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Rio de Janeiro

Mocidade é declarada campeã do Carnaval do Rio ao lado da Portela

Anderson Baltar

Colaboração para o UOL, no Rio

05/04/2017 22h27

A Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio) decidiu, em reunião extraordinária realizada na noite desta quarta-feira (5), dividir o título do Carnaval 2017 entre Portela e Mocidade Independente de Padre Miguel. Por sete votos a favor, com cinco abstenções e um voto contra, os representantes das escolas acataram o recurso da agremiação da zona oeste do Rio.

Os dirigentes da Portela, que não quiseram falar com a imprensa, afirmaram que entrarão com um novo recurso contra a decisão e prometeram dar mais informações sobre a ação em uma entrevista coletiva marcada para esta quinta (6), às 14h, na Cidade do Samba.

Segundo o presidente da Liesa, Jorge Castanheira, as sete escolas que apoiaram a decisão se basearam em um “erro material” da entidade para fundamentar a mudança do resultado. Do lado de fora da sede da liga, torcedores da Mocidade comemoraram a vitória.

Após terminar em segundo lugar no Carnaval por um décimo de diferença, a Mocidade entrou com um recurso denunciando um erro do julgador Valmir Aleixo, que avaliou o quesito enredo baseado em um roteiro do desfile que havia sido alterado.
 

Em sua justificativa, ele alegou ter descontado a pontuação porque a escola não apresentou um destaque de chão, como previsto no livro Abre-Alas, documento oficial que traz todas as informações sobre os desfiles do Grupo Especial.

No recurso, a Mocidade alegou que tal componente constava em uma versão antiga do documento, e não na nova, que foi entregue dentro do prazo. Caso Aleixo tivesse dado nota dez, Mocidade e Portela teriam terminado empatadas, com o desempate ficando para o quesito comissão de frente, o que daria o título à Mocidade.

"Houve um entendimento por um erro material. O julgador julgou com base no livro Abre-Alas entregue no dia do curso, e depois houve alteração", disse Jorge Castanheira, que prometeu prazos "mais rígidos" para a entrega do livro no ano que vem. "A decisão está baseada na vontade das escolas, o recurso não interfere na nota do julgador, que não pode ser contestada."
 
"A gente sabia que estava pedindo a coisa certa. Inclusive fomos ponderados e não questionamos o título da Portela. Desde o início, pedimos para dividir. Graças a Deus, as escolas agiram para reparar o erro. Não é do jeito que gostaríamos, mas o erro foi reparado", afirmou o vice-presidente da Mocidade, Rodrigo Pacheco.


Mocidade fica sem troféu

Na reunião desta quarta, a Liesa também decidiu que não haverá divisão do prêmio em dinheiro destinado à campeã, assim como não será confeccionado outro troféu para a Mocidade. Com a divisão do título, não haverá alteração nas demais posições. O Salgueiro permanece em terceiro lugar.

No desfile deste ano, a Mocidade homenageou o Marrocos em um desfile cujo grande destaque foi a comissão de frente, que usou um efeito especial para colocar colocar no céu o personagem Aladdin em um tapete voador.

Esta é a sexta vez que a Mocidade se sagra campeã do grupo de elite do Carnaval carioca. O último título havia sido conquistado em 1996. Já a Portela, que este ano encerrou um jejum de 33 anos, agora não vence sozinha desde 1970. Em 1980, ela dividiu o troféu com Beija-Flor e Imperatriz. Quatro anos depois, a escola foi campeã ao lado da Mangueira.