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Rio de Janeiro

Com enredo sobre rios, Portela é campeã e quebra jejum de 33 anos

Do UOL, no Rio

01/03/2017 18h15

Maior campeã do Carnaval carioca, a Portela conquistou nesta quarta-feira (1º) seu 22º título, acabando com um jejum de 33 anos. Com o enredo “Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar”, sobre a importância dos rios para a formação da humanidade, a escola do carnavalesco Paulo Barros apresentou um show de inventividade e pediu justiça às vítimas de Mariana na avenida.

A Portela teve 269.9 pontos, apenas um décimo a menos do total possível. Em uma apuração emocionante, disputada décimo a décimo, Portela e Mocidade estavam empatadas até o último quesito. Quando chegou a leitura de enredo, Mocidade teve duas notas 9.9 e ficou com o segundo lugar – terminou a apuração com 269.8. 

Luis Carlos Magalhães, presidente da Portela - WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO - WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
Luis Carlos Magalhães, presidente da Portela, se emociona com a vitória da Portela
Imagem: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
O presidente da Portela, Luis Carlos Magalhães, comemorou o título com um discurso emocionado e um desabafo sobre os anos de jejum da escola.

"Nós merecemos muito. Nós trabalhamos muito. Nós somos a que merecemos mais. Porque todas as escolas precisam da vitória da Portela. Porque elas serão muito maiores com a Portela forte. O Carnaval precisa da Portela. A cultura brasileira precisa da Portela. O brasileiro precisa da Portela. A Mangueira, a Grande Rio, a Beija-Flor, todas elas serão muito mais fortes conosco, porque nós também precisamos delas para levantar a bandeira do samba. A vitória não é só da Portela, é de todas as escolas que precisam levantar a bandeira do samba", declarou logo após o resultado.

Magalhães disse ainda que finalmente a escola vai ter "paz para ser a grande escola para a história que tem". "Todos têm que ficar muito felizes com o que aconteceu hoje. Acabou essa história, acabou essa história de jejum. A Portela agora vai ter paz para ser a grande escola para a história que ela tem que ser ao lado das suas coirmãs. A Portela vai ser a escola, tranquila, pacífica, voltada para a cultura brasileira, voltada para as suas coirmãs, porque a bandeira da Portela é abraçar a cultura brasileira".

O presidente da Portela, Luis Carlos Magalhães, chegou à quadra muito emocionado, com o troféu de campeão em punho.

No desfile de segunda-feira, a comissão de frente da Portela representou a piracema, fenômeno em que os peixes nadam contra a correnteza para a reprodução. O carro abre-alas traz a tradicional águia em um tripé à sua frente e representa a fonte onde nasce o rio azul e branco. A ocupação dos rios pelas antigas civilizações, os seres que habitam as águas, a influência para as artes foram tratados em alas e alegorias da escola.
 
Em um dos momentos mais marcantes do desfile, um carro alegórico lembrou a tragédia do Rio Doce, em Mariana (MG).
 
Como esperado, Unidos da Tijuca e Paraíso do Tuiuti tiveram as piores notas de alegorias e adereços. As duas, que tiveram acidentes com feridos, tiveram 29,4 e 29,5 pontos na soma dos quatro jurados, não obtendo nenhuma nota dez.
 
No quesito evolução, o sexto a ter suas notas lidas, as duas agremiações também tiveram as piores marcas, o que as isolou na lanterninha da tabela. Em evolução, a Tijuca somou 29,4 pontos, enquanto a Tuiuti anotou 29,2, os piores resultados entre todas as competidoras.
 
 

Sem rebaixamento

Após um Carnaval ofuscado por dois trágicos acidentes envolvendo carros alegóricos de Paraíso do Tuiuti e Unidos da Tijucaque deixaram mais de 30 feridos, a Liesa decidiu que nenhuma escola será rebaixada.

Representantes de todas as escolas, em sua maioria presidentes, participaram da reunião e chegaram a um acordo. Ricardo Farid, presidente da Beija-Flor, disse que as escolas coirmãs acharam que era justo não haver penalização por causa dos acidentes.
 
A Mocidade foi a única escola que votou contra a decisão da Liesa. A solicitação do não rebaixamento foi feita pela Unidos da Tijuca. "Somos solidários às escolas, mas achamos que isso abre um precedente perigoso. Ano que vem teremos que dividir a subvenção de 12 escolas para 13, haverá mais uma escola ocupando um barracão. Não achamos justo mudar as regras depois de o jogo ter começado, mas vivemos num país democrático e a maioria decidiu assim", disse o vice-presidente da Mocidade, Rodrigo Pacheco.
 
Sem a queda de uma escola para o Grupo A e com a subida da campeã do acesso, o Grupo Especial terá 13 escolas em 2018. Duas serão rebaixadas no ano que vem para o grupo de acesso.
 
"É importante frisar que nenhuma escola foi negligente. Se houve um problema de um hidráulico que arriou fora do momento, alguma coisa aconteceu na Tijuca. Se houve alguma coisa com o carro da Tuiuti, houve um problema técnico conjugado com a situação de um motorista. Só a perícia vai dizer isso, nós não podemos nos antecipar. É um assunto de extrema gravidade. Nós somos muito cuidadosos. Por isso nós tomamos essa decisão de recuar", declarou o presidente da Liesa, Jorge Luiz Castanheira, ao final da apuração.