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Anderson Baltar

Tradição africana: Salgueiro exaltará o orixá Xangô no Carnaval 2019

Desfile das Campeãs - Salgueiro - Viviane Araújo - Bruna Prado/UOL
Desfile das Campeãs - Salgueiro - Viviane Araújo Imagem: Bruna Prado/UOL

15/06/2018 23h18

Em primeiro lugar no ranking da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), o Salgueiro é a escola mais regular dos últimos anos no que diz respeito a resultados no Carnaval Carioca. Porém, não conquista o título desde 2009. Para romper esse tabu, a vermelho e branca da Tijuca anunciou, nesta semana, o seu enredo para o próximo Carnaval. “Xangô”, que será desenvolvido pelo carnavalesco Alex de Souza, já traz esperança para sua torcida de que o fim do jejum esteja próximo.

“É um enredo que os torcedores pedem há muitos anos e, que, por coincidência, eu tinha guardado na manga como um curinga”, explica o carnavalesco, que diz estar empolgado com a reação dos salgueirenses após o anúncio do tema, realizado em feijoada na quadra da escola. “Parecia um grito de gol. O pessoal já está vibrando e nem sabe ainda qual será o desenvolvimento do enredo.”, diverte-se.

Alex adianta que o tema salgueirense não se deterá apenas aos aspectos religiosos/mitológicos do orixá da Justiça. Outros fatores serão explorados na narrativa que o Salgueiro levará para a Sapucaí em 2019. “Evidentemente, o lado místico e afro, tão caro às tradições da escola, estarão presentes. Afinal, o ano de 2018 é de Xangô. Mas levaremos nossa história para outros lados. Vivemos um momento do país em que a Justiça se faz muito presente. Falaremos também sobre os cultos de candomblé que levam o nome de Xangô, os santos com quem ele se sincretiza e, evidentemente, homenagearemos uma grande figura do Salgueiro”, relata, referindo-se ao falecido destaque Júlio Machado, conhecido como Xangô do Salgueiro ao desfilar por décadas na escola trajado do orixá.

Conhecido por uma grande variedade de temas abordados ao longo de seus mais de 20 anos de carreira,  Alex passa pela inédita experiência de fazer, por três anos seguidos, enredos com um pé na África (em 2017, na Vila Isabel, enfocou a música negra no continente americano e, no ano passado, já no Salgueiro, exaltou as mulheres negras). “Realmente, essa é uma novidade na minha carreira, mas estou curtindo. Até porque são leituras diferentes de negritude que estou abordando e estou tendo essa oportunidade em uma escola onde o DNA negro é forte, como o Salgueiro”, analisa.

Em meio a disputas judiciais para saber quem comandará a escola (a eleição vencida no início de maio pela atual presidente Regina Celi Fernandes está sendo contestada na Justiça pela chapa de oposição), Alex diz-se tranquilo para preparar o projeto do Carnaval. “Os problemas políticos não têm me afetado. Fui contratado pela presidente Regina e ela me deu todo o apoio até agora. O trabalho está andando e o nosso objetivo é ser campeão”, assegura Alex, ansioso para conquistar o primeiro campeonato de sua carreira.

Anderson Baltar