo Especial do Rio de Janeiro já divulgaram os seus sambas para os desfiles que acontecerão nos dias 3 e 4 de março.
O Paraíso do Tuiuti, vice-campeão de 2018, aposta na repetição da fórmula aplicada no ano passado e aboliu a disputa de samba-enredo. Já o Império Serrano inova ao levar para a avenida “O que é o que é”, clássico do repertório de Gonzaguinha.
Uma das escolas de samba com maior repertório de clássicos no gênero samba-enredo, o Império Serrano lançou, nesta sexta-feira (20), o clipe do seu hino para 2019.
Em busca da aclamação do público, a verde e branca adotou o sucesso de Gonzaguinha, mas desagradou os mais puristas, que temem o esvaziamento da tradicional ala de compositores da escola. Para outros críticos, também preocupa a estrutura melódica de “O que é o que é”, que tem uma segunda parte que possui uma divisão diferente da habitual no samba-enredo.
Na opinião do intérprete da escola, Silas Leléu, a gravação disponibilizada sana qualquer espécie de dúvida sobre o possível desempenho do samba imperiano.
“Realmente, tivemos que fazer todo um trabalho de adaptação do samba para que ficasse confortável para o canto. Mas deu tudo certo. O andamento, do jeito que está, está perfeito”, afirma o cantor, que estreia no posto de intérprete oficial da escola.
Na opinião de Silas Leléu, o andamento de 140 BPMs (batidas por minuto) será bem próximo do ideal para o desfile da escola. “Realmente, seria muito difícil uma canção tão melódica ser tocada por uma bateria no andamento atual dos desfiles. Mas conseguimos encontrar um caminho para que o Império faça um grande desfile”, acredita.
Já o Tuiuti, que surpreendeu no Carnaval passado e teve em seu samba-enredo um dos principais quesitos, resolveu manter a fórmula de 2018 e não realizará a disputa de sambas em sua quadra. A direção da escola encomendou o samba ao mesmo grupo de poetas do ano passado: Cláudio Russo, Moacyr Luz, Dona Zezé, Aníbal e Jurandir.
“Foi uma decisão natural, já que o samba deu certo na avenida e garantiu notas para a escola. Recebemos a missão de fazer um samba tão bom quanto o do ano passado e acho que conseguimos”, afirma o compositor Cláudio Russo.
Russo afirma que a responsabilidade de fazer um samba que sucede um grande sucesso é grande, mas ao mesmo tempo, foi um fator motivador.
A riqueza do enredo também é outro ingrediente: “O enredo do ano passado era de mais fácil identificação do público. O atual, sobre um bode que vivia em Fortaleza em pleno processo de higienização da cidade, é uma história que precisa ser contada. O tom também é diferente: saímos do lamento e viemos para uma narrativa mais brincalhona”, relata o compositor, que também tomou certos cuidados, comuns em sambas com temática nordestina: “Fugimos do lugar comum, de usar termos como ‘oxente’ e ‘cabra da peste’”, informa.
Compositor campeão inúmeras vezes em escolas como Beija-Flor e Portela, Cláudio Russo preocupa-se com o momento das disputas de samba – das 14 escolas do Grupo Especial, apenas 10 as realizarão (além de Tuiuti e Império Serrano, a Grande Rio também encomendará samba e a São Clemente reeditará).
E aponta que o modelo precisa mudar: ” Está tudo muito caro. Os compositores gastam demais e inflacionam o mercado. As escolas insistem em disputas muito longas, que duram dois ou três meses e trabalham com as quadras no vermelho. As disputas têm de ser mais curtas, dando menos gastos para os compositores e possibilitando faturamento para as quadras”, acredita.
O Tuiuti apresentará o samba em quadra no dia 3 de agosto. A partir daí, a prioridade é ensaiar o canto da comunidade e divulgar o samba até o Carnaval. “Por conta do sucesso no último desfile, estamos fazendo muitos shows. Vamos aproveitar para massificar o samba”, aposta Cláudio Russo.
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